O trabalho de Rafa Silvares tem como princípio a justaposição de objetos cotidianos e recortes culturais de origens distintas. Jogando com a colagem na pintura, são aglutinados elementos com forte caráter mundano. Utensílios domésticos, referências à literatura, à história da arte, figuras e blocos de cor combinam-se em um fluxo de consciência que flutua na tela. Com o acúmulo são estabelecidas interações bem-humoradas entre diferentes mundos visuais onde objetos são personificados e a figura humana é coisificada.
A estratégia da colagem não é só temática. Há nas pinturas justaposição de diferentes técnicas e codificações pictóricas. O dado figurativo serve de trampolim para uma tentativa de decodificação de imagens e faz concessão ao abuso de efeitos pictóricos, ranhuras, maquiagens, decupagens, degradês e máscaras de informação. Espelhando o equilíbrio escorregadio entre o que pode ser visto como real ou ficcional, as pinturas teatralizam a relação que há entre as coisas e propõem uma reflexão acerca dos nossos hábitos e modos de configuração do mundo.
Rafa Silvares cursou Artes Visuais na FAAP e Letras na FFLCH-USP e apresentou seus primeiros trabalhos em exposições coletivas na Casa Triângulo em 2006, na Bienal de SP em 2008 – em colaboração com o grupo AVAF, na galeria Beoproject em Belgrado em 2012, na galeria Jaqueline Martins em 2017, no espaço OLHÃO em 2019 entre outras exposições coletivas e salões institucionais. Em 2016 participou dos programas de residência do PIVÔ e em 2018 da residência La Centrale em Paris.