Maré de Matos é artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. graduada em Artes Visuais na Escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE) e atualmente desenvolve o projeto “Museu das Emoções” no doutorado (Diversitas, USP). Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas; poder e posição. Pesquisa representação e responsabilidade, invenção da raça e narrativa de si, imaginário e delírio da modernidade, subjetividade e poéticas negras. Seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Se interessa pelo atlântico negro como processo de formação; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Atua em linguagens híbridas e defende o direito à emoção de sujeitos privados do estatuto de humanidade.
“ Púlpito Público”, 2021. Duração 3’22”
“ Fundamento”, 2019. Duração 1’43”
Maré de Matos é artista transdisciplinar. Mineira, do Vale do Rio Doce. graduada em Artes Visuais na Escola Guignard (UEMG), Mestre em Teoria Literária (UFPE) e atualmente desenvolve o projeto “Museu das Emoções” no doutorado (Diversitas, USP). Exercita o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas; poder e posição. Pesquisa representação e responsabilidade, invenção da raça e narrativa de si, imaginário e delírio da modernidade, subjetividade e poéticas negras. Seus trabalhos situam-se, sobretudo, no vão entre os territórios da imagem e da palavra. Se interessa pelo atlântico negro como processo de formação; pela revisão como princípio e pela poesia como ferramenta política de emancipação. Atua em linguagens híbridas e defende o direito à emoção de sujeitos privados do estatuto de humanidade.
Exibiu a ‘Oralidade’ na exposição Língua Solta com curadoria de Fabiana Moraes e Moacir dos Anjos (Museu da Língua Portuguesa, São Paulo, 2021); ‘Púlpito Público’ (Museu Afro Brasil, São Paulo, 2021) e na exposição Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade com curadoria de Camila Bechelany (Ibirapuera, São Paulo, 2020); ‘Como aprender com o imprevisível’ na Abre caminhos! com curadoria do Hélio Menezes (CCSP, São Paulo, 2020); ‘Rasgar o rigor’ na Farsa com curadoria de Marta Mestre (Sesc Pompeia, 2020); ‘Fundamento’ no Sertão: Panorama da Arte Brasileira com curadoria de Julya Rebouças, (MAM, SP, 2019); ‘Anti-bandeirante’ na Ontem, hoje, agora, com curadoria de Catarina Duncan, (Solar dos abacaxis, Rio de Janeiro, 2019), ‘Vão ou como discutir privilégios através de jogos de sorte e azar’ na ⦿ com curadoria de Catarina Duncan (Galeria Leme, São Paulo, 2018); ‘Sertão Doce’ na exposição Os da minha rua com curadoria de Joana D’ark (Museu da Abolição, Recife, 2018); ‘Conselho’ na exposição Vetores com curadoria de Ariana Nuala (Museu Murilo La Greca, Recife, 2018); ‘Como viver do desejo’ no MAMAM, Recife, 2016.
Fundou a Bendito Ofício (2010) onde desenvolve práticas e aproximações entre palavra, imagem, educação e vida e co-fundou a organização MUNA (mulheres negras nas artes, 2017). Desenvolve o projeto AS poetas do pajeú no sertão de Pernambuco (Fundação de Cultura de Pernambuco), entre outros projetos.
“Sobre a obra Vão”
Por Catarina Duncan
[Galeria Leme, 2018]
‘Vão (ou como discutir privilégios através de jogos de sorte e azar)’ (2018) é um díptico que apresenta a imagem de dois labirintos paralelamente, cada um apontando para um caminho ou um jogo que se dá a partir de atravessamentos e encontros de corpos brancos e negros. Ao se deparar com palavras simbólicas, como ‘origem’, ‘memória’ e ‘árvore genealógica’ o espectador entende as diferenças dos confrontos impostos sobre esses corpos. A hegemonia é posta em questão quando as relações de poder se revelam e assim entende-se a possibilidade de construir novos contornos para antigas estruturas. A relação entre o campo da imagem e das palavras funde-se em um potencial simbólico de compreensão de um sistema político através do jogo. A obra é produzida em serigrafia, colagem, bordado, tipografia e desenho em tecido de algodão.
“Sobre a obra Fundamento”
Por Julia Rebouças
[MAM-SP, 2019]
É também pela reescritura do passado colonial e pela invenção de novos léxicos sociais que a artista e poeta Mariana de Matos (Governador Valadares, MG, 1987) cria o poema multimídia Fundamento (2019). Ela trata, em sua obra, da necessidade de “matar imaginários” perpetuados por narrativas hegemônicas, que reproduzem padrões de violência e segregação.
“Sobre a obra Como aprender com o imprevisível?”
Por Hélio Menezes
[CCSP, 2020]
O interesse pelas potencialidades da comunicação, num entrelaçamento de escrita e visualidade, também se faz presente na bandeira “Como Aprender com o Imprevisível?”, de Maré de Matos (MG), acompanhada de oito códigos visuais que evocam a prática do não- controle, ao sugerirem acesso a possíveis pistas de resposta à pergunta-reflexão.
“Sobre a obra Púlpito Público”
Por Camila Bechelany
[10 Mostra 3M de arte, Parque Ibirapuera, 2020]
Com uma pesquisa dedicada à contribuição das subjetividades negras para o pensamento decolonial, Maré de Matos busca em sua prática artística exercitar o tensionamento entre versão e verdade; história única e contranarrativas polifônicas. Num esforço de elucidação dos legados coloniais, suas obras partem da criação de novos enunciados e propõem outros contornos para antigas estruturas. Matos atua a partir do uso de lingua- gens híbridas, e defende o direito à emo- ção de sujeitos privados do estatuto de humanidade. Seus trabalhos situam-se, sobretudo, entre os territórios da imagem e da palavra.
Em Púlpito público, instalação criada para a 10a Mostra 3M de Arte – Lugar Comum: travessias e coletividades na cidade, a artista evoca alguns elementos recorrentes em seu trabalho, como a poesia e a pluralidade de códigos culturais. A obra compreende um platô, de onde convergem três escadas que se originam de orientações geográficas dis- tintas. Para alcançar o alto da plataforma, o visitante deve acessar a escada que corresponde a seu trajeto. Ao alcançá-la, três megafones estão dispostos e disponíveis para que cada um diga o que desejar. O participante terá, assim, sua voz projetada na direção do espaço aberto do parque. Há ainda um megafone disposto a uma altura acessível para cadeirantes, idosos, crianças ou pessoas que não puderem subir os degraus. Uma bandeira de tecido estendida diante do púlpito ostenta a inscrição “Todo gesto fala”, realizada em uma tipografia cria- da pela artista a partir de referências simbólicas caras a ela, além de diversos elementos gráficos que fazem referência a eventos de nosso passado recente.
Além de seu caráter participativo e do estímulo à possibilidade do encontro, o trabalho subverte a posição normatizada do púlpito como o lugar destinado ao orador único, o representante ou a autoridade. Matos convoca o público a protagonizar esse espaço de poder e aciona a linguagem como elemento de ativação.
A artista, que havia inicialmente projetado a obra para que os visitantes pu- dessem interagir com o púlpito, acionar e falar pelos megafones, reconsiderou o formato em razão da situação sanitária decorrente da pandemia de Covid-19. Para isso, ela teve de recompor o trabalho, que, diante desse novo contexto, poderia provocar a “aglomeração” de pessoas, assumindo, assim, uma adaptação crítica. Sua solução foi a de representar a impossibilidade de acesso ao espaço público e o silenciamento que as circunstâncias atuais impõem aos brasileiros, evitando o ingresso na obra. Os dispositivos sonoros, por sua vez, ecoam vozes colhi- das por Maré de Matos, como recurso alternativo para povoar a instalação.
“ Trailer – Afronta (legendado)”, 2018. Duração 3’17”
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