Caroline Ricca Lee (São Paulo, 1990) é artista transdisciplinar e pesquisadore cuja produção dedica-se à ficções especulativas sobre memória, identidade e ancestralidade. No caso, escultura, performance, instalações multimídia, design especulativo e escrita, alinhavam-se na produção de um campo de testes para a colisão entre a realidade e a ficção; o histórico e o mítico; o sonho e o trauma. Diante de tais relações, u artista propõe territórios, entidades e narrativas que buscam corporificar uma intepretação complexa e mutável da experiência. Ainda, se propõe como sujeito do conhecimento nas intersecções de práxis entre arte, reflexão crítica e estudos decoloniais, sendo suas principais áreas de pesquisa: Identidade asiático-brasileira, feminismo e subversão de gênero.
Foi artista residente na residenzPLUSbrasil16 (Internationales Künstlerhaus Villa Waldberta, Munique, 2016), organização plataforma PLUSbrasil. Destacam-se as exposições: Do voo às narinas respirar, braços longos, mensagens ao vento (HOA Galeria, São Paulo, 2023); 1º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás (Museu de Arte Contemporânea de Goiás, Goiânia, 2022); Essa minha letra (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira, Rio de Janeiro, 2022); 31ª Mostra de Exposições do Centro Cultural São Paulo (Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2021); Curação (Centro Cultural São Paulo, São Paulo, 2020). Representação por HOA galeria.
“Invitation to SEW in your skin, performance ”, 2016. Duração 0’44”
“ TERRA/mãe, video performance [VHS]”, 2020. Duração 1’01”
“ TERRA/mãe, performance”, 2020. Duração 554’34”
“ phantom/memoir, video-instalação”, 2021. Duração 0’10”
“ MOTHER/ship — #001 Unspoken, video-instalação ”, 2021. Duração ‘”
Formação acadêmica
2020-2021 — Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAS-USP), Iniciação Científica, Orientação: Profª Drª Laura Moutinho, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
2020-2021 — Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença da Universidade de São Paulo (NUMAS-USP), Pesquisador, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
2009-2012 — Faculdade Santa Marcelina, Bacharelado, São Paulo, Brasil
Residências artística, prêmios e fellowships
2023 — Prêmio Pipa 2023, Artista indicado, Prêmio Nacional de Arte Contemporânea, Instituto Pipa, Brasil
2021 — Against the Grain, Programa de Fellowship, Futuress, Basel, Suiça
2021 — 7th Crystal Ruth Bell Residency – Mediated, Finalista, China Residencies, Pequim, China
2016 — residenzPLUSbrasil16, Artista residente, Internationales Künstlerhaus Villa Waldberta, Munique, Alemanha
Exposição individual
2021
— “terra/MÃE: Trânsito de memórias e corpos-territórios em desterritório”, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil
Exposições coletivas
2023
— “Aparamento”, curadoria: Pivô e Alexandre dos Anjos, organização Pivô, 19ª SP–Arte, São Paulo, Brasil
— “Do voo às narinas respirar”, braços longos, mensagens ao vento, curadoria: Nathalia Grillo e Guilherme Teixeira, HOA Galeria, São Paulo, Brasil
2022
— “Vivemos pra Isso”, curadoria: Bruna Fernanda, Érica Burini, Khadig Fares e Thais Rivitti, organização Coletivo Vozes Agudas, Ateliê 397 e Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil
— “1º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Goiás”, Região Sudeste, curadoria: Marcio Harum, Museu de Arte Contemporânea de Goiás/MAC-GO, Goiânia, Brasil
— “World-sensing”, curadoria: Tais Koshino, Despace, Berlim, Alemanha
— “MAGMA”, curadoria: Yellena Boni, Refraction International Festival, São Paulo, Brasil
— “SP-Arte 2022”, HOA Galeria, 18ª SP–Arte, Pavilhão Bienal, São Paulo, Brasil
— “Essa minha letra: Lima Barreto e os Modernismos Negros”, curadoria: Jaime Lauriano, Lilia Schwarcz e Pedro Meira, FLUP, Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), Rio de Janeiro, Brasil
2021
— “31° Programa de exposições, curadoria: Hélio Menezes e Adelaide Pontes”, comissão julgadora: Paulete Lindacelva, Sandra Benites e Thiago de Paula Souza, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil
— “GINGA”, Leilão ARTFIZZ, HOA Galeria, Nova Iorque, Estados Unidos
— “Ninguém vai tombar nossa bandeira”, curadoria: Julia Lima, Centro Cultural da Diversidade, São Paulo, Brasil
2020
— “CURAÇÃO”, curadoria: Paula Garcia, Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil
— “Mulatis”, Enganastes, Delirastes, Risastis, Côsmicus, HOA Galeria, ArtRio Online Viewing Room, Rio de Janeiro, Brasil
2019
— “A Noite Não Adormecerá Jamais nos Olhos Nossos”, curadoria: Carollina Lauriano, Levante Nacional Trovoa, Galeria Baró, São Paulo, Brasil
2017
— “HEARTSEWBEAT + Preciso Dizer Que Te Amo”, Melissa Meio-Fio’17, curadoria: Erika Palomino, Mauricio Ianês e Paula Garcia, Teatro Oficina, São Paulo, Brasil
2016
— “Okkupation Projeto”, curadoria: Danilo Oliveira e Mario Lopes, Schaufenster der Färberei, Munique, Alemanha
— “Invitation to SEW in Your Skin”, residenzPLUSbrasil16, Schaufenster der Färberei, Munique, Alemanha
Artigos, publicações e capítulos
2022 — “MOTHER/land — Body-cartographies of Race and Gender in the Asian-Brazilian Identity”, Sixth Annual Symposium of Latin American Art: “Movement & Presence: The Visual Culture of the Americas”, The Institute of Fine Arts at New York University, The Graduate Center at the City University of New York, Columbia University in the City of New York, and the Institute for Studies on Latin American Art (ISLAA), Nova York, Estados Unidos
2021 — Entre a “minoria modelo” e o “vírus chinês”, o que nos resta? — Reflexões sobre covid-19, xenofobia e geopolítica, Livro Coronavírus: Reflexões decoloniais, série Pensamento de Fronteira, parceria coletivo Ocareté, Balão Editorial e Cátedra UNESCO/UFGD, São Paulo, Brasil
2020 — Feminismo asiático: cultura do silêncio, sobreposição de patriarcados e o debate racial em tempos de Covid-19, Boletim A questão étnico-racial em tempos de crise | N. 40, Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), São Paulo, Brasil
2019 — Narrativas asiáticas-brasileiras: Identidade, raça e gênero, co-autoria com Lais Miwa Higa e Juily Manghirmalani, Livro Ensaio sobre racismos, série Pensamento de Fronteira, parceria coletivo Ocareté, Balão Editorial e Cátedra UNESCO/UFGD, São Paulo, Brasil
2018 — Feminismo Asiático, co-autoria com Lais Miwa Higa e Gabriela “Kemi” Shimabuko, Livro Explosão Feminista: Arte, cultura, política e universidade, organização Heloisa Buarque de Hollanda, Companhia das Letras, Rio de Janeiro, Brasil
Cursos, oficinas e atividades
2021
— Outras Histórias da Arte: Ásia, Curso, coordenação e curadoria: Raphael Escobar, Ateliê 397, São Paulo, Brasil
— Arte Têxtil e Feminismo: experimentações identitárias, afetivas e políticas em tessitura, Atividade e web-exposição, Sesc Santana, São Paulo, Brasil
2020
— Decolonialidade e Arte Asiática Contemporânea, Seminário e grupo de estudos, Centro de arte-educação HOA, São Paulo, Brasil
2018
— Feminismo interseccional asiático, Curso de formação, Ciclo de Brasilidades Leste-asiáticas: representações, interseccionalidades e geopolítica, Centro de Pesquisa e Formação SESC São Paulo, São Paulo, Brasil
Palestra, conferência e mesa redonda — Arte e cultura
2021
— Ciclo Coletividades: Problematizações, Aula pública com Daiara Tukano e Paulo Gallo, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil
2020
— Arte e visibilidade de narrativas: dissidências asiático-brasileiras, Mesa redonda com Alice Yura, Singh Beam e Cyshimi, SP-Arte, São Paulo, Brasil
2019
— Atuar em rede: Coletivos e Plataformas de Arte, Mesa redonda com Levante Nacional Trovoa, Mergulhos da Piscina, Piscina: Plataforma para Mulheres Artistas, Espaço CC, São Paulo, Brasil
— Estéticas asiáticas no streetstyle, arte e cultura, Mesa redonda com Ale Farah e Simone Pokropp, Lançamento Nike x Sacai 2019, produção Hood, São Paulo, Brasil
Palestra, conferência e mesa redonda — Estudos de raça e gênero
2021
— Ciclo Coletividades: Problematizações, Aula pública com Daiara Tukano e Paulo Gallo, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, Brasil
— #StopAsianHate: Pandemia, preconceito amarelo e a solidariedade antirracista, Palestra no evento #CafécomOfri, organização Observatório Feminista de Relações Internacionais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
2020
— Interseccionalidade e Feminismo Asiático-Brasileiro: Gênero, raça, memória, migração e emoção, Palestra na disciplina Antropologia das Emoções, Profª Drª Laura Moutinho, Programa de Pós-Graduação em Antropologia (PPGAS-USP), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
— Perspectivas raciais frente à pandemia de COVID-19, Palestra na XVIII Semana de Relações Internacionais: Crise e imperialismo em RI, PUC, São Paulo, Brasil
2019
— Ciclo de debates: Cidade, Gênero e Interseccionalidade, Mesa redonda com Magô Tonhom, Isabela Sena (Bibliopreta), Sarah de Roure (Marcha Mundial das Mulheres), Moara Brasil, e Tabata Tesser, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), São Paulo, Brasil
— Perspectivas políticas sobre identidades asiáticas, Mesa redonda com Jeffrey Lesser, Rodrigo Ken (Asiáticos pela Diversidade), Gabriela Shimabuku (Perigo Amarelo), mediação e organização: Lais Miwa Higa, Núcleo de Estudos sobre Marcadores Sociais da Diferença (NUMAS-USP), Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
2017
— A Luta contra a Exclusão Social de Gênero, Mesa redonda com Viviane Peña, Maria Conceição Oliveira, Soraya Misleh, Jobana Moya Aramayo e Bela Feldman, MIM – Missão Imigrante, Al Janiah, São Paulo, Brasil
— Feminismo, Arte e Política, Mesa redonda com Mayra Oi, Paola Yuu e Mimma Ito, mediação Tamy Gushiken, Universidade Estadual Paulista (UNESP), São Paulo, Brasil
Em minha pesquisa, estou constantemente investigando como a história não é linear, mas um constante território de imaginação. No caso, a ficção especulativa torna-se método de navegação diante destas cartografias de corpos-território em desterritório. E através da prática transdisciplinar no qual performance, escultura, instalação, design especulativo e escrita são alinhavados, crio um campo de testes para a colisão entre a realidade e a ficção; o histórico e o mítico; a ironia e o drama; o sonho e o trauma; o amor e o caos. Atualmente, me move a questão: Seria a ancestralidade uma forma de ficção? Ao possuir, como mantemos? Quando não, como inventamos? Sou a quarta geração de imigrantes japoneses assentados como força de trabalho em períodos caracterizados pela expansão das plantações de café no início do século XX. Também a terceira geração de imigrantes chineses que ao migrar por Macau, descobriram um lugar chamado “Brasil” — país com semelhantes heranças coloniais portuguesas. Todavia, ambas as famílias não premeditavam a convergência de narrativas em disputa na cidade de São Paulo, sendo a consequente cisão um fruto de reminiscências da Guerra Sino-Japonesa (1937-1945). Podemos mover os corpos dos territórios, mas dificilmente os territórios de tais corpos. No caso, seria possível relatar como uma história familiar torna-se gatilho para as reflexões iniciais; mas para além do caráter subjetivo, tais estão relacionadas principalmente à questões coletivas sobre diáspora e decolonialidade. A verdade é: não almejo a produção de novas verdades ou narrativas únicas. Me interessa a especulação e a criação de matrizes alternativas para o arquivamento de histórias contadas, porém, ainda desconhecidas. No final, meu trabalho baseia-se na continuidade de uma investigação sobre narrativa, arquivamento e memória. Contudo, este é um processo que, como a própria forma de engajar o viver, está para além do início, do meio ou fim.