Rio de Janeiro, RJ, 1983.
Vive e trabalha no Rio de Janeiro, RJ.
Gabriela se insere em uma tradição de exploração dos limites e possibilidade da gravura, com nomes como Fayga Ostrower, Anna Letycia, Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geiger e Leya Mira Brander, para citar algumas. Formada em Gravura pela Escola de Belas Artes da UFRJ em 2007, a artista vem estruturando sua poética a partir do interesse pela imagem técnica construída a partir de vídeos, fotografias e, mais inicialmente, a gravura, e pela ideia de fixar uma imagem no tempo. Entre suas principais exposições estão: Verbo 2018 – Galeria Vermelho – Sp, Lançamento do livro Presente 2016″ Festival Internacional de Arte – Sp Arte 2017, Leilão Anima na Galeria Luisa Strina 2016 -Sp. Em 2015 participou da exposição; “Se Liga” no CCBB RJ e do projeto “Technô” Oi Futuro Flamengo RJ; foi finalista do 3m Canções de amor Festival no Instituto Tomie Ohtake em 2014, SP; participou do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE) 2013; em 2012 foi indicado ao Prêmio Pipa; participou do 64o Salão Paranaense e da exposição “Prêmio Jovens Mestres Rupert Cavendish”, Londres, Inglaterra; em 2011, recebeu a Menção Honrosa no festival de videoarte “Lumen EX”, Badajoz, Espanha; e recebeu o Prêmio de Aquisição na 39a Exposição de Arte Contemporânea de Santo André, SP.
Máquina do tempo
Por Raphael Fonseca
Reprodução, citação, apropriação – muitas seriam as palavras possíveis para o universo poético de Gabriela Noujaim. Outro termo, trabalhado pelo historiador da arte Hal Foster, parece mais adequado: recodificação. O ato da “reprodutibilidade técnica” surge em seus trabalhos não apenas como um meio de fazer lembrar as tradições da história da arte e da cultura, mas com a potência de se criar uma nova narrativa a partir de imagens icônicas.
Uma câmera anônima captura o movimento da natureza sobre o ar. Qual a finalidade primeira desse registro? Lembranças de uma viagem? Um estudo de zoologia? Um álbum privado de memórias transformado em um canal público de vídeos na world wide web? Em “Céu e mar”, um aquário transforma este registro num panorama da paisagem. Se a fotografia já foi chamada de câmara escura, é uma “câmara transparente” o suporte da videoinstalação. Esta violenta revoada de pássaros ecoa a perspicácia matemática de Escher. O econômico volume d’água dentro do recipiente se transforma em um lago que reflete e distorce a ação. Este parece ser um verbo crucial na produção da artista: “distorcer”, usar imagens e proporcionar interpretações futuras que estão além da literalidade.
Em “O ovo da serpente”, o cinema é desprovido de seu movimento e frames são projetados no espaço expositivo. A potência da horizontalidade é perpetuada, mas estes rostos decupados por Bergman recebem uma camada mais fantasmática do que a originária. O ovo pode ser da serpente, mas é uma fita de Moebius que está à frente de sua ampliação. Para além de uma figura geométrica, esta imagem faz lembrar da vinda de Max Bill ao Brasil e de sua importância para a reverberação da arte concreta (e neoconcreta futuramente). Menos palpável que a história da arte, a mitologia antiga e o símbolo do ouroboros: o eterno retorno, início e fim conectados.
Pensando junto às obras de Gabriela Noujaim, a imagem da serpente que morde o próprio rabo e a necessidade de se olhar para trás para se produzir a arte de hoje. Passado, presente e futuro são problematizados dentro de uma pesquisa artística que tem a gravura, a fotografia e o vídeo, ou seja, a imagem técnica, como máquina do tempo.