Clara Moreira é artista visual, desenhista, nasceu e mora no Recife. Sua pesquisa artística desenvolve-se no uso do desenho feito à mão, testando-o como diálogo poético e artesania de corpo. “Venho andando com o desenho, lentamente, sobre este corpo que sou e que carrego e noutras vezes o arrasto (definitivamente o arrasto), e ele me escapa pelos dedos, vindo da escápula exausta, desenho-me em bichos, desenho o fio do espelho, desfio de dentro as fitas de cetim, amarro-me no fio de cabelo.”
” Eu desenho desde sempre. Quando criança aprendi técnicas de desenho com o meu pai e ele tinha aprendido com a mãe dele, e em toda a nossa família de trabalhadoras e trabalhadores pobres, todos eram artistas mas ninguém pôde sê-lo como experiência profissional remunerada, mas como experiência popular diluída, na prática cotidiana da vida no subúrbio do Recife: Cresci/aprendi numa família de enfeitadores de rua e de casamento, ensaiadores de pastoril e quadrilha, teatro de rua, cantoria, palhaço, condutores de estandarte. Sempre desenhei, e sempre desenhei com o propósito de guardar um segredo dentro da imagem. Fiz assim por toda a vida e o desenho nunca saiu de dentro do meu braço e ele, no meu corpo, é o vínculo da coisa artística (sou muito ligada ao desenho, assim como alguém está ligado a uma parte de seu próprio corpo, não consigo explicar ao mesmo tempo em que me define, é meu ofício e é também meu amante, é antigo e é uma surpresa). Por causa do desenho eu sempre estive ligada ao desejo, ao segredo e ao destino de ser artista. Aos poucos, o trabalho de artista veio se tornando a minha profissão e depois se tornou uma condição finalmente inevitável, mas não é fácil. É instável como caminhar na corda bamba, tem mais abismo do que chão. Mas eu preciso tentar. “
“ #CulturaEmRedeSescPE Vídeo de Artista Diário para o desenho do espelho | 21/08”, 2020. Duração 15’42”
“ Processos corpóreos riscar, habitar, pousar – FESTIVAL DESENHO VIVO ”, 2021. Duração 125’32”
“ Clara Moreira”, 2021. Duração 13’36”