(ultima atualização em julho/2021)
Belo Horizonte, MG, 1988.
Vive e trabalha em Vitória, ES.
Indicado ao Prêmio PIPA 2021.
Geovanni Lima é artista visual e performer, pesquisador e educador, trabalha a partir da investigação das relações entre corpo, sociedade e subjetividades, articulando questões sobre os marcadores que seu corpo sofre enquanto homem negro, em íntimo diálogo com seus acervos memoriais e dentro de uma concepção de performance que amalgama sua trajetória como artista com sua biografia. Doutorando e Mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com participação em diversos eventos de arte, como, por exemplo, o XI Encuentro Internacional do Hemispheric Institute, da New York University (NYU) (2019); a p.ARTE nº 42, da Plataforma de Performance Arte no Brasil (2019); e a Residência e Festival Corpus Urbis – 4ª edição – Oiapoque/AP, realizado pelo Coletivo Tenso(A)tivo com recursos do Rumos Itaú Cultural (2018). Como produtor cultural, é um dos propositores do projeto Performe-se – Festival de Performance (2015, 2017) e coordena o Festival Lacração – Arte e Cultura LGBTQIA+ (2019, 2021), ambos realizados no Espírito Santo.
Site: www.geovannilima.com
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes exclusivamente para o Prêmio PIPA 2021:
“Exercícios pra se lembrar, Rei da Primavera”, 2018-2021. Duração: 11’59”
“Sirva-se”, 2017. Duração: 32’46”
“O que te diz meu corpo?”, 2016. Duração: 4’22”
“Mover o branco/Esgotamento”, 2016. Duração: 5′
“Gorda”, 2015. Duração: 8’43”
“involucrum”, 2015. Duração: 1’37”
“Lavadeiras”, 2015. Duração: 4’2″
“μg/Kg”, 2017. Duração: 12’51”
Sobre os Trabalhos
– “Quantos passos valem uma caminhada?”, 2016
A performance tensiona questões pertinente a religiosidade, organização territorial das cidades brasileiras, sobretudo as dispostas em zonas periféricas, além de se propor a estabelecer um diálogo acerca da formatação das negritudes afro-brasileiras.
Sinopse: Para a performance me propus a caminhar pela cidade do Oiapoque, iniciando o trajeto na Ponte Binacional Franco-Brasileira, situada na divisa entre Brasil e Guiana Francesa (Saint-Georges City), e finalizando-o nas imediações centrais da cidade, tendo como território definido para esse momento o porto informal de barqueiros, instalado às margens do Rio Oiapoque, que atuava clandestinamente no tráfego de turistas sem documentação que desejavam visitar o departamento francês. Caminhando descalço pelo percurso descrito anteriormente, utilizando roupas brancas e portando nas mãos uma bandeira da mesma tonalidade com medidas de 2,30 m x 2,25 m. A cada templo religioso que encontrava em meu trajeto, em um movimento contínuo, até que houvesse o esgotamento de meu corpo, tremulava a bandeira em suas portas de entrada.
A performance foi formatada e apresentada na Residência e Festival Corpus Urbis – 4ª edição – Oiapoque/AP, em 2018, e no Festival MoV.Cidade em Vila Velha/ES, em 2019.
– “Bando Recíproco”, 2019
Objetos usados em performance: carrinho composto por mdf, madeira, espelho, tecidos, hastes de PVC, rodízios fixos e giratórios. Colaborações: Deyvson Oliveira (ação). Ney Wallace (marcenaria). Performers-colaboradores: Bruno Britto, Dara Thayná, Deyvson Oliveira, Dinho Lima Flor, Gervásio Braz, Gustavo Soares, Hayla Cavalcanti, Rafael Silas, Samara Lacerda e Suenne Sotero.
– “Branqueamento ou ação repetida de cuidar”, 2019
O trabalho foi elaborado a partir das memórias autobiográficas, sobretudo partindo da experiência vivenciada por pessoas afro-brasileiras cotidianamente no processo de construção de suas identidades.
Sinopse: A performance se constitui de três atos subsequentes. No primeiro ato, vestido com calça e camisa branca, permaneço sentado diante de um recipiente com seis frascos de desodorantes aerossol. Um áudio é disponibilizado no ambiente com o relato de uma experiência racista que vivenciei na escola, e à medida que o comportamento que adotei diante da mesma vai sendo narrado, expondo meu corpo nu, faço a utilização dos desodorantes, esgotando-os. O processo de aplicação não se limita às axilas, estendendo-se para todas as partes do meu corpo.
No segundo ato, na tentativa de minimizar os danos causados pela utilização exagerada dos desodorantes, recorro a uma prática ancestral para atenuar as irritações que eles me causaram. Nesse momento da performance, produzo um banho de óleos, e aplico sobre a pele irritada a essência concentrada de óleo de arruda com azeite extravirgem.
No terceiro ato, na sequência da aplicação do óleo de arruda, preparo um banho de ervas para que possa me lavar. Ainda nu, diante de dois recipientes, um maior para que possa acomodar meu corpo em pé, e um menor com água quente e as ervas a serem maceradas, realizo o preparo de um banho. De joelhos diante do recipiente menor, macero as ervas e as misturo com a água quente. Assim que esta fica morna e pronta para ser utilizada, e tendo as essências das ervas já sido incorporadas ao conteúdo, em pé, dentro do recipiente maior, aplico o preparo sobre o corpo, respeitando o limite do pescoço até os pés.
A performance foi executada no 26º aniversário do Museu Capixaba do Negro (MUCANE), em Vitória/ES; na III Mostra Movediça de Performances, na Galeria Liberdade, em São Paulo/SP; e na p-ARTE – Plataforma de Performances, edição nº 42, em Curitiba/PR.
– “Rei da Primavera”, 2021
A performance foi elaborada a partir de memórias autobiográficas, partindo da tentativa de estabelecer redes de afeto entre pessoas afro-brasileiras.
Sinopse: Para o trabalho criei uma pele-macacão bordada com folhas e flores artificiais, acompanhada de uma coroa de galhos, flores e folhas de igual material produzida para a cabeça. A exemplo das flores que confeccionava para a decoração do salão onde era realizado o Baile da Primavera da escola, produzi flores diversas, com retalhos de tecidos, que posicionei em uma cesta de palha, do tipo de piquenique, nos moldes de um arranjo floral. Após me vestir com essa pele-macacão florida, portando a cesta de flores em uma das mãos, me coloco a caminhar pelo espaço público. Durante o percurso, realizo a distribuição das diversas flores que carrego aos transeuntes pretos que encontro pelo caminho.
A performance foi desenvolvida com premiação do Fundo Municipal de Cultura de Vitória – FUNCULTURA (Chamamento público Nº 005/2020 De Seleção de Propostas de apresentação e formação artístico-cultural – Lei Federal Aldir Blanc)
– “O que te diz meu corpo?”, 2016
A performance “O que te diz meu corpo?” propõem um corpo-escultura no espaço público, que a medida que se locomove tensiona a noção de tempo-espaço, proporcionando ao transeunte uma jogo entre movimento corporal e a escuta de histórias sem personagens definidos, relatos que emergem de partes do corpo que normalmente não emitem som.
Sinopse: Me visto de uma pele-macacão e caminho pelo espaço público em silêncio. Por meio de fones de ouvido dispostos por baixo da pele-macacão conectados a aparelhos reprodutores de áudio tipo MP3 fixados em meu corpo, o transeunte pode ouvir memórias aleatórias, gravadas informalmente por mim e que se conectam as partes onde os aparelhos estão fixados.
A performance foi realizada no Encuentro 2019, do Instituto Hemisferico de Performance (NYU), Cidade do Mexico/MX. Festival SESC Aldeia Ilha do Mel, 2017, Vitória-ES; Exposição Coletiva Frágil – Pele Fina da Civilização, 2017, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES; I Semana Municipal de Arte Moderna da Juventude Afro-Ameríndia de Vitória, Museu Capixaba do Negro – MUCANE, 2017, Vitória-ES; Mostra Xoque de Arte da Guerra, Florianópolis, Santa Catarina, 2016.
– “Epiderme Social”, 2015
A performance “Epiderme Social” retoma as “imagens de controle” frequentemente atribuídas a pessoas afro-brasileiras, expondo o racismo cotidiano que os mesmos precisam enfrentar em suas vivências.
Sinopse: Me posiciono no meio da rua, em um local com fluxo de passantes relevante, vestindo roupas do meu dia a dia. Em silêncio, me dispo até que só reste a cueca, em seguida venda os olhos. Com auxílio, coloco em uma de minhas mãos uma carimbeira e na outra 06 (seis) carimbos com os xingamentos “gordo”, “preto”, “viado”, “sapatão”, “feminista” e “afeminado” [palavras que no de correr de minha vida desempenharam a função de substantivo próprio, me identificando], e 01 (um) carimbo com meu nome. Em silêncio e vendado aguardo que o público transeunte comece a marcar meu corpo, utilizando ou não os carimbos.
A performance foi realizada durante o Viradão Cultural da Prefeitura Municipal de Vitória/ES e teve seus registros apresentados na exposição CORPOFORMER, durante o I Performe-se – Festival de Performance, 2015; Exposição Quanto mais arte melhor, do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, em 2019.
– “involucrum”, 2015
A performance “involucrum” parte de experiências autobiográficas e tensiona os padrões corporais estabelecidos socialmente.
Sinopse: Performance presencial que consiste na criação de uma epiderme (pele-invólucro), de tinta e cola, produzida por meio de inúmeras camadas que envolvem o corpo do performer. Após a secagem da pele-invólucro ela é retirada como em um processo de esfolamento voluntário. A ação é de longa duração e conta com uma maca, cadeira, pincel, tinta à base de cola branca, espátula, vasilhame para tinta e dois performers.
A performance foi realizada na exposição coletiva OCUPA 2015, da Galeria de Arte e Pesquisada Universidade Federal do Espírito Santo; Casa de Cultura Stael, Vitória – ES durante o evento Casa Aberta – Viradão Cultural 2015; Mostra Off de Teatro de Grupo, 2015, Cia de Teatro Má Companhia.
– “μg/Kg”, 2017
Sinopse: Performance presencial participativa. A partir do crime ambiental responsabilizado pela empresa Samarco, cuja barragem foi rompida, afetando a cidade e os rios próximos aos locais da empresa e ainda outros, ocorrido em Bento Rodrigues, município de Mariana, MG, em 05 de novembro de 2015, surge essa performance que propõe a preparação de uma moqueca capixaba com peixes contaminados, trazidos da região afetada pelo ocorrido.
A performance foi realizada na exposição coletiva Deslizes Monumentais, Sonhos Intranquilos, da Galeria de Arte e Pesquisada Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória/ES, 2017.
– “Ensaio para [des]construção do corpo”, 2019
A performance tensiona as relações estabelecidas junto a comida. Tenta evidenciar as relações ódio/amor e aceitação/não aceitação vivenciadas por diversos sujeitos socialmente. Busca pela relação performer/alimento materializada pelo ato mecânico de comer, investigar a relação indivíduo-corpo-sociedade.
Sinopse: Vestido de branco produzo uma mesa com diversas guloseimas. Após a mesa estar pronta, sirvo, com uma porção pequena de alimentos, todos os presentes. Após este ato me sento e começo a comer. Me proponho a comer todos os alimentos disponíveis. Este ato inicia-se de maneira lenta e é acelerado (violentamente) a medida em que sinto ser necessário. Durante este processo ocorre a produção de vômitos e sangramento sobre a mesa. Após todos os alimentos terem sidos comidos – e muitas vezes vomitados de volta, me levanto e sirvo a comida que sobra a quem decide compartilhar o que sobrou.
A performance já teve seu processo desmontado dentro do VII InterFaces Internacional – Performance e pedagogia: poéticas e políticas do corpo, na Universidade Federal de Uberlândia, também foi apresentada na exposição coletiva DAVisuais, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Geovanni Lima na EPA_PERFORMANCE NA REDE, 2020. Duração: 56’31”
Quarto eixo do “Ciclo de Formação Online em Performance”, ministrado por Geovanni Lima, 2021. Duração: 162’45”
DEBATE SOBRE A EXPOSIÇÃO: VISUALIDADES QUEER, 2020. Duração: 165’40
Talk ‘Diaspórica’ – Encontro das Pretas 2020. Duração: 104’57”