(ultima atualização em julho/2018)
Terra Boa, PR, 1973.
Vive e trabalha em São Paulo, SP.
Representada pela Athena Contemporânea, Galeria Marilia Razuk e Celma Albuquerque.
Indicado ao PIPA em 2012, 2014, 2016 e 2018.
Artista que atua nos limites entre diversas linguagens como desenho, fotografia, escultura, vídeo, som, etc, Vanderlei Lopes tem se dedicado a explorar questões da tradição reposicionando-as a partir de sentidos atuais. Lida com ideias de percepção e transitoriedade, herança e fugacidade, como em “Cavalo”, exposto em 2016 no octógono da Pinacoteca, em São Paulo, um animal estampado em bronze, preenchido com terra até transbordar, fixado entre o instante em que cai no chão e a iminência de se levantar.
Site: www.vanderleilopes.com.br
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes exclusivamente para o Prêmio PIPA 2018:
Artista que atua nos limites entre diversas linguagens como desenho, fotografia, escultura, vídeo, som etc., Vanderlei Lopes tem se dedicado a explorar questões da tradição reposicionando-as a partir de sentidos atuais. Lida com ideias de percepção e transitoriedade, herança e fugacidade, como em “Cavalo”, exposto em 2016 no octógono da Pinacoteca, em São Paulo, um animal estampado em bronze, preenchido com terra até transbordar, fixado entre o instante em que cai no chão e a iminência de se levantar. Em seu trabalho “Domo”, exposto na Capela do Morumbi em São Paulo, um domo ideal construído em barro medindo em torno de 5 x 10 m de comprimento e pesando quase 5 toneladas, ocupa o interior do espaço físico da capela, tombado, de modo a dificultar a entrada e o olhar, que num relance, desse conta de vê-lo em sua totalidade. Na sala de batismo da capela, duas mesas apresentam desenhos de caráter projetual, de esboço, fundidos em bronze e feitos depois que o Domo ficou pronto, ativam o trabalho ao inverter a relação entre obra final e processo, entre a obra por excelência e os esboços que a originaram.
12 passos para a construção do DOMO* 1. DOMO 2. Tombo 3. Tríade 9. Objeto em processo 10. Projeto como fim *as expressões e palavras que compõe essa lista foram extraídas dos cadernos do artista Texto sobre a obra “Domo” Domo é uma estrutura de teto presente em diversas culturas. Esse elemento arquitetônico confere solenidade, poder e importância às construções que encima. Sua relação com as “esferas celestes” acrescenta dimensões sagradas a essas edificações. Para a construção de “Domo”, Vanderlei criou uma base de doze faces, número que remete ao ideal de perfeição e às diversas formas de estruturação, adotadas pela humanidade para organização do tempo como, por exemplo, as doze horas do relógio, do dia ou da noite, doze meses do ano etc. O “Domo” da Capela do Morumbi é uma escultura de fragmento arquitetônico ideal. Foi construído a partir de elementos baseados em tipologias gótico/renascentistas. A escolha dos materiais tem o intuito de produzir fricção entre o imaginário solene que o domo evoca, e um repertório arcaico, terreno, a que o barro remete. Construído em escala monumental e tombado no chão como uma ruína, ele preenche o interior da capela. Sua tipologia renascentista alude a um período permeado por certo otimismo. A cultura se volta para a antiguidade afim de olhar um homem mais engenhoso e a ciência valorizada deixa para trás uma era dominada, sobretudo, pelo obscurantismo religioso. Originária de um tempo mais recente, a Capela foi construída por Gregori Warchavchik, no final dos anos 1940, sobre ruínas do século XVII, em taipa de pilão, típico modo de construção colonial predominante entre os séculos XVI e XVIII. Como numa cronologia reversa, o trabalho de Vanderlei Lopes produz uma colisão espaço-temporal que, à medida que o visitante adentra a capela, promove um encontro com um passado precioso, ainda mais longínquo. “É como se a capela estivesse impregnada de um passado que, alheio a ela, se apresenta como um presente”, declara o artista. Nesse sentido, “Domo” articula, por meio desse fragmento arquitetônico, uma reflexão sobre a formação cultural, a tradição e suas relações com a fugacidade contemporânea.
por Douglas de Freitas
A palavra DOMO tem origem do latim dŏmus, onde designa habitação, mas a própria palavra em latim tem um passado mais distante. Sua origem vem do latim medieval, da expressão domus episcopi, que significa casa do bispo ou catedral. Na arquitetura os domos são o remate dos edifícios que, internamente, produzem as cúpulas. DOMO é também o nome da instalação que o artista Vanderlei Lopes projetou para ocupar a Capela do Morumbi.
A peça encravada na nave da Capela é análoga a um DOMO ideal renascentista de escala real, executado em 12 partes iguais de barro, totalizando quatro metros de diâmetro por quase dez de comprimento.
O DOMO de Vanderlei Lopes está caído. O tombo da peça, para além de explicitar um tempo fora de eixo, menciona também a própria condição de artefato arqueológico, de objeto de valor cultural para a humanidade a ser preservado, como a própria Capela do Morumbi, tombada como patrimônio histórico.
O tombo do DOMO traz o céu para a terra, converte a cúpula divina em buraco obscuro.
A ideia de tríade permeia o trabalho, não só pela religiosidade imposta à obra pela própria arquitetura – mesmo não consagrada, a arquitetura da Capela atribui simbolismo ao espaço – mas também pelos adornos presentes no DOMO, e pela disjunção dos tempos ali presentes. A taipa do século XVII e a intervenção de Warchavchik feita na década de 1940 abrigam agora, em escala encalacrada, um terceiro elemento, de um terceiro tempo.
4. Herança
O trabalho de Vanderlei Lopes constantemente coloca em cheque a tradição cultural, intelectual e artística. Os procedimentos usados, bem como as formas e definições dos projetos tomam como questão a tradição estabelecida, seja no âmbito da arte, da cultura, do mercado, ou da própria vida.
5. Falência
O tombo, citado aqui no item 2, segue além da questão patrimonial e da queda física do DOMO. Aponta também para a falência de certas ideologias e valores, como os do renascimento que deram origem ao DOMO, entre tantos outros que todos os dias se apresentam e que rapidamente se depreciam e se tornam ruína, muitas vezes antes de se consolidar, ou até mesmo existir.
6. Arquitetura
Em contato direto com a Capela do Morumbi o caráter arquitetônico do DOMO se explicita. Na entrada, logo se vê o encaixe da base, em 12 estruturas de madeira, que rodeiam a cúpula agora convertida em buraco. Entre as fraturas da superfície de barro, com um pouco de atenção, é possível notar linhas estruturais internas e, adentrando a capela, até encontrar a ponta da torre, se vê os adornos desenhados e torres da face exterior. Sua superfície, de coloração semelhante à da taipa da Capela, aplica leveza ao DOMO, e quase que o camufla nas paredes em um movimento dúbio de pertencimento e estranhamento.
7. Escala
O corpo constrói a escala do trabalho. O barro dá dimensão de corpo, de pele. Da entrada nos vemos dentro, tragados pelo buraco que a cúpula criou na queda. Visível apenas em projeto, já que sua situação no espaço não permite olhar de grandes distâncias, cúpula e torre tombadas têm forma de nervo ótico.
Mas o DOMO atravanca o olhar. De fora do espaço se vê o dentro do DOMO, e de dentro da Capela se vê o exterior dele.
Não há visão completa.
8. Escultura como escavação
O próprio ato primordial da escultura é escavar, retirar matéria para dar forma. O DOMO aparece aqui como escultura forjada de arqueologia, parece estar na Capela desde os primórdios, parece ter sido encontrado junto com as paredes, escavada da terra. Sua superfície de barro trincada confere tempo ao DOMO, se assemelha à taipa de pilão, e aproxima ainda mais a superfície do DOMO das texturas das paredes de taipa da Capela.
DOMO foi construído como experimento de observação. Não que ele mesmo não tenha valor como resultado final, mas seu objetivo não está somente no objeto, e sim na experiência do construir. É construir como desenho, ou melhor, construir como rascunho, como esboço.
Se a escultura tem caráter projetual, os projetos dela se tornam escultura. No batistério, apêndice da nave central da Capela, Vanderlei apresenta desenhos em anotações de observação e processo de construção do DOMO. Esses desenhos de formatos diversos estão agora fundidos em bronze, convertidos em permanência. São eles o que sobram do DOMO.
11. Engano
O engano é outra constante do trabalho do artista. O que parece desenhado em papel é escultura em bronze, e o que parece fragmento de arquitetura encontrada em uma escavação arqueológica é a escultura do artista. O engano aqui é
forjar o tempo e as matérias.
12. Perfeição
O número 12 que aparece emaranhado nesse projeto simboliza em diversas culturas e religiões a perfeição. A perfeição aqui tem um valor quase mítico; não é pelo bem feito ou bem acabado, mas sim por certa aura que o caminhar por esses 12 passos constrói na obra, e que se faz ver nela mesma. O DOMO de Vanderlei Lopes pressupõe mais um último passo, uma possível conversão em bronze que o transmutaria em luminosidade por dentro e resistência por fora… deixando assim de ser projeto e estudo para se converter, como em um milagre,
em constância e permanência.
por Matias Brotas
Formação Exposições individuais Exposições coletivas Prêmios Coleções públicas
– Graduação em Artes Plásticas pela UNESP
2016
– “Monumento”, curadoria de Douglas de Freitas, Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
2014
– “Grilagem”, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ
– “Tudo que reluz é ouro”, curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “Transitorio”, Galeria Nueveochenta, Bogotá, Colômbia
2013
– “Cavalo”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, SP
– “Ocupação”, curadoria de Mario Gioia, Praça Victor Civita, Atelier A Pipa, São Paulo, SP
2011
– “Horas seculares e instantâneas”, Museu de Arte Contemporânea, Niterói, RJ
– “7 quedas”, Galeria Marília Razuk, São Paulo, SP
2009
– “Inventário”, Galeria Virgilio, São Paulo, SP
2007
– “Maus Hábitos”, Porto, Portugal
– “Pássaros”, Galeria Virgilio, São Paulo, SP
2005
– “Ephemeras”, Galeria Virgilio, São Paulo, SP
2004
– Centro de Arte Maria Antonia, São Paulo, SP
– “Vôo”, Espaço 397, São Paulo, SP
2003
– “Programa de Exposições 2003”, Centro Cultural São Paulo, SP
2002
– “Vanderlei Lopes”, Galeira 10,20 x 3,60, São Paulo, SP
2016
– “Gold Rush”, De Saisset Museum, Santa Clara, CA – EUA
– “Uma coleção particular”, curadoria de José Augusto Ribeiro, Arte Contemporânea no Acervo da Pinacoteca, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP (2015/2016)
2015
– “Fotos contam fatos”, curadoria de Denise Gadelha, Galeria Vermelho, São Paulo, SP
2013
– “ArtBO”, Galeria Marília Razuk, Bogotá, Colômbia
– “A Tramas do Tempo na Arte Contemporânea: Estética ou Poética?”, curadoria de Daniela Bousso, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP
2012
– “Manobras poéticas”, curadoria de Vanda Klabin, Galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “[alguns de] NÓS”, curadoria de Claudio Cretti, Galeria Marília Razuk, São Paulo, SP
2011
– “O colecionador de sonhos”, curadoria de Agnaldo Farias, Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP
– “Nova Escultura Brasileira – Heranças e Diversidades”, curadoria de Alexandre Murucci, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ
– “Realidades”, curadoria de Nazareno, Desenho Contemporâneo Brasileiro, SESC-SP, São Paulo, SP
2010
– “Coordenadas Poéticas”, Hilal Sami Hilal, Malu Fatorelli, Vanderlei Lopes, H.A.P. Galeria, Rio de Janeiro, RJ
2009
– “Ao redor de 4’33”, curadoria de Lenora de Barros, Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS
– “Les cartes blanches du Silo à l’emsba”, curadoria de Wagner Morales, Beaux-Arts de Paris, L`École Nationale Supérieure, Paris, França
– “Loop Videoart Barcelona 2009”, curadoria de Wagner Morales, Centre Civic Pati Llimona, Barcelona, Espanha
– “Nova Arte Nova”, curadoria de Paulo Venancio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo, SP
2008
– “Nova Arte Nova”, curadoria de Paulo Venancio Filho, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, RJ
2007
– “Pinta”, Galeria Virgilio, Nova York, EUA
– “Novas Aquisições – Coleção Gilberto Chateaubriand”, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ
2006
– “ArteBA”, Buenos Aires, Argentina
– X Bienal de Santos, São Paulo, SP
2005
– Prêmio Aquisição do Programa de Exposições no Acervo do Centro Cultural, São Paulo, SP
2004
– “Arte Contemporânea no Acervo Municipal”, Centro Cultural São Paulo, SP
2003
– 28º Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto, C.C. Alto do São Bento, Ribeirão Preto, SP
– “10,20 x 3,60”, Museu de Arte de Ribeirão Preto, SP
2002
– “Nefelibatas”, Museu de Arte Moderna de São Paulo, SP
– “Genius Loci – O Espírito do Lugar”, curadoria de Lorenzo Mammì, Centro Universitário MariAntônia, São Paulo, SP
– “São Paulo Arte”, Oca, São Paulo, SP
2001
– Flávia Bertinato, Thiago Honório, Vanderlei Lopes, Galeria Rosa Barbosa, São Paulo, SP
– “Figura Impressa”, Galeria Adriana Penteado, São Paulo, SP
– 29º Salão de Arte Contemporânea de Santo André [Prêmio aquisição], Santo André, SP
2000
– 7º Salão de Arte de Santa Catarina, Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis, SC
– 25º Salão de Arte Contemporânea de Ribeirão Preto, C.C. Alto do São Bento, Ribeirão Preto, SP
– “Iniciativas / Olho seco”, Centro Cultural São Paulo, SP
1999
– “Retralha”, Funarte, São Paulo, SP
1998
– 30º Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba, Piracicaba, SP
1998
– 25º Salão de Arte Jovem [menção honrosa], Santos, SP
2016
– Prêmio Pirelli, RioArt Fair [doação de obra ao MAR – Museu de Arte do Rio]
2007
– Selecionado pela Bolsa Iberê Camargo 2007, [Revista digital], Porto Alegre, RS
2005
– Prêmio Aquisição do Programa de Exposições no Acervo do Centro Cultural, São Paulo, SP
2001
– Prêmio aquisição do 29º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, SP
1998
– Menção Honrosa no 25º Salão de Arte Jovem, Santos, SP
– Acervo Municipal de São Paulo, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP
– Coleção Itaú, São Paulo, SP
– Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ
– Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, SP
– MAM-RJ, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ
– MAM-SP, Museu de Arte Moderna, São Paulo, SP
– MAR, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ
– MAC-USP, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP
– Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP
– Prefeitura Municipal de Santo André, Santo André, SP
Vídeo produzido pela Matrioska Filmes com exclusividade para o Prêmio PIPA 2016: Vídeo feito pela Matrioska Filmes com exclusividade para o Prêmio PIPA 2012:
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- Vanderlei Lopes | Artista indicado 2012