(ultima atualização em novembro/2017)
A exposição da sétima edição do Prêmio PIPA aconteceu no MAM-Rio entre os dias 03 de setembro e 13 de novembro e apresentou obras dos quatro artistas finalistas de 2016, Clara Ianni, Gustavo Speridião e Luiza Baldan e Paulo Nazareth.
Sobre os finalistas em 2016, Luiz Camillo Osorio afirma: “São quatro artistas com poéticas contundentes, diversificadas e de alta intensidade política. Em um país e um mundo convulsionados por crises e desafios político civilizatórios, o que se espera da arte é, no mínimo, é compromisso sem adesão com o momento”.
Clara Ianni, cuja pesquisa de doutorado em Artes Visuais na USP é focada na relação entre arte e política, mostra o vídeo-instalação “Círculo” (2014-2016). A obra consiste em um documentário em vídeo sobre uma manifestação contra a Copa do Mundo pelas ruas de São Paulo em 2014. Nela, a polícia usa a técnica Caldeirão de Hamburgo, onde confina a multidão em determinada área através de uma formação circular. “A ideia do trabalho é fazer-nos pensar sobre a forma do círculo e suas diversas aplicações”, diz Clara. A artista aplica um círculo em vinil no chão do museu, onde o espectador assiste o filme e pode se sentir confinado dentro de um caldeirão. A artista também faz a analogia do círculo de Hamburgo com os avisos típicos dos museus que indicam a distância mínima de aproximação diante de uma obra de arte.
Gustavo Speridião é, provavelmente, o artista entre os finalistas cuja pegada política é mais explícita. Na exposição, ele exibiu a pintura-instalação “Fora” (2013), uma tela de 6,5 metros grampeada na parede, onde palavras ocupam o plano pictórico de maneira a emular uma bandeira de protesto ou um caderno de anotações políticas. Sobre o processo do trabalho, Speridião afirma que a pintura nasceu de um material de “lágrimas, sangue, suor e nanquim”.
“Todo mundo tem um perfil muito político. Talvez na obra de Baldan essa abordagem seja menos óbvia, mas ela pode ser encontrada na forma como ela explora a arquitetura“, comenta Osorio sobre mais uma finalista ao Prêmio PIPA 2016, Luiza Baldan. Na videoinstalação “Perabé” (2014-2015), a artista apresenta uma narrativa contemporânea sobre sua relação com as cidades em que viveu. “São Paulo foi a primeira cidade onde eu morei, por um curto período de tempo, que não está na costa, e eu percebi o quanto eu sinto falta do mar na minha relação com a cidade.” Trata-se de uma coleção de fotografias e um texto escrito pelo artista, lido a quatro vozes através de quatro canais de som separados.
Luiza ainda constrói uma ponte de sua produção com o do último finalista e vencedor do Prêmio PIPA 2016, Paulo Nazareth: “[seu trabalho] tem uma pegada completamente diferente do meu, mas tem essa coisa do deslocamento, da errância. De você de alguma forma ir construindo coisas que você coleta e vai encontrando ao longo do caminho”.
Vencedor do Prêmio PIPA e do Voto Popular 2016, Paulo Nazareth tem viajado longas distâncias a pé: da aldeia de Caiová para Nova York, de Miami a Mumbai. Entre os muitos destinos curiosos, ele apresenta a série “Produtos de Genocídio” (2015-2016), um instalação que reúne em um mesmo grupo objetos “já feitos”, serigrafias, gravuras, e um vídeo. A série reflete sobre o extermínio das populações indígenas e a apropriação de elementos de sua cultura como bens de consumo. Falando sobre a exposição como um todo, Nazareth observa: “Eu não sei como nossas obras vão dialogar, ao mesmo tempo que estamos dialogando por estarmos vivendo o mesmo no tempo. Cada um de nós com sua história e sua maneira de encarar esse momento histórico atual”.
A exposição do PIPA acontece sempre no MAM-Rio, que fica na Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo.
Assista ao vídeo da montagem com a participação dos finalistas contando sobre as obras na exposição: