Rio de Janeiro, RJ, 1962.
Vive e trabalha em Londres, Reino Unido.
As aspirações de Elizabeth foram definidas pelas expectativas dos seus pais. Expressões de identidade individual foram reprimidas. Suas esculturas minimalistas expressam uma história pessoal, seus sentimentos e emoções formados na infância. Seu trabalho ‘Squares’ (Quadrados), foi selecionado para a mostra ‘Fresh’ e exibido na Bienal de Cerâmica Britânica em 2019. Em junho de 2022, Elizabeth se formou num mestrado de Cerâmica e Vidro pelo The Royal College of Art de Londres, instituição classificada como a número um em Arte e Design pela QS World University Ranking de 2022. Seu trabalho Release, foi selecionado para a importante exibição Formed with Future Heritage, a ser realizada no Design Centre em Chelsea Harbour em outubro próximo.
Série Liberação – 2022
Série Liberação – 2020
“Release“, 2021. Duração: 0’59”
Série Quadrado – 2019
Nascida no Rio de Janeiro, Brasil, me formei em Economia pela PUC – RJ. Segui carreira na área de business e marketing, atuando, inicialmente, na área financeira e, posteriormente, em marketing de produtos de consumo, desenvolvendo e lançando novos produtos para empresas multinacionais.
Aos 40 anos, me mudei com minha família, para Nova York e morei lá por 10 anos.
Comecei minha experiência com a argila, no Rio de Janeiro, em 2000, e a cerâmica, rapidamente, tornou-se uma paixão. A partir daí, dediquei o máximo de tempo possível à cerâmica, mas sempre limitada aos cursos de curta duração.
Minha determinação em seguir minha paixão se tornou possível em Londres, para onde me mudei, em 2013. Aqui, fui aceita em um curso de cerâmica de dois anos, na City Lit, onde me formei, em julho de 2019.
Eu fui atraída pela argila em função de sua maleabilidade. Esse é um meio que me permite trabalhar instintivamente e intuitivamente. Gestos espontâneos possibilitam facilmente, moldar a argila molhada transformando-a em uma escultura. Sou fascinada pela materialidade da argila e por seu potencial de se transformar em diferentes estados, texturas e cores com o intuito de transmitir tensão e conflito.
Sou especializada em construção manual e colagem de barbotina. Meu amor pela forma leva a uma busca pelo equilíbrio visual e a um refinamento que confere ao meu trabalho, uma fluidez natural que transmite movimento e transformação.
Desde quando comecei a trabalhar com argila, optei pela porcelana e argila Parian, pela sua elegância, pureza de cor e brilho natural. Meu compromisso com a qualidade do acabamento, é notável e se evidencia pela suavidade das minhas superfícies e pela precisão das minhas bordas, ambas polidas e lixadas à perfeição.
Release (Liberação) – 2022
O trabalho de Elizabeth fala de autoaceitação. Ele confronta e questiona expectativas de perfeição e as emoções libertadoras de abraçar quem somos e as nossas limitações.
Release (Liberação) baseia-se em seu trauma de infância e no dilema interno de querer ser ela mesma, mas precisando se submeter às expectativas de seus pais.
Suas formas esculturais em cerâmica expressam o conflito entre conformidade e independência, sugerindo pressões internas que revelam as tensões criadas entre o desejo de construir sua própria individualidade e a necessidade de cumprir o que se espera de você.
Seu trabalho ilustra essa transformação, o constante fluxo e refluxo de abrir mão do controle e romper com a rigidez para permitir uma identidade mais fluida e flexível. Neste processo, Elizabeth revela e abraça imperfeições que normalmente seriam escondidas ou descartadas.
Esculturas brancas puras, feitas em argila Parian, se distinguem pelo seu brilho acetinado e referenciam noções de elegância da porcelana e sua associação à rigidez de padrões tradicionais. Ao distorcer cuidadosamente uma forma geométrica perfeita, Elizabeth transforma sua estrutura rígida numa estética assimétrica que transmite movimento, fluidez e mudança. Esse processo culmina em um ponto de ruptura – liberação – expresso através da beleza das bordas quebradas e da ênfase nas rachaduras de tensão que são preenchidas com prata.
Em suas peças, elementos de rigidez convivem harmoniosamente com a sensualidade das curvas e sinais de ruptura, num equilíbrio entre conformidade e liberação.
Release (Liberação) – 2020
O trabalho ‘Release’ (Liberação) 2020, foi desenvolvido no Royal College of Art, em resposta a um briefing de projeto baseado em um vaso de porcelana rococó, do século XVIII, do Victoria & Albert Museum. ‘Release’ (Liberação) 2020 é uma interpretação contemporânea do rococó inspirada nas qualidades que definem o estilo: a assimetria, o uso da forma em “S”, e as muitas linhas de seu motivo-assinatura: a folha de acanto. Esta escultura de porcelana é uma peça minimalista que contrasta com o elaborado estilo rococó, transmitindo um senso de identidade pessoal. Seu movimento e forma expressam fuga e liberdade e abrem espaço para que eu seja eu mesma. Este trabalho foi um preâmbulo ao trabalho final de formatura Release (Liberação) de 2022.
Squares (Quadrado) – 2019
Elizabeth nasceu no Brasil, em uma família tradicional de imigrantes da Polônia e do Egito. Suas aspirações foram definidas pelas expectativas dos seus pais. Expressões de identidade individual foram reprimidas. O conflito entre confinamento e libertação moldou sua vida.
Squares (Quadrado) se baseia nesse conflito, ampliando as limitações geométricas do quadrado. Esculturas de porcelana, feitas à mão, transformam as propriedades rígidas do quadrado em possibilidades curvilíneas, que expressam movimento e liberação. Através do fazer, ela distorçe, dobra e torçe as paredes da peça, para criar esculturas fluidas, abstratas e de formas abertas.
As qualidades transformadoras da porcelana, sob o efeito do calor e do tempo, introduzem um elemento de acaso, que contribui para sua estética biomórfica suave. A sua cor e forma puras, delineadas por um contorno delicado, trazem à tona notas de minimalismo. As propriedades finas e translúcidas do material transmitem um elemento de fragilidade aparente, mas, uma vez tocada, a porcelana se revela dura e inflexível.
Seu trabalho evoca um equilíbrio entre controle e liberdade, entre força e fragilidade, entre confinamento e libertação.