(ultima atualização em janeiro/2021)
Aparecida de Goiânia, GO, 1987.
Vive e trabalha em São Paulo, SP.
Representado pela Casa Triângulo e C Galeria
Indicado ao Prêmio PIPA 2017, 2019 e 2020.
É doutor e mestre em Arte e Cultura Visual e licenciado em Artes Visuais pela UFG. Sua pesquisa se desenvolve por meio de múltiplas linguagens abordando as problemáticas do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de abuso e poder. Seu próprio corpo é explorado como suporte geográfico e território de conflitos.
Site: paulsetubal.com
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes, exclusivamente para o Prêmio PIPA 2020:
Sobre os trabalhos
– 36° Panorama da Arte Brasileira, São Paulo, 2019
Nasci em Aparecida de Goiânia, exatamente a uma rua da capital. Vivi entre Goiânia e o ambiente rural, passei temporadas em Brasília. Essa situação transitória é fundante em meu trabalho. Goiás é extremamente violento. Há uma ofensiva contra o cerrado, os mesmos sobrenomes controlam o poder desde antes da formação do estado. Há uma série de rotas de tráfico de drogas dispersas pelas fazendas e rodovias. Tudo isso faz parte do cotidiano. Do lapso entre a metrópole e o Brasil rural, vejo um país em que cada lugar difere do outro, mas é regido por forças que atuam em uníssono. A truculência, por exemplo, é uma regra em todos esses contextos.
Um segundo conjunto de obras é apresentado sobre uma plataforma que lhes serve de base. A base de metal suspensa acomoda quatro trabalhos (Corpo Fechado, Passante e A balada da primeira queda I e A balada da primeira queda II) organizados de tal forma que remetem a um corpo desmembrado, o torso e os membros separados. Corpo fechado, escultura que dá nome à exposição tem a forma e as dimensões de um escudo tático com a imagem em baixo-relevo de uma figura com o rosto e os braços cruzados em um gesto de proteção. O gesto de fechar os braços para se defender do impacto é como que sacralizado ali gravado, como a prova de um confronto possível em que um corpo foi mais forte que o instrumento desenvolvido para machucá- lo. Aqui é o corpo que machuca o metal.
Muitas das referências que trago no trabalho – armas de fogo, instrumentos de coerção – partem de experiências pessoais minhas com a violência institucionalizada. Não me interessa lidar com alguma situação que eu não tenha vivido. O uso de arma de fogo no interior é comum, quase que “uma regra da roça”. Quando criança, eu me lembro de brincar com munição. A arma era usada para a caça e também para a “defesa pessoal”, que muitas vezes se tratava de acerto de contas. Parte do meu trabalho está interessada nas ambiguidades dessas ferramentas, que se tornaram pauta política e social.
Tropeiros (2019), desenvolvido para Sertão, retoma as comitivas que vagavam pelo interior do país (que já era ocupado) tocando o gado, trocando tecnologias e alimentos. O título também faz referência às tropas de choque contemporâneas. Em Goiás e São Paulo, ainda é forte a tradição tropeira como lastro cultural. As festividades partem de um povo que busca rememorar suas tradições, como as comitivas de carro de boi na Festa do Divino Pai Eterno (Trindade, GO) ou nas festas de muladeiros, espalhadas pelo país. Dessas histórias, sobrevive não só a manifestação cultural, mas também o meio de exploração invasora que faz parte do cotidiano do país.
A obra parte de cinco esculturas em bronze suspensas, para as quais usei, como modelo, formas e vetores de alvos. A mim interessa essa reversão do alvo, pois aquele que atira, atira em si próprio, em uma forma humana. As esculturas têm a dimensão de portais por onde o corpo humano poderia passar. Essa medida é importante, pois guarda uma mecânica que o corpo reconhece. Muitos objetos têm a marca da mão gravada. Esse sinal é quase um retorno a um
movimento primitivo de transformação das coisas, como o preparo da argila, a pegada firme do martelo ou o trabalho árduo com ferramentas no campo. Muitos objetos parecem ter sido fundidos com o corpo, evidenciando um movimento de reciprocidade entre sujeito e objeto ou humano e animal. Há, na instalação, uma ferramenta em referência a Ogum, cujo domínio é a tecnologia, a transformação da matéria e a guerra.
Paul Setúbal, 1987, Aparecida de Goiânia, GO. Vive e trabalha em São Paulo. É doutor e mestre em Arte e Cultura Visual e licenciado em Artes Visuais pela UFG. Sua pesquisa se desenvolve por meio de múltiplas linguagens abordando as problemáticas do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de abuso e poder. Seu próprio corpo é explorado como suporte geográfico e território de conflitos. Em 2018 apresentou a individual “Corpo Fechado” na C Galeria/RJ, a performance “Compensação por Excesso” durante a SP Arte, participou da exposição “Arte Democracia Utopia: Quem não luta tá morto!” no MAR, “Demonstração por Absurdo” no Instituto Tomie Othake, foi residente no Pivô Arte Pesquisa e um dos artistas contemplados com o Prêmio FOCO durante a ArtRio. Em 2017 foi premiado no “45° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto”, participou das exposições “As Bandeiras da Revolução” Fundaj, “13° Verbo” Galeria Vermelho e “Osso” Instituto Tomie Ohtake. Em 2016 participou das exposições “Dark Mofo” Museum of Old and New Art/Austrália, “Behind the sun” HOME/ Inglaterra, “A Cor do Brasil” Museu de Arte do Rio e a individual “Dano e Excesso” na Galeria Andrea Rehder. Em 2015 apresentou a individual “Aviso de Incêndio” no Elefante Centro Cultural e participou da mostra “Terra Comunal: Marina Abramović + MAI” no Sesc Pompéia. É integrante do Grupo EmpreZa de performance.
Formação
2018
– Doutor em Arte e Cultura Visual, UFG, GO
2014
– Mestre em Arte e Cultura Visual, UFG, GO
2013
– Licenciatura em Artes Visuais, UFG, GO
Exposições Individuais
2018
– “Corpo Fechado”, C Galeria, Rio de Janeiro, RJ
2016
– “Dano e Excesso”, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, SP
2015
– “Aviso de Incêndio”, Elefante Centro Cultural , Brasília, DF
Exposições coletivas (selecionadas)
2019
– “Em suspensão”, Galeria Virgílio, São Paulo, SP
– “Imagética HOT”, Galeria do DMAE, Porto Alegre, RS
– “Programa de exposições”, Centro Cultural São Paulo, SP
– “Aparelho”, Centro Cultural Maus Hábitos, Porto, Portugal
– “Triangular, Arte deste século”, Casa Niemeyer, Brasília, DF
– “Segundo Ato: estar fora do mapa é também existir”, C Galeria, Rio de Janeiro, RJ
– 36° Panorama da Arte Brasileira , Museu de Arte Moderna, São Paulo, SP
– “Corpo Fechado”, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP
2018
– “Coletiva”, Auroras, São Paulo, SP
– “Tensões contidas”, PUC, São Paulo, SP
– 14° Salão de Artes de Itajaí , Itajaí, SC
-“Brasília Extemporânea”, Casa Niemeyer, Brasília, DF
-“A você mostrarei”, Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
-“Demonstração por Absurdo”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP
-“Antes da Queda”, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, SP
-“Compensação por Excesso”, Setor Performance, SP Arte, São Paulo, SP
-“Entre Acervos “, Centro Cultural Rector Ricardo Rojas, Buenos Aires, Argentina
– “Arte, democracia, utopia: Quem não luta tá morto!”, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ
2017
– “13° Verbo”, Galeria Vermelho, São Paulo, SP
– “Osso”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP
– “Não Matarás”, Museu Nacional, Brasília, DF
– “Negativo (Instauração)”, Sesc Belenzinho, São Paulo, SP
– “Quando as formas se tornam relatos”, CAL, Brasília, DF
– “Videografias Performativas”, Dragão do Mar, Fortaleza, CE
– “As Bandeiras da Revolução”, Museu do Homem do Nordeste, Recife, PE
2016
– “A Cor do Brasil”, MAR, Rio de Janeiro, RJ
– “Diagrama #1”, Galeria Elétrica, PA
– “Transborda Brasília”, Caixa Cultural, Brasília, DF
– “Ondeandaaonda”, Museu Nacional, Brasília, DF.
– “Behind the sun” (Grupo EmpreZa), HOME, Inglaterra
– “Não existo sem meu corpo”, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, GO
– “Sobre o que agora se pode ver”, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, GO
– “Novos Artistas”, Andrea Rehder Arte Contemporânea, São Paulo, SP
– “I Salão Mestre D’Armas”, Museu Histórico de Planaltina, Brasília, DF
– “1° Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea”, Brasília, DF
– “Dark Mofo (Grupo EmpreZa)”, MONA, Tasmânia, Austrália
– “V Bienal Internacional de Performance”, Nest Art Center, Bogotá, Colômbia
– “Quero que você me aqueça neste inverno”, Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
2015
– “Ondeandaaonda”, Museu Nacional, Brasília, DF
– “Terra Comunal: Marina Abramovic + MAI.” (Grupo EmpreZa), Sesc Pompeya, São Paulo, SP
– “Triangulações”, Centro Cultural UFG, Goiânia, GO
– “Triangulações”, Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, CE
– “Triangulações”, MAM, Salvador, BA
– “Anotações Singularidades” (Grupo EmpreZa), Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ
2014
– “III Salão Xumucuis de Arte digital”, Casa das Onze Janelas, Belém, PA
– “Grupo EmpreZa: Eu Como Você”, MAR, Rio de Janeiro, RJ
– “ENTRECOPAS: Arte Brasileira 1950”, Museu Nacional, Brasília, DF
– “Anotações Singularidades” (Grupo EmpreZa), Itaú Cultural, São Paulo, SP
– “6x Simultânea”, Museu de Arte Contemporânea, Goiânia, GO
2013
– “Novos Artistas”, Galeria Coleção de Arte, Rio de Janeiro RJ
– “Diálogo Desenho”, MUNA, Uberlândia, MG
– Acervo MAC, MAC Jataí, Goiânia, GO
– “SeuMuseu”, Museu Nacional, Brasília, DF
– 32° Arte Pará, Museu do Estado, Belém, PA
– 19° Salão Unama de Pequenos Formatos, Belém, PA
2012
– MAB Diálogos de Resistência, Museu Nacional, Brasília, DF
– 9o Salão de Artes, Sesc Amapá, Macapá, AP
– 11° Salão Nacional de Arte , MAC Jataí , Jataí, GO
– 63o Salão de Abril, Fortaleza, CE
– Novíssimos 2012 , Galeria Ibeu, Rio de Janeiro, RJ
2011
– “Caos e Efeito”, (Grupo Empreza), Itaú Cultural, São Paulo, SP
– 1° Bienal Internacional de Gravura de Santos, São Paulo, SP
– 5° Salão de Artes de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR
– “Fora do Eixo, Galeria Rubem Valentim, Espaço Cultural 508 Sul, Brasília, DF
– “Eu e Outros Eus Possíveis”, Galeria Ido Finotti, Uberlândia, MG
– FAV Nova Inacabada, Galeria da FAV, Goiânia, GO
Prêmios
2019
– Prêmio SP Arte Delfina Foundation, Londres, Reino Unido
2018
– Prêmio Foco, ArtRio, Rio de Janeiro, RJ
2017
– 45° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, prêmio aquisição, São Paulo, SP
– 20° Salão Anapolino de Arte, prêmio aquisição, Goiânia, GO
2014
– 33° Arte Pará, Prêmio aquisição, PA
2011
– 20° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, GO
– 10° Salão Nacional de Arte de Jataí, prêmio aquisição, GO
– 7° Salão de Artes Visuais de Suzano, prêmio aquisição, São Paulo, SP
– 30° Arte Pará, prêmio aquisição, PA
2010
– 3° Salão de Artes Plásticas, menção honrosa, São José do Rio Preto, SP
– 19° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, GO
2008
– 18° Concurso SESI Arte, prêmio aquisição, GO.
Residências
2020
– Delfina Foundation, Londres, Inglaterra
2019
– Despina, Rio de Janeiro, RJ
– Ateliê 397 – São Paulo, SP
2018
– Pivô Arte Pesquisa, Rio de Janeiro SP
2015
– Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
2012
– 1o Bienal Universitária de Arte, MG
2011
– Projeto Fora do Eixo vl.3 , Salão/Residência, Brasília, DF
Obras em Acervos
MAR, Museu de Arte do Rio – RJ.
MAB, Museu de Arte de Brasília – DF.
MAC, Museu de Arte Contemporânea – GO.
MAC, Museu de Arte Contemporânea de Jataí– GO. Centro Cultural UFG – GO.
Galeria Antônio Sibasolly – Anápolis – GO. Fundação Romulo Maiorana – PA.
Casarão das Artes de Suzano – SP.
Casa do Olhar Luiz Sacilotto – SP.
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