Curitiba, PR, 1969.
Vive e trabalha em Curitiba, PR.
Representada pela Ybakatu Espaço de Arte.
Indicado ao PIPA 2012 e 2013.
Artista multidisciplinar, estudou na UFPR mas concluiu sua formação de forma autodidata. Expõe desde 1994. Em 2006 foi contemplado com a Bolsa Produção na Fundação Cultural de Curitiba, PR. Algumas de suas obras estão em coleções particulares e Instituições como O Museo de la Solidaridad, Fundación Salvador Allende em Santiago no Chile, Fundação Cultural de Curitiba, Museu Afro Brasil em São Paulo, Ole Faarup Collection Copenhagen.
Vídeo produzido pela Matrioska Filmes, exclusivamente para o PIPA 2013:
Washington Silvera
Por Fabricio Vaz Nunes, em outubro de 2012
Ítalo Calvino, em Seis propostas para o próximo milênio, faz uma observação pertinente sobre os objetos presentes nas descrições literárias:
“A partir do momento em que um objeto comparece numa descrição, podemos dizer que ele se carrega de uma força especial, torna-se como o pólo de um campo magnético, o nó de uma rede de correlações invisíveis. O simbolismo de um objeto pode ser mais ou menos explícito, mas existe sempre. Podemos dizer que numa narrativa um objeto é sempre um objeto mágico.” (CALVINO, 1999: 47)
É claro que um objeto, numa obra literária, nunca é o objeto ele mesmo, mas algo que se define através de uma série de palavras – um objeto, digamos, lingüístico, como aliás tudo o que existe nas obras literárias. Com as artes visuais, as coisas se passam de maneira diversa, pois a obra pode tanto representar um objeto – ser uma imagem bidimensional, por exemplo, de um vaso de flores –, quanto ser o próprio objeto: foi o caso dos ready-mades de Duchamp, que inaugurou a prática, hoje amplamente aceita, de tomar objetos reais e convertê-los em obra de arte, alterando ou não as suas características. Os objetos que são tomados como obras de arte adquirem, assim, algo de mágico: eles passam a pertencer ao mundo da arte.
A obra de Washington Silvera é toda ela dedicada à elaboração destes objetos mágicos. Porém, ao contrário de Duchamp (e apesar da sua óbvia influência), Washington opera com objetos substancialmente alterados. São alterações em termos de material, dimensão, disposição espacial, construção; suas obras tomam objetos conhecidos, como mesas, raquetes de pingue-pongue, martelos, e os transformam em objetos “estranhados”: ainda que os reconheçamos como tal, há algo de substancialmente errado com eles. Destes objetos, podemos dizer: “é um serrote”, “é um martelo” − mas são coisas defeituosas, inutilizadas por aquilo mesmo que as define: o serrote serve para serrar madeira, mas ele mesmo é feito de madeira; o martelo é curvo e só pode martelar a si mesmo.
O interessante é que o procedimento de Washington faz com que o objeto seja ao mesmo tempo o próprio objeto e a sua representação: o martelo não deixa de ser um martelo, mas também é uma “escultura” de um martelo. E talvez por isso mesmo o artista não se considere um escultor. Ele é um fabricante de objetos, simplesmente; mas de objetos que são vítimas da magia: objetos enfeitiçados.
A obra de Washington persegue esse estatuto flutuante, contraditório do objeto – simultaneamente o objeto ele-mesmo e a sua representação em condições alteradas . O “objeto enfeitiçado” vive nesse lugar, entre o real e o irreal, entre o fato e a ficção: são coisas parecem fazer parte de uma narrativa, como se fossem objetos de cena de uma série de fatos insólitos, cômicos, intrigantes. Como ferramentas, trazem a referência ao trabalho, à ação produtiva; mas, substancialmente alterados, são testemunhos de uma ação interrompida, como se víssemos um pedaço de uma história absurda que fica implícita no objeto. Na sua manipulação precisa dos materiais, na sua incorporação insólita dos elementos do cotidiano, Washington Silvera faz confundir a banalidade com o fantástico, extraindo poesia das coisas mais simples e comuns. (Fabricio Vaz Nunes é Doutorando em Estudos Literários pela UFPR, Mestre em História da Arte e da Cultura pelo IFCH/UNICAMP e Professor da Escola de Música e Belas-Artes do Paraná – EMBAP.)
2012
– ARCO Madrid, Espanha
– SP Arte, São Paulo, SP 2011
– “Outras Formas”, SESI, Curitiba, PR 2010
– “O Estado da Arte”, Museu de Arte Oscar Niemeyer, Curitiba, PR 2009
– “Os olhos mágicos das Américas” Museu Afro Brasil, São Paulo, SP 2007
– Bienal de Valencia “Encuentro entre dos mares”, Valência, Espanha
– “Pequeños Rituales Domésticos”, Galeria Cubo, Barcelona, Espanha 2002
– 8ª Bienal Nacional de Santos, São Paulo, SP 2000
– “Metaforismos Visuais”, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, PR Outros
– Salão Paranaense, Museu de Arte Contemporânea do Paraná (7 participações);
Feiras
2012 e 2013
– ARCO Madrid, Espanha, Ybakatu Espaço de Arte 2011, 2012 e 2013
– SP Arte, Ybakatu Espaço de Arte, São Paulo, SP
Principais exposições individuais
2012
– “O Que Dizem As Coisas”, Museu Afro Brasil, São Paulo, SP 2011
– “Viu?”, Ybakatu Espaço de Arte, Curitiba, PR 2008
– “Galeria Abierta”, Plaza Joan Miró, Barcelona, Espanha 2007
– “Consciência Expandida”, Memorial de Curitiba, PR 1998
– “Esculturas”, Centro Cultural Brasil Estados Unidos, Curitiba, PR
Performance
2012
– “Carro Zero”, ação urbana na Av. Wenceslau Brás, Curitiba, PR
– “Kitchen Dub Experience”, Espaço Zebra, São Paulo, SP