Rio de Janeiro, RJ, 1976.
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ.
“em todo lugar, menos aqui”, 2’37”
“Urubu”, 3’21”
“Diário”, 11’27”
“Desaparecidos”, 3’27”
“Aphanés”, 2’07”
“Auto Retrato – cozinha”, 10’35”
“Diário”, 1’43”
“amoramerica”, 2008, 9’06”
“Pentimento”, 2007, 4,23″
“Gás”, 2007, 3’02”
Talvez o mais correto ou aconselhável fosse redigir este texto em terceira pessoa, ou pedir a algum crítico de arte que o fizesse. Mas não foi assim, ele, o texto, virá em primeira pessoa. Não há problema, sabemos eu e vocês, os leitores, que a primeira pessoa não significa exatamente “eu mesma”. Sabemos, não? A mão que escreve é já uma extensão ao fora, ao outro. Talvez um não completamente outro, mas já não mais um “eu”. Sim, eu entre aspas, arranhado. Entre nós, quem escreve e quem lê, há, portanto um terceiro. Não a pessoa, ou voz narrativa, mas o texto, o traço.
É neste ponto, entre o traço e o texto, que procuro me instalar para produzir. Portanto, talvez o que aqui escrevo seja apenas mais uma dimensão do trabalho e não um texto descritivo. Criaturas, desenhos estranhos, autorretrato, esquecimento… Fazem parte do universo que tento criar com o trabalho. São questões que me fazem companhia. A escrita e a imagem vão construindo-se em mim, nesse universo. Como se ainda fosse uma criança acanhada que fala com quem não existe.
O projeto que atualmente me ocupa é sobre o esquecimento. A cronologia de como ele se formou e desenvolve é um pouco retorcida. Começou com o trabalho Diário, no qual usei fitas corretivas de máquina de escrever para retirar os tipos de uma edição do diário da escritora Katherine Mansfield. Acreditava fazer uma intervenção e criar um objeto que falasse sobre a memória. Mas durante esse processo, ao olhar as páginas do livro com as marcas das letras deslocadas, percebi tratar de um trabalho sobre o esquecimento. Diante dessa descoberta, lembrei-me de imagens que já havia visto no passado e percebi se tratarem também de modos de esquecimento. Como as manchas na parede nas quais havia fotografias ou a sombras humanas que permanecem nas ruas de Hiroshima depois da bomba.
Continuei a habitar essa ideia e passei a criar outros suportes onde o esquecimento pulsasse como uma marca e não uma página branca. O que foi esquecido permanece como uma escrita de falhas e manchas, uma ausência que resta em silêncio.
Vídeo produzido pela Matrioska Filmes, exclusivamente para o PIPA 2015: