(ultima atualização em abril/2020)
Belém, PA, 1975.
Vive e trabalha em Belém, PA.
Representada pela Kamara Kó Galeria.
Indicada ao PIPA 2016.
Sua poética é composta a partir de elementos da literatura, poesia, filosofia, de música e da paisagem. Participa de exposições, projetos artísticos e literários. A artista possui obras em acervos de: Casa da Cultura da América Latina da Universidade de Brasília; Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas – Belém/PA; Museu de Arte de Belém (MABE) – Belém/PA; Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro/RJ; Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) – Curitiba/PR; Museu de Artes Plásticas de Anápolis – Anápolis/GO; Fundação Rômulo Maiorana -Belém/PA; Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) – Porto Alegre/RS.
Realizou Exposições Individuais: “A Dama do Mar não sente ciúmes”, Casa das Artes- Belém/PA, 2020; “Os Flutuantes: da narrativa às esculturas para a paisagem”, Kamara Kó Galeria – Belém/PA, 2017; “Nossos passo fazem jorrar a sede”, Centro Cultural São Paulo – São Paulo/SP, 2015; “Contraia os olhos: subitamente o ar parece estar mais salgado”, Kamara Kó Galeria – Belém/PA, 2013.
Mostras Coletivas destacam-se: “Triangular: arte deste século”, na Casa Niemeyer, Brasília/DF (2020); VAIVÉM”, Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo/SP, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG, 2019/2020; Salão Anapolino de Arte – Anápolis/GO, 2019; “Porta de Banheiro”, Centro Cultural São Paulo – São Paulo/SP, 2018; “Entre Acervos. Arte Contemporáneo brasileño”, Centro Cultural Rector Ricardo Rojas – Buenos Aires/Argentina, 2018; “Entre Acervos”, Palácio das Artes – Belo Horizonte/MG, 2018; “Do Ponto ao Pixel”, MABEU – Belém/PA, 2018; Projeto “Amazonian Video Art”, Centre for Contemporary Arts” – Glasgow/Escócia, 2016; “Brasil: Ficciones”, Espaço Tangente – Burgos/Espanha, 2016; “Film and video programme SET TO GO”, Contemporary Art Centre – Vilnius/Lituânia, 2015/2016, SINNE – Helsinki/Finlândia, 2015; “Outra Natureza”, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa – Lisboa/Portugal, 2015; Mostra “Brasil: Ficções”, Armazém do Chá – Porto/Portugal, 2015; “Pororoca: A Amazônia no MAR”, Museu de Arte do Rio – Rio de Janeiro/RJ, 2014; Exposição “Triangulações”, CCBEU/PA – Belém/PA, Pinacoteca de Alagoas – Maceió/AL, MAM-BA – Salvador/BA, 2014; “Com Licença Poética”, MUFPA – Belém/PA, 2014; “Deslize”, Museu de Arte do Rio – Rio de Janeiro/RJ, 2013.
“Para que poetas em tempos de terrorismos?”, 2017. Duração: 10’01”.
“A Vaga”, 2009. Duração: 34’52”.
“Nossos Passos Fazem Jorrar a Sede”, 2009. Duração: 02’55”.
“O Tao Caminho”, 2005. Duração: 07’32”.
– “Danielle Fonseca: O Corpo Performático da Artista-surfista nas Água da Amazônia”, por Keyla Tikka Sobral e Orlando Franco Maneschy. Download (1.1 MB): O corpo performatico Keyla Tikka Sobral
“A corda e o martelo: uma canção contemporânea.
(da auto repetição necessária*)”
Por Ana Luisa Lima
“Sem a música a vida seria um erro.”
Friedrich Nietzsche
Há pedaços de tempo cujo peso recai sobre nossos ombros. Com efeitos de gravidade irregulares, por certo, porque as coisas se pesam mais em uns do que em outros. Comumente, tempos assim são feitos de sombras. Momentos em que a luz do conhecimento se escondeu atrás de uma instituição qualquer pela e para a qual a humanidade decide velar. O que ocorreu foi que a invenção da ideia de civilidade na sociedade ocidental esmagou quaisquer outros modos de ser e estar no mundo que não fosse de origem europeia. Transformando o que está fora disso em espécies de submundos, sub-linguagens, que não se deveriam considerar na “História”. Desse modo, foi que as formas mágicas e ritualísticas de estruturar os nossos modos de existir foram consideradas secundárias. Nos tornamos tão aculturados que não nos reconhecemos facilmente. Porque as raízes ganharam muitas distâncias nos apagamentos culturais promovidos e incentivados pelas elites “embranquecidas” por um discurso equivocado de civilidade. Não obstante à dificuldade de construir uma memória, há a necessidade de autoafirmação como sujeito histórico, cujas referências multiculturais faz esse sujeito notadamente contemporâneo. Uma mirada atualmente imprescindível para (re)identificar-nos dentro desse contexto.
É possível que estejamos à deriva num dos momentos mais perversos da humanidade. Porque depois de passadas todas as experiências de escuridão espiritual e intelectual dos ‘Tempos Médios’, da busca pela ‘Iluminação’ através do conhecimento científico que vislumbrou uma Modernidade, hoje quedamos vacilando nos mesmos equívocos. E isso sem mais o agasalho de inocência de um não saber, que poderia, eventualmente, nos desculpar. Mas, para nós contemporâneos, os tempos já não passam, estão todos presentes e acessíveis, estão todos aqui atropelando os dias e é preciso saber lidar com essas experiências e conhecimentos acumulados, hoje, estocados mais em dados informativos do que encarnados nas peles.
Em tempos sombrios, a corda da existência estica-se demasiado. É preciso atar-se entre uma margem e outra, pôr-se entre a beira das coisas para que a vida não se escorra em vão. Permanecer atado, contudo, é saber deixar que o martelo do tempo nos acerte impiedoso e constantemente. Como em acordes de um piano. É nesse contexto que “Nossos Passos Fazem Jorrar a Sede”, proposta poética de Danielle Fonseca, torna-se uma narrativa necessária. Ainda há quem escape desse esmagamento implacável promovido pelos modos de ser e estar do capital? Encontramo-nos encurralados no mais vil paradoxo que é a consciência de que continuar no caminho que está posto nos levará a um fim apocalíptico ao mesmo tempo que nos parece impossível reconhecer qualquer alternativa para longe da ideia capitalista de se organizar como sociedade civil. O que fazer? Essa é a pergunta que ressoa inconteste.
A experiência de vazio parece, às vezes, tomar o corpo inteiro. As notícias de mortes que se repetem atuam como um dispositivo que ativa uma inabilidade do sentir. Tudo fica relapso a ponto de já não se saber onde começa uma dor ou um prazer. Do excesso de tudo, vem o torpor. Anestesiados, nos impomos sair para qualquer caminhada. Voltar a saber-se de pés pesando o chão, talvez, possa trazer de volta algum senso de direção. Mas não. Que possibilidade é essa de existência sem distinção do sentir? Que animosidade pode ser aquela que aguça o faro atrás de qualquer conflito que nos possa trazer de volta alguma sensação conhecida? Estar. Ficar. Permanecer. Verbos inarticulados nessa nossa atual lacuna de vida.
Ser corda sob o martelo dessa homogenizadora vida contemporânea chama-nos ao desafio de manter-nos firmes para que o som ressoe, ainda que dissonante. De outro modo, tomaremos a forma de uma corda frouxa cujo o peso do tempo não desgasta, nem traz o risco da quebra – essa é a sina do medíocre –, pressuposto de uma inexistência funcional. Se o ciclo do tempo vem como ondas, é na solidão que encontraremos desvio: para dentro ou fora. Ou na brecha de um tubo que nos leva para além do lado de lá. Importante é saber quanto tempo quedar-se fincados sob os próprios pés. Diante de tudo isso, me parece não haver outra saída senão aprendermos a (nos) reinventar. Tomar de volta as rédeas das situações que comumente se apresentam como um para além de nós. Nos últimos tempos, aprendemos mais a dar desculpas do que atrever-se a um movimento ativo de intervenção sobre as circunstâncias que nos foram dadas.
Certos momentos históricos elegeram personagens, símbolos, os quais seus modos de empreender jornadas demonstraram significados dos seus espaços-tempos. Assim, no mundo medieval tivemos o mártir, na época das primeiras grandes descobertas tivemos o aventureiro, na modernidade, o flâneur. É possível que nessa janela temporal em que temos sido inundados de crises de todas as sortes: próprias do indivíduo e na comunidade global, o surfista sobre uma base mágica, nos leve a entender sobre equilíbrio, espera, firme-delicadeza de se pôr por cima das situações e sobre essas revelar desenhos nos gestos necessários de fluxo, contrafluxo, tanto quanto, o do quando saber cair.
* O texto contém fragmentos outros textos da autora de naturezas diversas (literária, crítica, ensaística). Diante do discurso do trabalho da artista, resolveu tomar também a forma como modo de diálogo. Nas reinvenções de si mesma -de si para si, dos outros para si-, alguns refrões compõem sua canção existencial. Eis aqui seus ecos.
“Contraia os olhos: subitamente o ar parece estar mais salgado”
Por Daniel Lins, Fortaleza, CE, julho de 2013
Eixo central do trabalho fotográfico: a presença do traço humano na paisagem comprova uma narratividade que transita, porém, por limiares de alfabeto cigano, despedaçando a gramática ou tornando-a intercessora. Livrando-a, pois, de sua tarefa “cuidadosa”, impostora, enganadora. É pelo meio que as imagens de Danielle passam. Intermezzo. Como uma carta no correio. Palavra e água! A caixa-de-correspondência é bem mais que um objeto natural, que nos revelaria seu “conto” escrito com cânticos/cicatrizes, e que nos falaria do processo que a produziu. Aqui o objeto não é o fruto de uma intenção, mas de uma vibração.
Estas imagens expressam de modo singular, como a simples presença de um artefato humano pode modificar uma paisagem. A caixa-de-correspondência, arquipélago de diferenças na igualdade, alberga territorializados/desterritorializados de um planeta, aparentemente congelado no tempo, todavia, em profunda movimentação nômade.
A caixa-de-correspondência acolhe tanto as lágrimas de corações apaixonados, ou desterro de abandonados, quanto faturas a pagar… Encontros marcados. Desencontros. O futuro no presente. Um luto. Uma enfermidade. Um acontecimento feliz. Uma coleção infinita de corações cujas diferenças encarnam a força atual/virtual da caixa. É “parada” que ela corre como um poldro selvagem, levada pelos blocos do sensível da imagem, à maneira das bailarinas do dança/teatro Butô. “É parado que o nômade corre ainda mais.” (Deleuze)
A caixa-de-correspondência viaja o País dos Corpos sem sair do lugar, sob o signo de uma Est-Ética da impercibilidade que aloja um olhar-outro, o olhar panteísta de Espinosa. O olhar de Índio! Um olhar que ecoa um grito que arrebenta elementos de uma solidão povoada pela escuta que o captura. Múltiplo. Surpreso. Olhar de Índio: ateu como uma prancha de surf nutrida pelo líquido furioso de um mar diluído em mil dobras de fogo, e leveza surfista.
Em bodas com ondas sem escrita, vindas de zonas solitárias do oceano, com seus tubos gigantes e catedrais translúcidas, é o devir-Índio, sob o signo de forças e charme, encantação e magias que o atravessam como uma Pororoca… Estrondo. Gigantismo de ondas enlouquecidas em águas turvas. O encontro sem simbiose: Rio/Mar! Surf com vibração. Sensação. Tato.
Não à toa, à maneira de alguns povos ameríndios, cujo olhar busca o novo, o que não curtiu, ou ainda não sentiu, o surfista, a maioria, tolera tão somente uma perfeição limitada, inacabada que exige reverdecer alhures. Assim, após uma semana de condições ideais para o surf, o tédio se instala entre a galera, e muitos se entojam da perfeição, trespassada pelo efêmero das imagens.
Quando contemplo a fotografia/esculpida da prancha sinto a fragilidade de Danielle Fonseca como uma força, o efêmero como um sonho, como a vida. Em vez de pensar, todavia, nos rios caudalosos que são imagens do oceano que emergem tatuadas nas dobra de um corpo, surfista retorcido, encarquilhado, em posição fetal. Nem dentro nem fora do tubo de uma vaga que se arrebenta. A imagem se torna dobra de uma beleza imaterial, quase letal, ao se confrontar com o sentimento de destruição imanente. O surfista é expulso sem cerimônia, para um universo de luz, deslumbrante como a cegueira que enxerga com as mãos, e chora com o umbigo; ou ainda, como a loucura não dopada. A sã loucura dos poetas. A loucura abstêmia das imagens.
Há uma analogia explícita com a renascença, nascer de novo, inserida na palavra havaiana: He’e nalu, “escorregar com as ondas”. He’e significa “escorrer como um líquido”, enquanto nalu remete ao surgimento de uma onda ou a um líquido viscoso que cobre e protege o recém-nascido, afora toda interpretação psicanalítica.
Danielle Fonseca ama o surf. Ela ama o surf. Daniel Lins ama o surf. Ele ama o surf. É para ela a presente homenagem, saída direta da caixa-de-correspondência; de minha mitologia particular, despertada pela imagem sonora da prancha…
***
O palco implica um estado de ação no mundo, e logo um processo, não necessariamente inserido à história, que põe em cena a caixa-de-correspondência. A caixa é mil vezes trespassada por olhares silenciosos, medos, ou surtos de entusiasmo e, não raro, confissões e segredos, no movimento que consiste em depositar o envelope na solidão da própria caixa: o inumano no humano. A natureza aqui fotografada, exposta pela artista, anuncia a solidão de um planeta ferido: a caixa-de-correspondência.
Eis a força dessa imagem, em que Danielle parece dizer: não tente compreender aquilo que é “representado”. Não há nada a compreender. Sinta. Sinta. Sinta. More! More! More! Até a síncope… Até às águas abundantes, farta, opulenta. Até o gozo quente contemplado pelo desejo. Pelo silêncio do olho.
***
Como definir o processo criativo, ou o sentido de uma arte contínua, inacabada? A fotografia é uma espécie de angústia: a construção de discursos que fogem àquilo que a palavra consegue significar. Fotografar é ter a possibilidade de recortar (ao clicar ou disparar) um pedaço do mundo que engendramos, acolhemos, e acreditamos existir ao nosso redor, embora de modo breve, temporário como a paixão. Prefiro, no presente contexto, recorrer à botânica. Efêmero, diz-se da flor que rebenta e desaparece no espaço de um dia; ou da planta que apresenta o ciclo de vida muito curto, podendo ocorrer diversas vezes ao ano: aparecer no desaparecer.
Presente em todo processo inventivo, o inacabado acolhe o renascimento, o sopro almejado, para que o inconcluído continue seus movimentos rizomáticos, e escape ao biopoder e às polícias das artes. Neste sentido, perdura na elaboração imagética da artista um elogio ativo do inacabado, como linhas de fugas, barreiras contra o ponto, contra o fim, mesmo porque todo final-mente… Fotografar a realidade é fotografar o nada pleno; o que pode contribuir a instigar autor/observador a reinventarem a cada clique, a cada olhar: fotografias na fotografia. Universos outros no interceptado.
Esta força ressoa de modo singular nas imagens aqui expostas. Na e pela fotografia, a imagem torna-se linha de fuga de uma mediação técnica, de uma revelação desejante: imaterial/material. Não é uma imagem fabricada, mas arrebatada. Uma lembrança melódica, dançarina. A frase livre, leve e solta de uma avó, de um avô, de uma amante. Amante; amantes. Um sonho de criança. A foto emerge a partir de uma materialização quase que imaterial da luz cujo gesto é somente o disparador, afora toda e qualquer virtuosidade.
Falaria antes de uma reminiscência inominável; uma saudade sem melancolia nem banzo. Curiosidade-criança. Sapeca. Danada, agitada, festeira, assanhada, medonha, que não para de fazer-arte, de traquinar! Danielle traquinas. Ela é traquinas.
***
No caso da foto de rosto, como ausência de rosto a surpresa não é produzida pelo efeito panorâmico, paisagista, ou pela composição que foge ao quadro, ao embaralhar o que ali é suposto ser mostrado, mas, pelo enquadramento e indefinição, justamente, do invisível: o dentro/fora do quadro. O nem dentro nem fora do quadro. Algo potente perpassa as fotos de Danielle: o invisível do quadro. É o imperceptível que se torna “a parte do sensível”, sem velar a emoção reproduzida pela técnica.
Ora, a emoção conduzida pelo instantâneo programado, representativo, ainda não é um vale de lágrimas? Um figurativo? Não. A artista caminha por outros territórios, por uma emoção/outra recheada de lembranças, saciada de “memória involuntária” (Proust) metamorfoseada no sensível, na festa dos signos, do olfato, do faro, em um devir-bicho, o oposto, de fato, da emoção como imposição mediático/histérica.
A imagem vale tão somente pelo olhar secundário que constrói o quadro, e atribui à intenção o resultado não intencional do gesto de captação. No caso, trata-se de afrontar à densidade de um rosto “descontextualizado” e que induz para uma estética que prossegue sua realização, seu experimento na diversificação do entre-dois e na extensão do espaço.
A fotografia é um medium exemplar, no sentido melódico da palavra. É uma singularidade musical. É um registro de som oscilando entre grave e agudo, aberto, todavia, ao trabalho do olho vibrátil da fotógrafa, sob o signo insular do olho que tem a garra de uma desterritorialização, barricada contra a tentação binária, ou dualismo dos preguiçosos.
Danielle fotografa de modo íntimo. É como se conversasse com suas imagens. Com cada uma em particular. O “diálogo” parece acontecer, não raro, sob o murmúrio da água e da música, donde a sonoridade velada de sua arte. Neste caso, não estaríamos a falar de uma foto como imagem melódica, fotografia que canta, e em torno da qual se cadenciam movimentos e entoações e passos de um devir-balé aquático da própria imagem?
***
Tomada pelo que os gregos chamam thaumazein: admirar, admirar-se, axioma primordial da atitude filosófica face ao mundo, Danielle admira, admira-se. A estética da admiração, presente em seu filme ‘A Vaga’ domina praticamente sua produção artística. Eis a sabedoria dos gregos: cultivar a arte de thaumazein! Por quê? Porque o verbo admirar é da (des) ordem da surpresa, do acontecimento, da abertura ao novo, algo que estar por vir. Admirar-se, surpreender-se com a natureza – diferença e repetição – fotografando-a. Simplesmente.
Admirar-se é uma relação de abertura aos novos encontros; relação cultivada com a natureza, para além de uma nostalgia pseudo-original.
Percebe-se nas imagens de que modo a fotógrafa é artista admirativa do mundo, sentindo-se continuamente surpreendida pela sua captura estonteante, e pelo resultado primeiro de seu gesto. Como um beijo. Um sopro na argila. Na terra. Um clique. Um disparo.
O gesto brota, pois, como um acoplamento, mediado pela alegria, bodas. Ondas, vibrações, sensações cujos “resultados” demandam a ser reinventados. Esta chamada, esta pegada tem a energia avassaladora das lembranças, das perdas vividas como um trampolim para um salto maior. Donde – talvez –, a vitalidade de sua produção imagético/artística, em vários domínios: “do acaso e da necessidade”?
Criar ou sufocar. Inventar. Alforriar. A paisagem não parece ser apenas um novo objeto fotográfico, mas a extensão da radicalidade suave, singular, de uma arte que se deixa possuir pelo toque de charme: magia e encantamento no espaço, no ecossistema, numa arte próxima das águas e luzes. Um fazer molhado, ensopado, em que a artista não fotografa apenas com o olhar, todavia, com os olhos plenos de lágrimas.
Danielle fotografa com o ventre. Com o plexo solar. Proteínas. Seiva. Leite revigora-dor. Potente. Lágrimas. Fertilidade. Morna/quente como a vida. Trata-se de uma imagem/foto revitalizada: talento e imaginação líquidos.
Exposições:
2020:
“Triangular: arte deste século”, na Casa Niemeyer, Brasília, DF
“VAIVÉM”, Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo/SP, Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e Belo Horizonte/MG, 2019/2020
2019
Salão Anapolino de Arte, Anápolis, GO
2018:
“PORTA DE BANHEIRO”, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP
“Entre Acervos. Arte Contemporáneo brasileño”, Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, Buenos Aires, Argentina
“Entre Acervos”, Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG
“Do Ponto ao Pixel”, Galeria de Artes do MABEU, Belém, PA.
2016:
“Poseidon é cabra, abelha e o movimento dos barcos”, Casa das 11 Janelas e Galeria Kamara Kó, Belém, PA
“Brasil: Ficciones”, Espaço Tangente, Burgos, Espanha
2015:
“Nossos passos fazem jorrar a sede”, selecionado na II Mostra de Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP
“Outra Natureza”, coletiva na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal
2014:
“Pororoca: A Amazônia no MAR”, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, RJ
“Triangulações”, CCBEU/PA, Pinacoteca de Alagoas, AL
“Com Licença Poética”, Museu da UFPA, Belém, PA
2013:
“Amazônia Lugar da Experiência”, Museu da UFPA, Belém, PA
“Outra Natureza”, Espaço Cultural do Banco da Amazônia, Belém, PA
2012:
“Cromomuseu”, Museu de Artes do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS
“O Triunfo do Contemporâneo”, Santander Cultural, Porto Alegre, RS
“Corpo Incógnito – Água Viva”, Galeria Amarelonegro Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
“Coletivo/Individual Kamara Kó”, Galeria de Artes do CCBEU, Belém, PA
2010:
“Sobre Ilhas e Pontes”, Galeria Cândido Portinari, Rio de Janeiro, RJ
Salão Arte Pará da Fundação Rômulo Maiorana, Belém, PA
2009:
FOTOATIVA Pará – Cartografias Contemporâneas, SESC, São Paulo, SP
Fotoincena – Fotorio 2009, Espaço Oi Futuro, Rio de Janeiro, RJ
“Aluga-se”, Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro, RJ
2008:
“Abre- Alas”, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ
“Swimming Pool: Mergulho de olhos abertos”, Galeria Graça Landeira, Belém PA
2006:
Salão Pequenos Formatos, UNAMA, Belém, PA
2005:
“O Tao Caminho”, Laboratório das Artes – Casa das Onze Janelas, Belém, PA
12º Salão da Bahia, Salvador, BA
“8 solos s/ superfície”, Galeria Theodoro Braga, Belém, PA
2004:
X Salão de Pequenos Formatos da Unama, Belém, PA
2003:
“Onze Reflexos de Max Martins”, CCBEU, Belém, Pará
9º Salão de Artes de Itajaí, Itajaí, SC
“Diálogos”, Galeria Henfil, São Bernardo do Campo, SP
2002:
Faxinal das Artes, curadoria de Agnaldo Farias, MAC Paraná, Curitiba, PA
2001:
Abril Pra Arte, Museu de Arte de Belém, Belém, PA
Prêmios e Eventos:
2016:
Indicada ao Prêmio PIPA
Amazonian Video Art Centre for Contemporary Arts,Glasgow, Escócia
“Film and video programme SET TO GO”, Contemporary Art Centre, Vilnius, Lituânia
2015:
“Film and video programme SET TO GO”, SINNE, Helsinki, Finlandia
2008:
Intercâmbio “Fluxo de Arte Belém Contemporâneo”, Belém, PA
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