Série “encontros di-fuso”, 2022
Série “Pedra engole peixe ou boca da terra”, 2022
“ Gustavo Caboco – Semente de Caboco”, 2021. Duração 70’04”
Gustavo Caboco Wapichana
Artista visual.
Nascido em Curitiba – Roraima. (1989).
Trabalha na rede Paraná- Roraima e nos caminhos de retorno à terra. Sua produção com desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance propõe maneiras de refletir sobre os deslocamentos dos corpos indígenas e sobre a produção e as retomadas da memória. Dedica-se também à pesquisa autônoma em acervos museológicos para contribuir na luta dos povos indígenas.
Em 2001 fez o seu primeiro “retorno à terra” Wapichana. Em 2018, foi vencedor do Concurso FNLIJ Tamoios de Textos de Escritores Indígenas com o texto “Semente de Caboco”. No ano de 2019, publicou seu primeiro livro, “Baaraz Kawau”, no Museu Paranaense em Curitiba, e participou da Exposição ‘VAIVÉM’ no CCBB. Participou da exposição “VÉXOA – nós sabemos” na Pinacoteca e foi vencedor do 3o Prêmio seLecT de Arte e Educação em 2020. Foi artista convidado da 34o Bienal de São Paulo e da exposição Moquém Surarï no MAM – São Paulo em 2021. Em 2022, realizou a performance “encontro di-fuso” na Universidade de Manchester durante o “Festival of Latin American Anti-Racist and Decolonial Art”, foi convidado para o encontro indígena “aabaakwad” no pavilhão Sámi na Bienal de Veneza, foi artista convidado do 32a programa de exposições do CCSP com “Coma Colonial”, realizou a individual “ouvir àterra” na Millan (São Paulo), lançou o livro “Baaraz Ka’aupan” no Museu Paranaense em Curitiba.
Exposições Coletivas
2023
– “Brasil futuro: as formas de democracia” no Museu da República, Brasília, DF
2022
– “Atos de revolta: outros imaginários sobre a independência” no MAM Rio de Janeiro, RJ
– “Coma Colonial”. Artista convidado do 32º Programa de Exposições do CCSP, São Paulo, SP
– “aabaakwad” Artista convidado no encontro indígena no pavilhão Sami em Bienal de Veneza, Itália
2021
– “Faz escuro, mas eu canto”. Artista convidado na 34ª Bienal de São Paulo com “Kanau’Kyba”
2020
– “Vêxoa – Nós Sabemos” na Pinacoteca de São Paulo, SP
– “Programa CONVIDA”, Instituto Moreira Salles, SP
2019
– “Netos de Makunaimî”, MusA (Museu de Arte da UFPR), Curitiba, PR
– “Como se nos conhecêssemos há anos”, Galeria Ponto de Fuga e 14ª Bienal de Curitiba, PR
– “Jardinalidades” no SESC Parque Dom Pedro II, São Paulo, SP
– “VaiVém” Centro Cultural Banco do Brasil. São Paulo, SP, Brasília, DF, Rio de Janeiro, RJ e Belo Horizonte, MG
– “Reantropofagia” Centro de Artes da UFF, Niterói, RJ
2017
– “Passo: em Terra” Museu Alfredo Andersen Curitiba, PR
2015
– “Vodou, Lakou & Kreyol” 4ª Bienal do Gueto, Port-Au-Prince, Haiti
2013
– “Gangnam Art District” na Galeria Platoon Kunsthalle, Seoul, Coréia do Sul
Exposições/projetos individuais
2023
– “Coma Colonial”, no Centro de Estudos Latino-Americanos, UC Berkeley, California, EUA
2022-2023
– “Baaraz ka’aupan”, lançamento do livro no Museu Paranaense, PR, Casa do Povo, SP e Museu da República, DF
2022
– “ouvir àterra”, exposição individual em Millan, São Paulo, SP
2019
– “Baaraz kawau”, lançamento do livro no Museu Paranaense, Curitiba, PR
2017
– “Passo”, exposição no Quilombo Santa Rosa dos Pretos, Itapecuru-mirim, MA
Prêmios
2020
– “Artista premiada no “PRÊMIO seLecT” o “3º Prêmio seLecT Arte e Educação” com o livro Baaraz Kawau
2018
– Vencedor do 15º Tamoios, promovido pelo instituto UKA em parceria com FNLIJ, com o texto “Semente de Caboco”, Rio de Janeiro, RJ
Coleções
– Pinacoteca de São Paulo
– MAR – Museu de Arte do Rio
– MAC-PR – Museu de Arte Contemporânea do Paraná
– MUPA – Museu Paranaense
– Museu da Língua Portuguesa
– MON – Museu Oscar Niemeyer
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes exclusivamente para o Prêmio PIPA 2022:
“ Gustavo Caboco – Semente de Caboco”, 2021. Duração 70’04”
“ Gustavo Caboco – Semente de Caboco”, 2021. Duração 70’04”
Sou artista Wapichana. Acontece, fio-filho-fio-filha, que acabou-se o tempo de voltar – e nos resta os caminhos de ida. Não há mais volta, mas o que retorna? Este ano de 2023, nesta caminhada que chamamos de “retorno à terra”, nos deparamos com um momento de atualizações e não há mais espaço para aquilo que se estabeleceu. Portanto: “à terra retorno”. Este ano, em minha caminhada pessoal, um ano simbólico em termos de vida artística e educação indígena, completei 33 anos em Outubro de 2022. Para quem acompanha nosso trabalho, sabe que foram 33 anos para minha mãe retornar à Terra Indígena Canauanim e re-encontrar com sua mãe, irmãos, irmãs, tios, tias, vôs, vós, desde que ela foi dada-raptada-desterrada de nosso território Wapichana (1968-2001). Desde então, sigo retornando também.
A performance do tempo – este que quando é linear não temos controle algum – se apresenta pra mim, para nós, enquanto ciclos de fio-fuso-fiar-plantar-rezar-semear-tecer-tramar-bordar. Trabalhar o fio forte, fazer um fio Wapichana forte, é um dos caminhos de retorno para fortalecermos nossa cultura. Este ato de fiar, girar o fuso, conversa diretamente com nossos símbolos de união e resistência – assim tenho aprendido com o movimento indígena, em Roraima. Não estamos sozinhos. Por hora, seguimos fiando este fio-forte e atravessando o tempo até completarmos mais uma volta nesses ciclos de “retorno à terra”. Cápsulas do tempo, sementes do bem viver.
Assim temos caminhado. Com atenção e realizando atividades de “Arte e Educação” em Museus, Escolas, Centros Culturais, Comunidades Indígenas, Quilombos, Muros, Nascentes, Acampamentos, Praças, Galerias e Salas de Reunião Virtual. A Arte, esta que é material, talvez seja só um detalhe, um documento, mas “a vida é só um detalhe”, disse Leandro. Arte salva sim, mas o que retorna? Por hora seguimos com o fio-forte, um fuso e o Jamaxim. E, em nossos caminhos de ida, seguiremos bordando nossas fronteiras Wapichana, pois continuam a querer sequestrar nosso vô Makunaima nesses campos da arte, sendo que somos nós, nós, os fios e netos, que vamos contar estas histórias.