(ultima atualização em outubro/2016)
Cuiabá, MT, 1956.
Vive e trabalha em Várzea Grande, MT.
Representado pela Galeria Mirante das Artes.
Indicado ao PIPA 2015.
Pintor e desenhista, começa a pintar em 1978, frequentando o Ateliê Livre da Fundação Cultural de Cuiabá, MT. Foi orientador do mesmo ateliê entre 1984 e 1987. Expôs individualmente na Casa da Cultura (1983); no Happening Escritório de Arte (1990); Pádua Galeria, onde apresentou uma breve retrospectiva de sua carreira (1995), na Galeria Dalva de Barros (1998), em mostra intitulada “Paisagem do Centro-Oeste” com a exposição “Oríficio” (2014), Galeria SESC Arsenal, todas em Cuiabá, MT.
Entre as mostras coletivas das quais participou, destacam-se “Visão/Arte Mato-grossense”, no Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, Cuiabá, MT (1979); “Primitivos de Mato Grosso”, no Museu de Arte de São Paulo, SP (1980); “Brasil/Cuiabá: Pintura Cabocla”, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ e de São Paulo, SP e na Fundação Cultural de Brasília, DF (1981); “Universidade, Arte como Forma de Conhecimento”, na Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP e Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES (1986); “Negra Sensibilidade” (1988) e “Momentos da República na Arte Mato-grossense” (1989), ambas no Museu de Arte e de Cultura Popular da UFMT, Cuiabá, MT; “Referencias Pantaneiras na Pintura de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, Projeto “Pantanal: Alerta Brasil”, Paço das Artes, São Paulo, SP (1988); “Arte aqui e mato” – por ocasião do lançamento do livro de mesmo nome de Aline Figueiredo, no MASP, São Paulo, SP e no Museu de Arte Brasileira, Brasília, DF, (ambas em 1991), “Artistas do Século”, MACP, Cuiabá, MT (2000); “Grande Olhar 1 e 2”, na Estação Rodoviária de Cuiabá, MT (2000) e no Mercado Municipal de Cuiabá, MT (2001); “Tradição e Arte Cuiabana Imagens da religiosidade”, Secretaria de Estado de Cultura, no Palácio da Instrução, Cuiabá, MT (2002); “Mostra Olhar 40°” – ao lado de Carlos Lopes e Marcelo Velasco -, no Moitará Sebrae Center, Cuiabá, MT (2003); “Panorama das Artes Plásticas em Mato Grosso no Século XX”, no Studio Centro Histórico, Cuiabá, MT (dez-2003/ jan-2004); “Circuito Panorâmico”, Secretaria de Estado de Cultura, na Galeria Mato-grossense de Artes Visuais, Cuiabá, MT (2007); e da “Mostra Mato Grosso”, no Centro Cultural José Sobrinho, Rondonópolis, MT (dez 2009 /jan 2010).
Entre outros, participou do III, IV, VI, VII e XIV Salão Jovem Arte Mato-grossense – obtendo premiações no VI e no XIV -, na Fundação Cultural de Mato Grosso, Cuiabá, MT (1978/79/1984/85 e 1994); VIII Salão Nacional de Artes Plásticas, na Funarte, Rio de Janeiro, RJ (1984); XVIII Salão Nacional de Artes, Belo Horizonte, MG (1986) e VI Salão de Artes Plásticas de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MT, (1987).
Um portal, por Benedito Nunes
(Sobre a mostra Orifício, Galeria SESC Arsenal, Cuiabá, MT, 2014)
Esta mostra propõe uma instalação a partir de esculturas em lata. Muito embora figurativa, talvez não queira descrever um momento, mas configura-se em um motivo para se fazer arte.
Orifício quer dizer, neste instante, uma saída e chegada. Essas figuras surgem da parede como uma aparição. Dentro de uma lei urbana transitória, elas caminham pela faixa de pedestres por ordem cronológica, como se atravessassem uma rua qualquer. Para uma vida mais maleável, essa travessia é sinuosa e ninguém sabe onde ela vai dar. Essas figurinhas pequenas, as vezes medianas e grandes, crescem como se caminhassem. Talvez na imaginação de quem as veem, são taciturnas. Elas atravessam a rua, a cidade, a região, o país, o mundo e somem… A travessia se faz presente o tempo todo. Esses objetos de lata carregam um consumo diurno, são figuras de massa e tempo. Orifício, dada certa imaginação, sintetiza um ponto de chegada e saída. As pessoas aparecem e somem através de um buraco. Carregadas de informação, saem de um supermercado, casa, loja ou farmácia – subsistem e caminham… Para onde vão?
Benedito Nunes, por Aline Figueiredo (crítica de arte), 2015
A inquietação inventiva de Benedito Nunes vem de longe e sempre nos surpreendeu. Seja pela pintura, a partir de um realismo ingênuo na captura de temas do cotidiano, como que retratados do enquadramento de uma câmera fotográfica – mesmo que nunca tenha praticado a fotografia – seja pelo realismo em close-up de cenas do cerrado ou urbanas. Quis mesmo reproduzir na pintura o Barulhismo dos pássaros do cerrado, a ponto de escrever literalmente os ruídos de suas goelas, a imitar, digamos, os balões dos gibis.
Ex-mecânico de automóveis, logo externou também a sua vocação pelo tridimensional. Fossem em carinhos de papelão, ou pela identificação por matérias e suportes diversos. Revela facilidade quase artesanal no manuseio de alicates, estiletes, tesouras, martelos, furadeiras, misturados a tintas e pinceis. Tendo sede de movimentos, das paredes ganha o chão. Intrigantes inquietações em que o realismo se mescla ao surrealismo, sem descartar, é claro, a metafísica inerente nas coisas ou assuntos simples. Nisso, ele é craque. E, coisa difícil é saber lidar com o simples.
Esta serie que ele denomina de “Orifício”, também partiu da pintura, a focalizar pessoas se acotovelando em travessias de ruas, indo e vindo, como autômatos que a gente vê a todo instante e não percebe. É a vida robotizada e transeunte que sai de um orifício de parede, a mesma parede em que se dependura uma tela, dele saem bonecos de latas, em passos largos, sustentados em blocos de madeiras, recicladas, diga-se, assim como as latas. que transitam junto aos espectadores. Impessoais e anônimos transitam junto aos espectadores em um percurso delimitado. E não é que têm ou detêm uma determinação metafísica?
As figuras de Benedito Nunes variam entre 40, 60, 80 até 130 cm, na vertical, nelas mais vale a rapidez da fatura do que o preciosismo do acabamento. Causam impacto e comovem pela surpresa lúdica. Ora, pois, crianças e adultos visitando sua exposição, ensaiam passos junto aos seus personagens. É isso aí, Benedito Nunes, contribuição mato-grossense de uma inventiva cabocla para arte brasileira.
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