Elilson (Recife, 1991) é artista, pesquisador e professor. Doutorando em Artes Visuais na USP, é Mestre em Artes da Cena – performance pela UFRJ e Graduado em Letras pela UFPE. Foi artista-bolsista do Programa de Formação e Deformação da EAV – Parque Lage em 2018. Pesquisa principalmente inter-relações entre arte da performance e mobilidade urbana, experimentando com performance, escrita, oralidade, instalações e ações públicas. Publicou dois livros através do programa Rumos Itaú Cultural: “Por uma mobilidade performativa” (Editora Temporária, 2017) e “Mobilidade [inter]urbana-performativa” (2019). Desde 2016, tem integrado exposições e festivais em diversas cidades, dentre as quais: “Mostra Todos os Gêneros” – Itaú Cultural (São Paulo, 2020); “Verbo” – Galeria Vermelho (São Paulo, 2019); “Flexões Performáticas” – CCBB (São Paulo, 2019); “Metrópole Transcultural” – Galpão Bela Maré (Rio de Janeiro, 2019); “Formação e Deformação” – Parque Lage (Rio de Janeiro, 2018), “EDP nas Artes” – Instituto Tomie Ohtake (São Paulo, 2018) e “Temporal” (Asunción, 2017). Em 2018, foi contemplado com os prêmios Rumos Itaú Cultural e EDP nas Artes do Instituto Tomie Ohtake, através do qual realizou residência em R.A.R.O (Buenos Aires, 2019). Em 2020, participou do programa de residência da FAAP/SP e foi um dos artistas selecionados na 30ª Edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, realizando sua primeira individual: “Movimento, polissêmico”.
“C(h)ancela 24“, 2020. Duração: 16’00”
“ré Pública: variação oral“, 2018. Duração: 15’21”
“Transporte Olímpico“, 2016/2017. Duração: 7’39”
“Gota – exposição oral 17“, 2018. Duração: 27’38”
“Troncal, uma palestra sobre a palavra no Rio de Janeiro“, 2016. Duração: 13’36”
“Arte Panfletária: exposição oral“, 2019. Duração: 51’07”
Sobre os Trabalhos
Vestindo roupas sem estampas, caminho à procura de panfleteiras e panfleteiros. Aceito todos os panfletos distriuídos, oferecendo um ou dois alfinetes de segurança para que cada trabalhador(a) decida em que ponto do meu corpo seu anúncio deve ser anexado. Retorno para casa apenas quando as roupas estão integralmente panfletadas. Se as roupas se transmutam em instalações discursivas que registram caminhadas de até 8 horas, as crônicas escritas a partir das performances concatenam os encontros com as/os panfleteiras/os em conversas que suscitam questões como fluxos migratórios, memórias familiares e relações entre poder e solidariedade. Performance realizada entre 2018 e 2019 em: Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Recife e Buenos Aires, com durações de 5 a 8 horas.
Objetos usados em performance: carrinho composto por mdf, madeira, espelho, tecidos, hastes de PVC, rodízios fixos e giratórios. Colaborações: Deyvson Oliveira (ação). Ney Wallace (marcenaria). Performers-colaboradores: Bruno Britto, Dara Thayná, Deyvson Oliveira, Dinho Lima Flor, Gervásio Braz, Gustavo Soares, Hayla Cavalcanti, Rafael Silas, Samara Lacerda e Suenne Sotero.
- “Chuva de Direitos”, 2018
Em 2018, joguei carteiras de trabalho gigantes do alto de prédios da cidade do Rio de Janeiro. Como o título sugere, trata-se de uma ação-tributo à “Chuva de Dinheiro” [1983-1985], das artistas Márcia X. e Ana Cavalcanti.
1000 envelopes vermelhos foram jogados ao longo de um dia do alto de prédios do Rio de Janeiro. No interior, um cartão metalfilm com a frase do estudante Marcus Vinícius serigrafada e uma cópia em papel jornal do discurso antimilitarista proferido por Márcio Moreira Alves em 1968 espelham a violência militarizada entre os 50 anos que separam essess acontecimentos.
Percorro as ruas à procura de pessoas bebendo água ou trabalhando com água para gota a gota, preencher os 13, 6 litros do balde vermelho. Em uma dessas coletas, utilizei as 2 horas de águas para eliminar a pichação “viado bom é viado morto”, inscrita num banheiro da UFRJ em comemoração ao assassinato do estudante Diego Vieira Machado. O relato que registra esse ciclo de coleta e lavagem é apresentado em galerias e centros culturais, quando, antes da exposição oral, repito o gesto de caminhar por horas coletando águas de transeuntes, bebendo-as e despachando-as no espaço expositivo ao término da leitura. Este é o primeiro de uma série de trabalhos em que me interesso por investigar a semelhante vitalidade linguística que possuem expressões populares e discursos de ódio.
Em horários de intenso fluxo, utilizei os serviços de trem ou metrô vestindo uma máscara de boi em arame eletroluminescente, salientando a cenografia curral. Encararei sempre que fui fitado. Conversei somente quando outros passageiros iniciaram o diálogo.
- “Tri(u)nca Histórica”, 2017
Marcha de costas no contrafluxo dos carros. Camisa serigrafada e bandeiras.
Primeiro trabalho de uma série de caminhadas de costas. Grupos de brasileiras e brasileiros, vestindo camisas com as inscrições 2016 [frente] e 1964 [costas] caminharam de costas por até 3 h, silenciosamente e com as mãos espalmadas para baixo. Pontos de início e término preestabelecidos em consonância a fatos históricos). Performers-colaboradores: Grupo de Estudos PTI – Teatro Inominável – Ana Paula Penna, André Rodrigues, Andrêas Gatto, Carla Souza, Chris Ayumi, Diogo Liberano, Flávia Naves, Francisco Costa, Gleisse Paixão, Hugo Grativol, Joana Poppe, Lúx Nègre, Márcio Machado, Maria Baderna, Mayara Yamada, Regina Medeiros, Thaís Barros e Virgínia Maria.
Outros Performers-colaboradores: Ana Kemper, Inês Palmeiro, Jan Macedo, Jojo Rodrigues, Maria Acselrad, Maria Baderna, Maria Luisa Mendes, Maria Palmeiro, Nathália Mello, Otávio Leonidio, Patricia Kirilos Naegale, Renata Caldas, Vanessa Matos e Yanna Bello.
- “Transporte Olímpico”, 2016-2017
Utilizei uma parada do VLT, no RJ, como academia de ginástica e apostei corridas com o trem, ultrapassando e sendo ultrapassado. Colaborações: concepção conjunta a Eleonora Fabião; performers-colaboradores da versão revezamento: Andrêas Gatto, Maria Palmeiro e Gunnar Borges.
Bandeira costurada por passageiros do trem, ao longo de 5 horas de vagão em vagão, em tributo a Adílio Cabral dos Santos, ambulante atropelado por 3 trens em 2015.
Com um carrinho de supermercado contendo almofadas, água mineral e protetor solar, paguei os valores relativos às tarifas vigentes nos transportes públicos das cidades do Rio de Janeiro e Curitiba àqueles que se sujeitassem a percorrer, dentro do carrinho, o trajeto entre duas estações de metrô, além de autorizar o registro de suas imagens.
“#PorDentroDoAteliê – Elilson”, 2021. Duração: 14’57”