Ceilândia, DF, 1983.
Vive e trabalha em Taguatinga, DF.
Nascido em 1983, em Ceilândia, cidade–satélite de Brasília, reconfigura em seu trabalho aspectos de uma tradição interiorana que permeia o universo religioso brasileiro que reflete criticamente sobre a ideia de um dito sincretismo e situações históricas ligadas ao preconceito étnico. Traz em suas obras uma memória afetiva, que propõe a reflexão íntima sobre o corpo (seu corpo miscigenado, negro, preto), mas que se dá (a rigor do termo) em sacrifício em narrativas que contam uma história brasileira vista de um corpo que finca os pés nas raízes de uma tradição, em vários contextos, ainda marginalizada.
Graduado em Artes Visuais / licenciatura (2010), pela FADM – Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, há mais de 10 anos trabalha na área de Arte-educação e atua professor em Artes Visuais pela Secretaria de Educação do Distrito Federal desde 2012.
Artista visual, participa de exposições coletivas e individuais desde 2001, entre as quais: exposição “(in)corporações” (2015), na galeria Candido Portinari, na UERJ; em 2016 é contemplado no na 2º edição do Salão Transborda, no espaço cultural da Caixa (Brasília) e com obras que compõe o acervo da Galeria de Arte XXX (Brasília); em 2017, participa da South-South: Let me begin again – Goodman Galery – África do Sul.
Foi artista-membro do Centro Cultural Elefante, centro este que promove a experimentação poético-artística, bem como o fomento de projetos relacionados à prática e reflexão da Arte por meio de residências, oficinas, exposições, cursos, etc.
Antônio Obá
Por Cinara Barbosa
A atualização do passado colonial por meio de seus rituais domésticos e a adestração de corpos escravizados ressoa na atualidade para reflexão sobre as consequências históricas dos amálgamas sociais. Ao enveredar por esta autobiografia de caráter genealógico cultural, uma história de si em que todo resgaste será sempre licencioso, ou melhor, um acerto de contas consigo, dada a ausência de referências cotidianas e familiares recentes que vão além do fenótipo corporal, Antônio Obá coloca-nos em situação de risco consciente. Expõe dúvidas sobre comportamentos humanos e políticas decisórias diversas que podem se expressar estrategicamente nos universos místicos e religiosos.
O artista propicia a recondução do tema da arte sacra mas só numa visada apressada pois é preciso insistir e ir adiante. A performance “(…) Receita de como fazer um santo” serve como uma síntese dos atributos a que recorre em sua produção. Ali temos objetos, corpo e pintura, que dizem também da síntese de quadros, instalações e performances. Entre os temas indicados nos títulos dos trabalhos temos: a representação religiosa, a sexualidade mítica negra ou ambivalência de gênero, a servidão privada, a ‘eugenia’ cultural e racial (embranquecimento), a expurgação dos traumas, a reconstrução do presente pela manipulação ritual dos objetos.
Pelo pensamento artístico de Antônio Obá percebe-se que ‘transfigurar’ trata da busca de autonomia do desejo e capacidade de decisão pela identificação que lhe foi usurpada. O artista disponibiliza-nos marcas de ferro, sangue, ouro, fuligem, algodão cru para que assim tenhamos em mente que, criamos a todo momento a relação de intimidade que queremos com aquilo que pode não existir na prática, mas persiste como falta.
Exposições individuais
2017
– “South-South: Let me begin again”, Goodman Galery, Johannesburgo, África do Sul
– “Antonio Obá”, Galeria Mendes Wood, São Paulo, SP
2016
– “(In)corporações”, Galeria Candido Portinari: UERJ, Rio de Janeiro, RJ
– “Carnagem”, Galeria Arte XXX, Brasília, DF
– “My body is a cage”, Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro, RJ
– “Entre”, CAL – Casa da América Latina, Brasília, DF
2015
– “ONDEANDAAONDA”, Museu Nacional do Conjunto Cultural da República, Brasília, DF
2014
– “OCUPAÇÃO”, Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
2013
– “Verônica”, Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
– “Imagem, palavra, vertigem”, Galeria da UnB, Brasília, DF
2012
– “É perdendo o medo de errar que matamos o monstro do meio-dia”, Brasília Contemporânea, Brasília, DF
2008
– “Impermanências”, Galeria de Arte Dulcina de Moraes, Brasília, DF
2002
– “Sob o signo de um novo olhar”, Galeria Yara Amaral, Centro cultural do SESI, Brasília, DF
Exposições coletivas
2016
– “Não existo sem meu corpo”, R3 Gabinete de Arte, Goiânia, GO
– “ONÀ – CICLO X”, deCurators Galeria de Arte, Brasília, DF
– “Transitório/permanente II”, Elefante Centro Cultural, Brasília, DF
2013
– “Kohëdhekujtesë – gravura bashkëkohore braziliane”, Muzeu historik Kombëtar, Embaixada do Brasil em Tirana.
– “Brasil/Argentina/Gráfica”, Galeria Rubem Valentim do Espaço Cultural Renato Russo / SUPHAC / SECult. Brasília, DF
2009
– “Trans… Aparência”, Galeria de Artes Dulcina de Moraes, Brasília, DF
2008
– I Mostra Dulcina de Artes Visuais – poéticas contemporâneas, Galeria de arte Dulcina de Moraes, Brasília – DF.
2004
– Cultura Afro em alta – Exposição de telas junto à Embaixada de Moçambique, no Espaço Cultural da Cultura inglesa, Brasília – DF.
2003
– “Arte social”, Galeria Yara Amaral, Centro Cultural do SESI, Brasília, DF
2001
– “Ponto de vista”, Galeria Yara Amaral, Centro cultural do SESI, Brasília, DF
Prêmios, bolsas e projetos
2016
– Contemplado na 2ª edição do Transborda Brasília, DF
– Contemplado no Prêmio de Arte Contemporânea, Conjunto Cultural da Caixa, Brasília, DF
2011
– Artista selecionado no X Prêmio de Arte Contemporânea, Iate Clube, Brasília, DF
2010
– 1º lugar no 1º Salão de Artes Visuais das regiões administrativas do Distrito Federal, Na ACASO (Associação de Cultura e Arte de Sobradinho)
– 2º lugar no I Salão universitário da Câmara dos Deputados, Sala de exposições do Espaço Cultural Zumbi dos Palmares
2009
– Artista selecionado no IX Prêmio de Arte Contemporânea, Iate Clube, Brasília, DF
2006
– Menção honrosa no Prêmio SESC de pintura em tela TributoTerraBrasilis, Brasília, DF