(ultima atualização em abril/2023)
Santa Helena de Minas, MG, 1978.
Vive e trabalha em Ladainha, MG.
Indicado ao PIPA 2020.
Vencedor do PIPA Online 2020.
Obras na coleção do Instituto PIPA
Meu nome é Isael Maxakali, moro na Aldeia Nova, município de Ladainha – MG. Já fiz muitos filmes para as pessoas de todos os lugares assistirem e saberem que nós, os Tikmū’ūn, existimos. Eu também gosto muito de fazer desenhos dos bichos, dos peixes, dos espíritos yãmĩyxop e de outras coisas também. Eu penso que, com o meu trabalho, eu cresço e fortaleço os Tikmū’ūn. Se eu fico conhecido, eles ficam também. Se eu ganho um prêmio, eles ganham também!
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes, exclusivamente para o Prêmio PIPA 2020:
“Grin”, 2018. Duração: 40’53”
“Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali”, 2016. Duração: 12’50”
“Yãmîy”, 2012. Duração: 15′
“Xokxop Pet”, 2009. Duração: 7’15”
“Kotkuphi”, 2012. Duração: 29’53”
“Xupapoynãg”, 2012. Duração: 15’54”
“Mîmãnãm: mõgmõka xi xûnîn”, 2012. Duração: 17’39”
“Yiax Kaax – Fim do Resguardo”, 2010. Duração: 24′
“Dia do índio na Aldeia Verde Maxakali”, 2010. Duração: 27’16”
“Kakxop Pit Hãmkoxuk Xop Te Yumugãhã (Iniciação dos Filhos da Terra)”. Duração: 47′
“Quando os yamiy vem dançar conosco”. Duração: 50’38”
ūgtuk pi yãg kupimõkuma
hamxapkuphã
xi poxhã xi yã
mãy te hãmxa mīy yī ãte nõyõna
hu hunū pēyõg xok, paxok xok, kot xok,
xi totmã yī mõg hu ta
pēyõg yītak mū xit
hu kix hu tak mūyãg xak yãy pu
huta xatanēn tu yãg pop mõg
hu nõ menex Ãyuhuk xop pu
payã Ãyuhuk xop tex mūyõg nõ takãn ôgnãg
hu yã hok pop hūta homi
xape xop pu nõ takat payã pop ax ū xape te
xatanēn hãmtox payã Tikmū’ūn te hãmxop xap
pop mõg ax ū yīypa hã
kot komīy nūy nõ menex
nūy ū yõg tayumak tu xuinãg pop xi xokyīn
axok kapex pam nūy ta put pu mõg ū xehe apne ha yãgnī hã
ūgtuk pi ãte tappet mīy putup oknãg
hãmxap kup mūn putup pax
payã mãy tex xat ka’ok ha ãte mīy tappet ũg mūg yīy ax hã
payã tuk nõg pax tappet mīy tu hu tak mõg putup oknãg
yīta mãy te kūm xop tu tappet ha mög ha
tu amuk xex ax hata tappet ha mög oknãg katu amuk um xe
yītak mõg tappet ha tu mõg tu yã ãte kax amix yūmūg
xi mokupix yūmūg
xukux Nõēm yõg apne pip ah kopak
yī ūyog kakxop mõg hu tappet mīy yãyã Otap yõg apne tu
payã hãmtox ixkot tu
ha xukux te Ãyuhuk xop
nõm te tappet mīy ax hã
hãm xop mutix hãm ãgtux xi ponãy xop kama
ha ponãy xop tex xat xi Tikmū’ūn tu
puyã Yaet mūn te kakxop yūmūgã ax tappet mīy hã ha ãte
kakxop yūmūgãhã
mãxap ax hã hãg môg menaniyõn tu nõm hã
mãy Hoyãy te hãmxomã ax xeka mīy 2000 hã tuk mūg xanãha
xi yãymax xop kama hak mūg mõg tuk mõxaha menaniyõn tu
pa yãymax xop xohi payã ãte
Ãyuhuk xop yīy yūmūg oknãg hã
kãyã mīm hã ãmuk mīy mã’ok nãg
hã Ãyuhuk xop te amuk pop nūn yīta ãte kopa kãyã mīm ti
huxõn hata hõnhã Ãyuhuk yīy ax
ãte yūmūg payã ap yūmūg xohi ah
xi kãyã mīm até mãhã payã a mã tãmnãg ah
tu hãmxip īhã xe yã nõy pip
menaniyõn tu ha xex xanãhã mãm hak mõg
ha yãymax xop tihi xaman xop tuk ha mūn xop tex mūg
yūmūgãhã ū kup xahi ū xuxet ax yimin Divino Xavante
tuk mūg yūmūgãhã menaniyõn kopa ha ãte xut yūmūg kutīynãg
īhã nõm hã até yūmūg mai tuta nõm hã até nõ hãmxomã ax xohi xut hu nõ pet xax mīy xohi
hãm xeka pu xi tappet mīy ax xohi Ãyuhuk xop yõg tappet
pu xi yãymax xop yõg xix mūyõg kama
Yã ãtep putup tãmnãg
nô pimã yã ãte ūg mūg hãmxomã’ax mūg putup
hãmxeka pu puyī ãyuhuk xop ūg mūg pip yūmūg
xix mūg xape xop yãymax xop hu mūg ūg mūyõg kõtot xēēnãg nū nõm
Ãyuhuk xop tex xip yūmūg nūy yõg nemene
mõxex putup hu tak xanãha yītak mõg kõmēn xeka tu
yã ãte mīy putup pax neyēg xokxop koxuk
xi mãm koxuk xi yãmīyxop koxuk xi yã
pãhã hãmxomã’ax koxuk
ūpip ũg mūyõg yãmīyxop
kotkuphi
poop
xūnīm
putuxop
ãmãxux
yãmīyxop tute Tikmū’ūn xohi ka’ogãhã tute Tikmū’ūn pakut xop hitupmãhã xi hãmpakut kumuk
mõkopnup apne pupi xi Tikmū’ūn xinãhã
xokyīn hã xi Tikmū’ūn te xinãhã kama
nõm pex paxex nūhū
ūg xeka nūy ūg xape xop
ka’ok Maxakani xop
pu yī Ãyuhuk xeka ūg yūmūg xi yõg apne yūmūg mai hu tikmū’ūn
à te prêmio gãyo ax kopxi tikmū’ūn xohi gãyo ax kama
Yã hãmũn nũhũ yõg hãm ãgtux. Puxi.
Meu nome é Isael Maxakali. Nasci na aldeia de Água Boa, município de Santa Helena de Minas (MG). Quando eu era pequeno eu caçava muito com bodoque e flecha. Minha mãe plantava roça e eu ajudava. A gente plantava milho, mandioca, abóbora e feijão, tirava a nossa parte e vendia o restante para os brancos na cidade de Santa Helena. Os brancos compravam barato da gente e depois vendiam mais caro para os seus parentes, mas eles compravam mesmo assim. A cidade de Santa Helena era longe da aldeia, mas os Tikmū’ūn levavam sementes e batata para vender e, com o dinheiro, compravam arroz, carne, café, pão e voltavam à pé para suas aldeias.
Quando eu era pequeno eu não queria saber de estudar! Eu gostava mesmo era de caçar com bodoque, mas minha mãe insistia comigo e por isso eu fui para a escola. Estudei primeiro na minha língua. Eu tinha preguiça de ir pra escola, mas minha mãe só dava comida para as minhas irmãs que frequentavam, aí eu comecei a ir. Foi assim que eu comecei a ler e escrever na língua dos Tikmū’ūn. Quando me casei com Sueli, fui morar na aldeia da minha tia Noêmia e fizemos uma casa lá. Mas na aldeia da minha tia não tinha escola e as crianças tinham que ir estudar na aldeia do tio Otávio. Mas a aldeia dele era longe e minha tia conversou com os brancos que trabalhavam na escola e eles me chamaram para dar aula para as crianças de lá. Foi assim que eu virei professor na aldeia. Algum tempo depois, a professora Rosângela, da UFMG, chamou a gente para participar de um evento grande em Belo Horizonte. O ano era 2000. Tinham muitos brancos e parentes de outros povos lá, mas eu não sabia falar a língua dos brancos e não comia alho. Mas os brancos nos serviam comida com alho e foi assim que eu me abri e aprendi a falar a língua deles. Hoje eu sei falar, mas nem tanto. Hoje eu como alho, mas nem tanto.
Voltei à Belo Horizonte outras vezes desde então. Numa delas, conheci o parente Divino Xavante, que me ensinou a filmar um pouquinho numa oficina em BH. Depois fiz outros cursos e aprendi melhor. Hoje eu já filmei muitas coisas, já fiz muitos filmes para as pessoas de todos os lugares assistirem. Eu gosto muito de filmar! Nos meus filmes, eu quero mostrar a nossa cultura diferente para os brancos saberem que nós existimos e que os nossos parentes existem também. Quero mostrar a nossa cultura bela e verdadeira para os brancos nos verem no DVD e saberem que nós existimos. E quando quiserem mostrar um filme meu me chamarem para ir à cidade grande. Eu também gosto muito de fazer desenhos dos bichos, dos peixes, dos espíritos yãmĩyxop e de outras coisas também. Existem os nossos espíritos yãmĩyxop da mandioca (kotkuphi), do macaco (po’op), do morcego (xūnīm), do papagaio (putuxop), da anta (ãmãxux) e outros. São os yãmĩyxop que nos fortalece, que curam as pessoas e sopram as doenças ruins para longe das nossas aldeias. Eles alimentam os Tikmū’ūn com carne de caça e os Tikmū’ūn alimentam eles também. Eu penso que, com o meu trabalho, eu cresço e fortaleço os Tikmū’ūn. Se eu fico conhecido, eles ficam também. Se eu ganho um prêmio, eles ganham também! É só isso mesmo que eu queria falar.
- Sueli e Isael Maxakali – culturas indígenas
- Com a câmera no mundo, por Ailton Magiolli.
- O cinema ancestral que vem da aldeia, por Juliana Baeta
- Curta Mostra Especial – Os índios e o cinema
- Roney Freitas e Isael Maxakali – Bienal Sesc Video Brasil
- Cinema e pensamento kinomaxakali
- A luta do cinema indígena
- Mostra de Cinema de Tirandentes premiou a diversidade brasileira
- TVE exibe “Yãmiyhex: as mulheres-espírito”
- Ameríndias: performances do cinema indígena no Brasil
- Pelos Mundos Indígenas. Espaço do Conhecimento da UFMG
- ArtForum: Vaivém at Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro
Exposições coletivas
2019-2020
– “Mundos indígenas”, Espaço do Conhecimento da UFMG, Belo Horizonte, MG
– “Vaivém”, Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Belo Horizonte
Filmografia
2019
– “Yãmiyhex: as mulheres-espírito”, longa, co-diretor, direção de Sueli e Isael Maxakali, realização Associação Filmes de Quintal
2016
– “Konãgxeka: o Dilúvio Maxakali”, curta de animação, co-diretor, direção de Isael Maxakali e Charles Bicalho, realização Pajé Filmes
2015
– “Kakxop pit hãmkoxuk xop te yũmũgãhã”: a iniciação dos filhos dos espíritos da terra, diretor do longa-metragem, realização Associação Filmes de Quintal
2011
– “Xupapoynãg”, diretor do curta-metragem, realização Pajé Filmes
– “Kotkuphi”, diretor do média-metragem, realização Pajé Filmes
– “Yãmîy”, diretor do curta-metragem, realização Pajé Filmes
– “Quando os yãmîy vêm cantar conosco”, co-diretor do longa-metragem, direção de Isael Maxakali, Sueli Maxakali e Renata Otto Diniz
2010
– “Yiax Kaax – Fim do Resguardo”, diretor do média-metragem, realização Pajé Filmes
2009
– “Xokxop pet”, diretor do curta-metragem, realização Pajé Filmes
2007
– “Tatakox”, diretor do curta-metragem, realização Associação Filmes de Quintal
Prêmios
– Prêmio Carlos Reichenbach de Melhor Longa da Mostra Olhos Livres, pelo Júri Jovem da 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Publicações
– Maxakali, Isael et alli. 2008. Hitupmã’ax: curar. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, Cipó Voador.
Exposição Mundos Indígenas reúne curadores de cinco povos indígenas brasileiros. TV UFMG
Posts relacionados
- Conheça as aquisições recentes do Instituto PIPA
- Exposição dos Premiados do PIPA 2022 até 30 de outubro no Paço Imperial
- "Dizer não" pensa a arte no Brasil em tempos de barbárie
- "Arte e os desafios do Antropoceno", por Luiz Camillo Osorio
- Catálogo Prêmio PIPA 2020 disponível para download
- Luiz Camillo Osorio conversa com Isael Maxakali
- Conheça o vencedor do PIPA Online 2020!
- CONHEÇA OS 72 ARTISTAS INDICADOS AO PRÊMIO PIPA 2020