(ultima atualização em novembro/2021)
Brasília, DF, 1982.
Vive e trabalha em Goiânia, GO.
Representado pela Sé Galeria.
Indicado ao Prêmio PIPA 2017 e 2018.
Dalton Paula nasceu em 1982 em Brasília/DF; e mora e trabalha em Goiânia/GO, é bacharel em Artes Visuais e discute o corpo silenciado no meio urbano. Em 2021 participou da exposição “Enciclopédia Negra”, na Pinacoteca de São Paulo; em 2020 fez sua primeira exposição individual “Dalton Paula: um sequestrador de Almas”, em Nova York, na Alexander and Bonin Gallery. No ano de 2019 foi um dos cinco premiados da 7ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas; e também expôs no “36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão”, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Em 2018 foi selecionado para a Trienal “Songs for Sabotage” do New Museum em Nova York/EUA. Também integrou a 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul – “O Triângulo Atlântico”, em Porto Alegre/RS; e teve trabalhos na exposição “Histórias Afro-Atlânticas” (MASP e Instituto Tomie Ohtake). Em 2017 participou da exposição “The Atlantic Triangle” (Instituto Goethe em Lagos/Nigéria) e no ano de 2016 foi um dos artistas convidados para a 32a Bienal de São Paulo.
Site: www.daltonpaula.com
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes, exclusivamente para o Prêmio PIPA 2018:
Dalton Paula e a rebelião negra
Por Divino Sobral
[Texto escrito para a individual “A Rebelião Negra”, exibida em 2016 no R3 Gabinete, Goiânia, GO]
A obra criada por Dalton Paula durante os últimos seis anos promove um questionamento no interior da história da escravidão negra, desenvolvida com o tráfico de povos africanos para o continente americano após seu descobrimento. Vigorante no Brasil do século XVI ao XIX a mão de obra escrava sustentou o desenvolvimento dos ciclos econômicos do país desde os primeiros anos de colonização até quase a chegada da República. Foi empregada na extração de pau-brasil, na produção de produtos agrícolas como cana-de-açúcar, tabaco, algodão e café, na extração de ouro e pedras preciosas, nas atividades domésticas e nos serviços urbanos. Por mais de três séculos um enorme contingente de africanos viveu no país em condições degradantes e sofrendo violência extrema, até que a Lei Áurea encerrou o período de escravidão. Entretanto, a abolição não resolveu o problema da população negra, pois foi seguida pela ausência absoluta de políticas públicas destinadas a dar direitos e a integrar os antigos escravos na sociedade; assim, como consequência, se formou o grave e injusto processo de exclusão social e de perseguição racial, fundado na rígida hierarquia de classes e nos preconceitos enraizados na mentalidade escravagista, que inferiorizava africanos e seus descendentes – mentalidade atrasada que ainda vigora em segmentos elitizados da sociedade brasileira contemporânea.
Nem a reconhecida importância da participação dos negros na formação da rica cultura e nem sua contribuição para a singular produção artística brasileira, desde o período colonial até o momento, nem mesmo a teoria da miscigenação e da pacificação de atritos raciais postulado por representantes das ciências humanas responsáveis, no século XX, por desvendar a identidade do país, conseguiram desfazer diferenças e desmanchar os conflitos raciais encravados na estrutura do Brasil. Os negros ainda vivem segregados, ocupam as beiras e vivem sem acesso aos bens da cidadania, continuamente violentados pelo estado e pela sociedade.
Como um artista que assume sua negritude Dalton Paula trabalha com lucidez os problemas causados pela escravidão, considerando os contextos do passado e do presente, ampliando seu território de investigação, redimensionando o sentido da arquitetura em relação ao corpo, revendo lugares e personagens e se contaminando com narrativas extraídas do subterrâneo da história, seja do país seja de fora dele. Ao elaborar seus trabalhos lança mão de diferentes fontes imagéticas e de diferentes procedimentos de pesquisa e realização, emprega distintas categorias visuais e instaura por meio da plasticidade e do conceito da obra uma crítica negativa sobre os discursos oficiais, desestruturando representações e tensionando as relações de trocas e de apropriações acontecidas entre negros e brancos, escravos e senhores, dominados e dominadores.
A exposição “Rebelião Negra” apresenta um recorte de oito obras realizadas em diferentes períodos e com distintos suportes: pintura, objeto, foto-performance e vídeo-performance, com a intenção de oferecer leituras tanto da diversidade de linguagens e de procedimentos artísticos quanto da poética profundamente política e questionadora configurada pelo artista, compromissada com sua vida, com o revisar da historiografia, com a potencialização do excluído, com a cura dos traumas da escravidão. Deseja mostrar como Dalton Paula desenvolve um trabalho de fôlego que dilata a tradição política, ética e social da arte brasileira tocando em assuntos contundentes e necessários de serem refletidos na atualidade, aqui e alhures.
Vasculhando a memória coletiva e buscando as fontes do passado, a pintura “A Rede” (2016) atualiza a representação extraída de Jean-Baptiste Debret (1768-1848) publicada no II tomo de Viagem Pitoresca e Histórica ao Interior do Brasil (1834-1839) – dedicado ao registro da vida cotidiana, do trabalho e dos castigos vivenciados pelos escravos, e que ressalta a participação fundamental do negro na formação social e cultural do povo brasileiro durante o século XIX. Da representação original de Debret Dalton Paula extrai alguns personagens: o senhor que era conduzido no interior da rede; duas crianças escravas; um cachorro que acompanha o grupo. Mantem apenas dois escravos segurando uma madeira onde está dependurada a rede vazia, porém inverte suas direções: um segue à direita e o outro à esquerda, criando uma situação que impede o deslocamento, gerando um travamento no exercício da função, desobrigando do trabalho e paralisando a cena. Também abandona a paisagem e representa as figuras no ambiente interior de uma sala doméstica, em cuja parede encontra-se uma prateleira com três garrafadas de ervas e cachaça – materiais que o artista utiliza em vários outros trabalhos.
Obra que atua sobre veículos do conhecimento, “Retrata Divina” (2015) é um conjunto de nove pinturas realizadas sobre capas de enciclopédias. As figuras são baseadas em fotografias recolhidas pelo artista junto a uma colega de trabalho, uma mulher branca e anônima. Imagens triviais de cenas amorosas, de situações profissionais e de lazer são reformuladas por uma série de expedientes adotados por Dalton Paula: supressão dos fundos que registravam os contextos originais; seleção de elementos específicos que desfaz a narrativa primeira; enegrecimento da personagem; sequenciamento de cenas não lineares; fusão de expressionismo e pintura popular. Existe a ironia de alterar a cor da pele e de colocar uma negra num local em que nunca esteve antes, a capa das enciclopédias produzidas pelo mercado editorial de massa responsável pela difusão de um conhecimento ao mesmo tempo amplo e raso às parcelas medianas da sociedade brasileira. A figura da mulher negra, duplamente excluída pelo racismo e pelo machismo, triunfa sobre um extrato do conhecimento formulado por séculos de teoria eurocêntrica, branca, masculina.
O uso do próprio corpo é uma situação que marca bastante a produção de Dalton Paula. Seu corpo negro, fora dos padrões estéticos da sociedade de consumo, geralmente de torso despido, com vendas nos olhos ou de olhos fechados é recorrente em propostas de performance em estado cru e nos trabalhos de foto-performance e de vídeo-performance – que se dão enquanto ações que ocorrem distantes da presença do público, apenas para as objetivas de câmaras de fotografia ou de vídeo posicionadas fixamente; são obras que não podem ser consideradas autônomas da performance, portanto são híbridos que transitam entre as condições de registros e de meios de formalização da pós-performance.
Máscara (2015) é um objeto que remete ao corpo do artista, uma vez que foi elaborado para a realização de sua última foto-performance, mas que não chegou a ser exibida ao público. Destinava-se a cobrir a cabeça e o rosto, assim como uma vestimenta de orixá. É um objeto simples e muito simbólico, constituído por centenas de pequenos frascos de vidro de remédio contendo mistura de cachaça com folhas, raízes, galhos e sementes da erva-da-guiné (Petiveria alliacea), conectados em uma rede executada com fio de costurar couro. São pequenas garrafadas, poções capazes de curar ou de matar, heranças conservadas pela resistência e pela sabedoria dos herbolários negros.
A erva-da-guiné tornou-se conhecida popularmente como “amansa senhor”. Outrora foi utilizada por escravos sacerdotes que manipulavam e distribuíam poções de ervas venenosas como armas silenciosas para ataque aos senhores, feitores e inimigos. O envenenamento contra a tortura. O pó de sua raiz fazia parte do receituário amplamente usado pelos que agiam contra a vida de seus carrascos, e seus efeitos eram agressivos, potentes e letais: letargia, superexitação, insônia, alucinação, convulsão, paralisia da laringe e mortei.
Na rebelião promovida pela obra de Dalton Paula, a erva-da-guiné aparece em diversos momentos apontando para multiplas leituras: símbolo de resistência à opressão e à dominação; meio de defesa e de ataque; cura das chagas históricas da escravidão; folha de orixá e elemento sagrado de proteção. Na vídeo-performance “Unguento” (2015), realizada diante do antigo mercado de escravos de Lençóis – cidade da Chapada Diamantina (BA) fundada no ciclo do ouro – Dalton Paula desenvolve o ritual de feitura de uma estranha garrafada feita da mistura de cachaça com cacos de vidro de outra garrafa de cachaça macerados com erva-da-guiné. Bebida extremamente popular, a cachaça possui registro no Brasil desde o século XVI e o uso feito pelo artista remete tanto ao ciclo da cana-de-açúcar, sustentado pela mão de obra negra, quanto ao preconceito social que associa cachaça às classes mais rebaixadas da sociedade, aos negros, índios, párias e bêbados abandonados às mazelas. Unguento é o nome dado às pastas empregadas desde a antiguidade para tratar distintas enfermidades. A garrafada possui a mesma finalidade curativa sendo largamente utilizada pela população em misturas de cachaça com inúmeros exemplares de ervas, raízes, folhas, cascas, seivas e animais. Porém, no duplo processo de cura e de defesa o artista acaba por produzir uma garrafada capaz de matar por hemorragia interna, atualizando a imagem do arcaico sacerdote que medicava ou envenenava de acordo com a necessidade de amansar ou matar o senhor.
A erva-da-guiné também é utilizada na vídeo-performance Implantar Anamu (2016), realizada durante residência em Habana Vieja, Cuba, diante do muro do forte La Cabaña, grandiosa construção do século XVIII projetada pelos espanhóis e edificada pela mão escrava, que se impõe como símbolo da arquitetura do poder e do controle punitivo. O forte anteriormente fora usada como base militar e como prisão de tortura e hoje funciona como museu – também uma instituição de poder que trabalha continuamente com critérios de seleção e de exclusão não só da linguagem estética, mas de aspectos de ordem política, social, gênero, raça. Implantar Anamu é um trabalho que distende a pesquisa de Dalton Paula com a erva-da-guiné e com os procedimentos de triturar objetos. Mergulhado na repetição de um gesto obsessivo e cego Dalton Paula leva seu corpo à exaustão, distendendo o tempo da ação de macerar no almofariz de metal alguns vasos de cerâmica, até transformá-los em pó, expressando uma vontade de devolver a terra aquilo que a ela já pertenceu e que a cultura humana extraiu. A longa duração do trabalho remete à lentidão da vida dentro de uma prisão, onde os dias não passam, mas se arrastam. Dalton Paula realiza um ritual para triturar o que antes fora moldado e plantar nas ruínas da destruição o antídoto contra a opressão e o subjugo, plantar na mescla de pó e cacos de cerâmica e terra fértil da ilha uma erva-da-guiné, chamada em Cuba de anamu. Planta que age como elo conectando as narrativas dos negros escravizados no Brasil e em Cuba e por meio da qual o artista questiona poderes e reposiciona o lugar de fala e o volume da voz do negro diante do passado, do presente e do futuro.
Desprovida de categoria e acoplando performance, vídeo e fotografia a obra Coronel Castelo Negro B (2013) também se confronta com a conjunção dos poderes militar e político. O título parodia o nome do General Humberto Castelo Branco (1897-1967), principal agente do exército no Golpe de março de 1964 e primeiro presidente da ditadura militar, responsável por inaugurar o período de trevas marcado pela suspenção dos direitos políticos, pela repressão aos movimentos de esquerda, pela perseguição aos opositores e pela censura à livre expressão intelectual e artística. Dalton Paula cria um autorretrato no qual funde referências ao exército e à polícia militar; se apropria das insígnias da patente de coronel, as três estrelas gemadas, e as costura na pele de seu ombro desnudo. O local da cena é uma pastagem verdejante onde comanda o arcaico e vivo coronelismo rural, administrando os latifúndios e o agronegócio com a força política das oligarquias, provocando incontáveis conflitos pela propriedade e uso da terra. Deste local Dalton Paula se apossa e em sua rebelião revira a história, assalta as patentes do poder e as conduz à memória dos ombros do desprovido de posses.
Nilo Peçanha (1867-1924) possuía origem pobre e por causa da cor de sua pele era chamado pejorativamente por seus opositores de mulato, embora negasse qualquer afro-descendência; mesmo com todas as condições adversas para pessoas de sua classe avançar em posições sociais tornou-se um político importante, e chegou até a presidência do país na passagem da primeira para a segunda década do século XX. Fato admirável numa sociedade que havia abandonado oficialmente a escravidão somente há vinte e um anos. Seu nome intitula a foto-performance em que Dalton Paula posicionado de frente a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, exibe costurado na pele de suas costas o brasão da república, símbolo maior do poder do Estado, introduzindo a indagação sobre como um negro pode se apropriar dos instrumentos de governo.
O vídeo “O batedor de bolsa” (2011) aponta a violência contida nos processos de exclusão social e nos preconceitos raciais da sociedade, pelos quais formou-se uma imagem deturpada do criminoso e do marginal, associando marginalidade às pessoas de pele negra e de origem humilde, àqueles que vivem muitas vezes desprovidos de bens essenciais, mas que nem por isso seriam capazes de roubar. O racismo, hoje criminalizado, tem seu lastro entranhado no comportamento brasileiro. O trabalho registra a performance feita no espaço público de uma rua em bairro de periferia, tendo como fundo um muro com pintura branca desgastada que contrasta com a pele negra do artista e com a cor preta da bolsa. Sua ação é econômica e rápida: tendo nas mãos um cassetete de madeira (objeto que também é uma arma utilizada pela polícia), tenta bater em uma bolsa feminina suspensa no espaço acima de sua cabeça. Cegamente golpeia o ar com o objetivo de surrar a bolsa; insiste até se cansar. A bolsa encaminha para outros significados como a bolsa de valores pecuniários onde circula o fluxo do capital internacional, e que está também acima de grande parte da população segregada, ou como objeto de guarda dos distorcidos valores morais e éticos das classes médias urbanas. Assim ele revive a situação de preconceito que sofrera quando criança, denuncia a violência racial e ao mesmo tempo expurga a desmedida associação, feita geralmente por mulheres brancas, da imagem de um menino negro e pobre à figura do marginal de rua, autor de pequenos furtos conhecido como pivete, trombadinha ou “batedor” de carteira ou de bolsa.
Dalton Paula e a arte de amansar senhores
Por Divino Sobral
[Texto crítico escrito para a individual “Amansa Senhor”, exibida em 2015 na Galeria Sé, São Paulo, SP]
“Sem a escravatura, o que seria na América o seu comércio de exportação! Com escravos é que se trabalha nas minas, é que se tira esse precioso metal tão desejado, esses diamantes que tem sido de tão grande recurso ao estado; essa lucrativa e sobretudo interessante lavoura, principal riqueza do Brasil, e da América em geral, da qual a Europa mesma não pode mais prescindir”
Há cerca de cinco anos o jovem artista Dalton Paula vem transitando no terreno da tradição brasileira que problematiza as relações da arte com as complexas questões éticas, sociais e políticas que atravessam a formação histórica do país; principalmente, vem operando com a revisão das narrativas da escravatura e de suas consequências trágicas causadoras de exclusão social, de marginalização e de apropriação injusta da força de trabalho dos povos negros na sociedade contemporânea; sem rancor e sem denúncia, mas com inteligência crítica, com refinamento poético e com embasamento histórico, vem empregando ironia e humor, ora cáustico ora debochado, para abordar assuntos que de certa forma encontram-se entranhados na sua história subjetiva, pessoal, como jovem negro consciente de seu estar no mundo.
Dalton Paula vem transitando por pintura, objeto, instalação, performance, fotografia e vídeo, sem estabelecer uma ordem hierárquica entre os diferentes meios e sem que haja perda de seu potencial poético expressivo, uma vez que a escolha de cada suporte advém da ideia poética que o artista pretende tornar realidade. Neste panorama aberto existem costuras que alinhavam as partes tornando-as um conjunto coeso, estruturado por ações que se repetem ou se alternam, que incidem ou reverberam, que se explicitam ou se deixam veladas, a cada fragmento. Essas ações são marcadas pela interpretação crítica de acontecimentos históricos ou cotidianos, pela impregnação de um aspecto religioso, místico, advindo dos cultos afro-brasileiros, pelo uso de seu próprio corpo e de imagens de corpos alheios, pelo confronto de alteridades entre o autobiográfico e o outro apropriado, pelo choque entre o forte e o fraco, entre o senhor e o escravo, pelo desfazimento das demarcações das funções e dos territórios de direitos, que à base da violência foram constituídas no quadro social brasileiro.
“Amansa Senhor”, título da atual exposição de Dalton Paula na Galeria Sé, foi extraído da expressão que designava, durante o período da escravatura, os artifícios de feitiçaria empregados pelos escravos sacerdotes – oficiantes da origem do candomblé – para abrandar o caráter agressivo de seus senhores. Poções ministradas em pequenas dosagens que amansavam lentamente por envenenamento. Amansa senhor é também uma nomeação popular dada a erva-da-Guiné (Petiveria Alliaceae), planta que integrava o herbário negro e que possui perigosas propriedades farmacológicas; entre os efeitos provocados pelo uso do pó extraído de sua raiz constam: “superexcitação, insônia, alucinação, indiferença, imbecilidade, amolecimento cerebral, convulsão tetaniforme, paralisia da laringe e em seguida a morte no prazo de, aproximadamente, um ano dependendo das doses ingeridas”ii. São estes efeitos da erva-da-Guiné que foram utilizados na ação de resistência, subversão e revolta dos escravos contra a dominação de seus senhores.
As propriedades defensivas da Erva-da-Guiné são bastante reconhecidas popularmente e fizeram-na obrigatória em muitos rituais das religiões afro-brasileiras, sendo atribuída a distintas entidades, ou sendo ingrediente presente no receituário de inúmeras garrafadas fitoterápicas ou em banhos para cura de enfermidades e para limpeza espiritual; plantada em quintais e jardins de terreiros de candomblé e de umbanda, é também, por meio do sincretismo, sempre vista em jardins e vasos de seguidores do cristianismo cheios de superstições, prestigiada pela crença na sua qualidade de afugentar as más energias.
Dalton Paula ao inserir em algumas obras a erva-da-Guiné e outras plantas medicinais, evoca tanto um processo de cura encarado como tratamento das chagas históricas causadas no corpo social pela escravidão, quanto o processo de rebelião por envenenamento, que visa destruir o ponto de vista branco ortodoxo e alterar a origem da fala sobre a posição no negro na sociedade e na cultura brasileira. Nascido em Brasília e vivendo em Goiânia, cidades modernas construídas muitas décadas depois a abolição da escravatura, onde as manifestações da cultura afro-brasileira não são tão relevadas, Dalton Paula em seu aprofundamento busca continuamente referências culturais em Salvador e no interior da Bahia, locais onde se concentram as expressões culturais de matriz africana no Brasil.
No período em que esteve na residência “Muros: territórios compartilhados”, em convivência direta com o ambiente do Mercado São Joaquim, na capital baiana, absorvendo os modos de vida, as histórias e as crenças de seus comerciantes e frequentadores, Dalton Paula executou a fotografia Tabuleiro (2013). Obra na qual recorre à noção de performance orientada para a fotografia, que detalhadamente concebida pelo artista não possui estatuto de imagem de segunda ordem. Geralmente são performances infiltradas pelo conceito de site specific, vinculadas aos aspectos que determinados locais possuem e que interessam ao artista. Tais locais inicialmente eram sem identidade própria, quase sempre periferias indeterminadas das grandes cidades, mas depois foram ganhando outras especificidades: campos do agronegócio e até um fragmento da paisagem da capital federal. Em Tabuleiro o local constitutivo da obra é identificado na fotografia pela placa de endereço, fixada no muro, que informa tratar-se da ladeira do hospital. O muro do Hospital Santa Izabel é escolhido como local constitutivo da obra. O nome do hospital leva a pensar na figura da Princesa Izabel e na assinatura da Lei Áurea que aboliu a escravidão no território brasileiro, encerrando um ciclo de exploração para abrir um ciclo de exclusão; a brancura do muro alude à alvura dos uniformes médicos e à assepsia da medicina tradicional; mas a presença de uma pichação sobre a superfície limpa do muro registra um gesto de revolta e de insatisfação de uma voz que permanece sem ser ouvida, abafada no gueto, e por isso cria ruídos no espaço público.
Em “Tabuleiro” Dalton Paula faz uso de seu próprio corpo colocado em situação ritualística, como é frequente em muitos de seus trabalhos em fotografia e em vídeo sustentados por ações performáticas. O artista enfrenta o espaço público com o torso nu (assim como os escravos eram colocados no tronco a fim de receberem punições exemplares) e com a cabeça raspada; coloca-se voltado para o muro e atrás do tabuleiro, precariamente construído com engradados de cerveja cobertos com sacos plásticos costurados, sobre o qual estão depositadas ervas medicinais, em grande quantidade e diversidade. Assim, na fotografia, o artista aprece como se estivesse vestido com uma estranha indumentária de baiana, imagem que surge da forma do tabuleiro encaixada no seu corpo. Colocando-se entre os tratamentos ortodoxos da medicina oficial, de matriz branca, e os elementos da medicina popular, de matrizes africanas e indígenas, o artista também se coloca entre a magia e a ciência. Há em seu gesto a simplicidade do vendedor de rua, ocupação exercida há séculos pelos negros, consideravelmente após a abolição, e ainda hoje praticada na figura do camelô.
“Unguento” (2015) agrava os processos de ironia contidos na operação de amansamento de senhores empreendida por Dalton Paula. Como a obra anterior, o vídeo possui um caráter documental, pois foi realizado tendo um trabalho de performance como base. Trata-se de uma intervenção na cidade de Lençóis, interior da Bahia, realizada durante a Mostra OSSO Latino-americana de Performances Urbanas.
Nesta obra o artista surge, também sem camisa, caminhando pelas ruas e segurando uma garrafa vazia, uma garrafa de cachaça 51 e outra garrafa de cachaça de cor amarronzada (metáfora da pele negra), um almofariz e um ramo de erva-da-Guiné. Senta-se no pavimento de uma rua, tendo ao fundo as paredes e portas verdes de uma casa qualquer, e dispõe a sua frente o conjunto de objetos. Inicia então um ritual de ações que ao seu fim produz uma perigosa substância. Após vendar os olhos – ato que implica na perda de contato com o visível para abertura de contato com o invisível, num transe místico de encontro com arquétipos, entidades e fantasmas, derrama cachaça marrom à sua volta e começa a maceração da erva até triturá-la; em seguida sacode bastante a mesma garrafa de cachaça e depois a quebra no chão a sua frente; recolhe os cacos de vidro e os coloca no almofariz para serem macerados com a erva; quando a mistura está bastante moída, ele a introduz dentro da garrafa vazia e finaliza a garrafada acrescentando a cachaça 51 sobressalente, que durante sua ação foi aberta, servida e furtada por um bêbado de rua que casualmente se agregou à situação.
De todos os trabalhos de Dalton Paula que foram realizados no espaço público, Unguento é o que mais sofre intervenções de elementos que transitam pela rua, como pessoas, animais, veículos, sons, falas, ruídos. Mas a intervenção espontânea do bêbado potencializa ainda mais a ação do artista, pois no sentido plástico acrescenta à imagem do vídeo um contraste cromático de intensa energia, e no sentido poético conceitual dilata o significado da cachaça como símbolo e como matéria ao mesmo tempo em que revela sua ação nos corpos individual e social. O uso da cachaça remete ao ciclo da cana-de-açúcar sustentado pelo trabalho escravo no país. A bebida é conhecida no Brasil desde o Séc. XVI e ao longo do tempo quase sempre fora objeto de preconceito social, considerada como bebida das classes mais rebaixadas da sociedade, consumida por pobres, negros, índios aculturados e marginais; inferiorizada, a pinga foi tida como bebida da ralé, alimento do vício e da degradação do pária, daquele que vive longe dos direitos de cidadania, abandonado à própria sorte ou azar, tal como o bêbado que adentrou na performance atraído pela garrafa de 51.
O título da ação, “Unguento”, tem origem nas pastas utilizadas desde a antiguidade pela medicina popular para tratamentos de diferentes enfermidades. Na verdade, durante sua performance, Dalton Paula cria uma garrafada. Alternativas adotadas para driblar a carência de acesso aos meios da medicina tradicional, as garrafadas são bastante utilizadas pelas populações interioranas, rurais e pela camada urbana de baixa renda, seus receituários são antiguíssimos e se baseiam em conhecimentos fitoterápicos herdados dos negros e dos índios, e geralmente são feitas da mistura de ervas conservadas em cachaça. Porém, em vez de produzir um remédio capaz de aliviar e curar, o artista cria uma garrafada para produzir sofrimento, hemorragia interna e morte, e desta maneira atualiza a figura ancestral do sacerdote de candomblé que manipulava as plantas pra criar medicamentos/venenos, conforme a necessidade de amansar o senhor, ou dele se vingar.
A cachaça, a erva-da-Guiné e a garrafada são elementos que estão presentes também na instalação “Paratudo” (2015), obra homônima da marca de bebida alcoólica produzida com uma mistura de raízes amargas e cujo rótulo exibe a figura estilizada de um índio norte-americano. A obra, realizada na residência Imersão em (território) Olhos d’Água, interior goiano, assemelha-se a uma armadilha: é constituída por uma corda que pende do teto em nó de forca, do qual está dependurado um molho feito com uma garrafa de Paratudo e treze garrafadas de cachaça com distintas partes da erva-da-Guiné, o que confere diferentes tonalidades às bebidas; cada uma das garrafas está envolvida por uma rede de tarrafa, feita com linha de costurar couro, e assim elas são ajuntadas e presas à forca, como um corpo coletivo. A cadeia de punições latentes em “Paratudo” (suspenção, encerramento, finalização, extirpação) faz lembrar que nos quadros de violência dos períodos colonial e imperial, além das torturas impingidas aos escravos, havia a pena de morte dada aos revoltosos mais renegados e aos criminosos mais violentos, e que o enforcamento era o método adotado para a execução pública do condenado, num espetáculo de crueldade patrocinado pelas autoridades, tal como aconteceu com Tiradentes. Apesar da pena de morte ter sido abolida no Brasil durante o Segundo Império, a imagem da forca ainda persiste no imaginário do terror que assombra o presente.
Os últimos trabalhos apresentados por Dalton Paula são dois conjuntos de pinturas executadas sobre capas de dezenas de exemplares das antigas coleções de enciclopédias Barsa e Ciência e Futuro. Nascida no Séc. XVIII da reunião do conhecimento filosófico dos iluministas franceses, a noção de enciclopédia banalizou-se durante o Séc. XX nas mãos da indústria cultural que passou a produzir coleções de livros, contendo farta justaposição de verbetes tão variados quanto superficiais, avidamente consumidas pelas classes médias. É sobre a materialidade e a história desse suporte que o artista intervém sobrepondo outra narrativa. Dispostos lado a lado, em pé ou deitados, formando grandes sequências, os livros enquanto objetos não são alterados apesar de terem sua função suspendida. A visão da lombada, uma nesga do vermelho da capa revelada no interior da superfície da pintura, a espessura das páginas fechadas negando a tradicional bidimensionalidade atribuída ao meio, as memórias impregnadas no corpo da publicação, são aspectos que o artista sabe considerar e potencializar plasticamente.
O primeiro conjunto, intitulado “Retrata Maria” (2015), é como uma biografia formada por uma série de quarenta e cinco pinturas inspiradas em fotografias, cedidas por uma amiga que é militar, e representam cenas do cotidiano, do ambiente de trabalho, das viagens e das intimidades amorosas. O segundo conjunto, “Retrata Rosana” (2015), é baseado em fotografias de performances realizadas por artistas mulheres e por uma travesti que é personagem/obra criada por um artista do sexo masculino; de certa maneira direciona a leitura da performance para um campo histórico em que atuava como oposição e resistência às leis dos senhores do mercado de arte, que a tinham como categoria subversiva e sem interesses comerciais. Ambos são enformados pela ideia de empoderamento feminino, e alertam para que não nos esqueçamos de que também as mulheres necessitaram (e ainda necessitam) amansar seus senhores.
As cenas pintadas por Dalton surgem, no primeiro conjunto, da apropriação de registros da vida de outro, de imagens carregadas pela banalidade cotidiana e pela afetividade das recordações, enformadas por linguagem doméstica e sem cuidados de ordem estética. Numa reflexão sobre alteridade, o artista traz o outro para sua obra, e faz da imagem qualquer de um momento da vida de uma pessoa comum motivo para a capa da enciclopédia. Ao transferir a imagem fotográfica para a pintura seleciona alguns elementos da imagem original e subtrai outros, reinterpreta as situações de enquadramento, luz e cenário. Ao contrário da maioria dos trabalhos feitos por artistas que partem da fotografia para realizar pinturas, a obra de Dalton não guarda resquícios da fotografia original, pois a imagem é transformada por um gesto forte, mas administrado, que presta tributo à tradição expressionista. As transformações são muitas: a começar, o artista transforma a cor da pele de todas as pessoas que lhe forneceram fotografias, de brancas passam a ser representadas negras; as características fisionômicas se dissolvem num modelo formal; os olhos e os narizes são pintados de dourado, cor da qual emana uma energia sagrada que resignifica os sentidos da visão, do olfato e do paladar – quando duas bocas douradas se encontram num beijo; o modo como trata o fundo de suas pinturas, sempre em tonalidades azuladas, esverdeadas e acinzentadas, guarda relações com a estética dada aos fundos dos tradicionais retratos pintados a partir de fotografias retocadas, e que são tão comuns no nordeste e nas residências dos subúrbios brasileiros; as sequências e ladeamentos das pinturas estabelecem conexões e criam uma nova situação visual da qual se abrem novas e inquietantes narrativas.
Por fim, ao concluir a reflexão sobre os trabalhos de Dalton Paula exibidos nesta exposição, atento para a necessidade de perceber que ele ao falar de traumas do passado encontrou uma forma de tratar dos problemas do presente, e convido o leitor a se inquietar e se perguntar: quem são os senhores de agora? O que eles fazem? Onde estão? O que representam? Porque precisam ser amansados? Quais são os métodos de amansamento? Quem são os amansadores? O que a arte tem a ver com o amansamento?
Formação Exposições individuais Exposições coletivas Premiações Residências artísticas 2018 Ensaio visual PREMIAÇÕES OBRAS EM ACERVOS
– Bacharel em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás, UFG, GO
2020
– “Dalton Paula: a kidnapper of souls”_ Alexander and Bonin Gallery, Nova York, EUA.
– “Em cartaz”_ Museu Virtual Itamar Assumpção (MU.ITA), São Paulo, SP.
2019
– “Dalton Paula: entre a prosa e a poesia”_Sé Galeria, São Paulo, SP, Brasil.
2016
– “A irmã de São Cosme e São Damião”, Galeria Alfinete, Brasília, DF
– “A rebelião negra”, R3 Gabinete, Goiânia, GO
2015
– “Amansa-senhor”, Sé Galeria, São Paulo, SP
2014
– “E um terremoto sereno e imperceptível arrasou a cidade…”, Sé, São Paulo, SP
– “6x Simultânea”, Museu de Arte Contemporânea, Centro Cultural Oscar Niemeyer, Goiânia, GO
2010
– “O Álbum”, Museu de Arte Contemporânea, Sala Samuel Costa, Goiânia, GO
2021
– “Change Is Modern, Fall Reveal”_Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), Nova York, EUA.
– “Histórias Afro-Atlânticas”_ Museum of Fine Arts (MFAH), Houston, Texas, EUA.
– “Enciclopédia Negra”_Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
– “Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros”_Instituto Moreira Sales (IMS), São Paulo, SP, Brasil.
– “Imagens que não se conformam”_Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
– “Composições para tempos insurgentes”_Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), RJ, Brasil.
– “3ª Frestas – Trienal de Artes”, Sesc Sorocaba, Sorocaba, SP, Brasil.
– “Língua Solta”_Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, SP, Brasil.
– “Conversas: resistência e convergência”_Centro Cultural Casa das Onze Janelas, Belém, PA, Brasil.
– “Terra e Temperatura”_ Almeida e Dale Galeria de Arte, São Paulo, SP, Brasil.
2020
– “7ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas”_ Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, Brasil.
– “Distância”_ Exposição Online_Pinacoteca de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
– “Against, Again: Art Under Attack in Brazil”_Anya and Andrew Shiva Gallery, Nova York, EUA.
– “Construção”_Galeria Mendes Wood, São Paulo, SP, Brasil.
2019
– “36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão”_Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), SP, Brasil.
– “7ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas”_ Museu de Arte Brasileira (MAB)/FAAP, São Paulo, SP, Brasil.
– “ O espaço dividido”_Goethe Institut, Salvador, BA, Brasil.
– “Young Latinx Artists 24. Buen Vivir/Vivir Bien”_ Mexic-Arte Museum, Texas, EUA.
– “À Nordeste”_Sesc 24 de maio, São Paulo, SP, Brasil.
– “Vaivém”_Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), São Paulo, SP; Belo Horizonte, MG; Brasília, DF; Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
– “Unus Mundus”_ Centro de Arte Contemporânea W, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
– “Ounje – Alimento dos Orixás”_Sesc Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil.
– “Arte Naïf – Nenhum Museu a Menos”_Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro,RJ.
– “24º Salão Anapolino de Arte”_ Galeria de Artes Antônio Sibasolly, Anápolis_GO, Brasil.
2018
– “Songs for Sabotage”, New Museum Triennial, Nova York, EUA
– “O Triângulo do Atlântico”, 11ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS
– “Verzuimd Braziel – Brasil Desamparado”, Museu de Arte Contemporânea (MAC), Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), Goiânia, GO
2017
– “Incerteza viva”, 32ª Bienal de São Paulo (Itinerância), Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG; Palácio da Instrução, Cuiabá, MT; Museo de Arte Moderno de Bogotá (MAMBO), Bogotá, Colômbia
– “O importante, minha filha, é não tirar a mão do barro”, Carbono Galeria, São Paulo, SP
– “A Luz que Vela o Corpo É a Mesma que Revela a Tela”, Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ
– “The Atlantic Triangle”, Goethe Institut, Lagos, Nigéria
– “2nd Changjiang International Photography and Video Biennale”, Chongquing Museum of Contemporary Art, Chongqing, China
– “BERLIN SHOW #5 – Collectors’ Loop”, GALERIAPLAN B, Berlim, Alemanha
– “II Mostra Videografias Performativas”, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, Ceará, CE
– “6ª edição do Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2017-2018)”, Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia (MuBE), São Paulo, SP
– “Agora somos todxs negros?”, Galpão VB, São Paulo, SP
– “Vozes do silêncio?”, Galeria Antônio Sibasolly, Anapólis, Goiás, GO; itinerância Centro Cultural da UFG (CCUFG), Goiânia, GO
– “Negros Indícios”, Galeria D. Pedro II, CAIXA Cultural São Paulo, São Paulo, SP
– “Ex Africa”, Centro Cultural Banco do Brasil, Belo Horizonte, MG; Rio de Janeiro, RJ; São Paulo, SP; Brasília, DF
– “OSSO – Exposição-Apelo ao amplo direito de defesa de Rafael Braga”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP
2016
– “Incerteza viva”, 32ª Bienal de São Paulo, Pavilhão da Bienal, São Paulo, SP
– “Das Virgens em Cardumes e da Cor das Auras”, Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro, RJ
– “\\\\ HAeammm ////////” aOUuHhFFf, Átomos, Rio de Janeiro, RJ
– “Orixás”, Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, RJ
– “A cor do Brasil”, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, RJ
– “Zona de Perigo”, Mostra do 5º Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes
– “Plásticas”, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães (MAMAM), Recife, PE; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, PR
– “Terra Falsa”, O Coletor e Movimento 90º, São Paulo, SP
– “Pequenas pinturas”, Espaço Auroras, São Paulo, SP
– “Porque somos elas e eles”, Blau Projects São Paulo, SP
– “Diálogos Ausentes”, Itaú Cultural, São Paulo, SP
– “Onà Ciclo X Mostra de Perfomances”, Espaço Decurators, Brasília, DF
2015
– “BÂNGALA: YAKÃ AYÊ”, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ
– “Intersecções”, Galeria Athos Bulcão, Brasília, DF
– “Triangulações – Registros Circunstanciais: Intervenções, Fabulações, Apagamentos”, Centro Cultural da UFG, Goiânia, GO; Museu de Moderna da Bahia, MAM Salvador, BA; Centro Cultural Dragão do Mar, Fortaleza, CE
2014
– “Histórias Mestiças”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP
2013
– “75 anos – O Popular”, Grupo Jaime Câmara, Goiânia, GO
– “CAMP! – Arte e Diferença”, Galeria Candido Portinari, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ
– “Convite à viagem”, Rumos Artes Visuais 2011/2013, Itaú Cultural, Centro Cultural Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ
– “A cidade é o lugar”, Museu de Arte Contemporânea, Centro Cultural Oscar Niemeyer, Goiânia, GO
2012
– “Convite à viagem”, Rumos Artes Visuais 2011/2013, Itaú Cultural, São Paulo, SP
– “44° SAC – Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba”, Pinacoteca Municipal Miguel Dutra, Piracicaba, SP
– “Intuição Et Cetera”, Rumos Artes Visuais 2011/2013, Itaú Cultural, Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), Recife, PE
– “Volta ao dia em 80 mundos”, Rumos Artes Visuais 2011/2013, Itaú Cultural, Centro Cultural Octo Marques – Galerias de Arte Sebastião dos Reis e Frei Nazareno Confalone, Goiânia, GO
– “63° Salão de Abril – A cidade e suas Desconexões Antrópicas”, Galeria Antonio Bandeira, Fortaleza, CE
2011
– “FAV NOVA Inacabada”, Galeria da Faculdade de Artes Visuais da UFG, Goiânia, GO
– “Meio Kg”, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, GO
– “17° Salão Anapolino de Arte”, Galeria Antônio Sibasolly, Anápolis, GO
– “I Salão de Arte Contemporânea do Centro – Oeste”, Centro Cultural UFG, Goiânia, GO
2012
– 4ª edição do Salão de Arte de Mato Grosso do Sul, Museu de Arte Contemporânea (MARCO), Campo Grande, MS
– 11˚ Salão Nacional de Arte, Museu de Arte Contemporânea, Jataí, GO
2010
– 38˚ Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto – Prêmio Aquisição, Santo André, SP
2019
– “ENA Residência Artística”, Diamantina, BH, Brasil.
– “Residência Homession”_ Associació Cultural Homesession Arts Visuals, Barcelona, Espanha.
– AnnexB, Nova York, EUA
2016
– Projeto Multidisciplinar “Ocupa Brasil”, Instituto Superior de Arte (ISA) de Havana, Havana, Cuba
2015
– “Imersão em [território]”, Olhos d’Água, Alexânia, GO
– 3ª Mostra OSSO Latino Americana de Performance – MOLA, Lençóis, BA
2014
– Estado de Deriva em Residência Móvel, Chapada dos Veadeiros, GO
2013
– 3ª Edição “Muros: Territórios Compartilhados”, Baluarte 7 Casa de Arte Salvador, BA
– “Água no Feijão”, residências artísticas no bairro Santo Antônio Além do Carmo, Salvador, BA
– Visualidades, Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual, Universidade Federal de Goiás, v.8, n.2 julho/dezembro de 2010, Goiânia, GO
2019
– “7ª edição do Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas”_ Museu de Arte Brasileira (MAB)/FAAP, São Paulo, SP, Brasil.
2012
– 4ª edição do Salão de Arte de Mato Grosso do Sul_ Museu de Arte Contemporânea (MARCO), Campo Grande, MS, Brasil.
– 11º Salão Nacional de Arte _ Museu de Arte Contemporânea (MAC), Jataí, GO, Brasil.
2010
– 38˚ Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto – Prêmio Aquisição, Santo André, SP, Brasil
– Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA)_Nova York, EUA.
– Museu de Arte de São Paulo (MASP)_São Paulo, SP, Brasil
– Pinacoteca de São Paulo_ São Paulo, SP, Brasil.
– Art Institute of Chicago_Chicago, Illinois, EUA.
– Institute of Contemporary Art, Miami (ICA Miami) _ Miami, EUA.
– Museu de Arte do Rio (MAR)_Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
– Museu de Arte Contemporânea (MAC)_Goiânia, GO, Brasil.
– Museu de Artes Plásticas de Anápolis (MAPA)_Anápolis, GO, Brasil.
– Centro Cultural UFG (CCUFG)_Goiânia, GO, Brasil.
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes, exclusivamente para o Prêmio PIPA 2017:
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