“Espaço de Conflito, 2016, 08’04”
“Apanhador de Vento”, 2016, 23’31”
“7 CABEÇAS”, 2015, 2’15”
“Vestido de Pedra”, 2012, 12’15”
Sobre os Trabalhos:
“7 CABEÇAS”, 2003- 2018
Sinopse:
Performance-protesto que se estrutura como uma plataforma colaborativa sobre a arte, a política e questões de gênero. A ação consiste no encontro de mulheres e na partilha estabelecida por elas a partir do jogo infantil “Escravos de Jó”. Na performance as participantes carimbam papéis, leem textos críticos, debatem e bebem cachaça enquanto jogam e cantam. Documentos contendo notícias e depoimentos sobre a vida da mulher na sociedade contemporânea são compartilhados entre as participantes gerando atravessamentos no canto e mudando o ritmo da ação. O público é convidado a participar propondo relatos pessoais e ainda entrando no jogo.
7 cabeças se apresenta como um misto de debate, performance e ritual que busca colocar literalmente sobre a mesa a discussão acerca das questões de gênero na arte e suas implicações sociais e políticas. As normas do jogo passam a ser revistas e subvertidas quando a ludicidade e o riso, presentes por conta da cachaça, invertem o objetivo das regras fazendo o jogo se tornar uma experiência de subjetivação.
7 cabeças vem sendo apresentada desde 2003, tendo suas primeiras edições realizadas na França (2003-2005) e posteriormente no Brasil (2009-2018). A cada edição a temática da performance incorpora novas especificidades: na primeira apresentação, em 2003 na França, mulheres imigrantes e ilegais de diferentes nacionalidades formaram o jogo no Fórum Social Europeu em Paris. Dois anos depois, em 2005, os estereótipos atrelados a imagem da mulher brasileira no exterior foi a abordagem da performance realizada no contexto das comemorações do ano cultural do Brasil na França. Em 2009, em Porto Alegre/RS, amigas, artistas e trabalhadoras da cultura ativaram o encontro para discutirem sobre as relações da mulher com o sistema da arte. Entre 2015-2018 os encontros foram marcados por questões que afetam e rodeiam diariamente as mulheres: violência doméstica, solidão da mulher negra, desigualdade salarial, direito ao aborto, abuso moral, entre outros.
“Partituras de um Duelo”, 2018
Sinopse:
O trabalho corresponde ao confronto entre duas perfomers que duelam utilizando diferentes materialidades, ferramentas, eletrodomésticos e símbolos, como, areia, tijolos, marreta, água, fogo, aspirador de pó, moldes vermelhos de acetato em formato de pênis, peças de gesso do ‘rei’ do xadrez, molde em metal de imagem clichê do coração e rolo de papel oriental carimbado com a imagem da obra “O impossível” da artista brasileira Maria Martins.
Tendo como referência a brincadeira infantil “pedra,papel,tesoura” a performance se estabelece como um espaço lúdico de disputa em que as ações criadas tencionam a lógica do ganhar X perder, do fraco X forte e das relações de poder presentes nos confrontos de gênero.
A cada round as jogadoras\guerreiras criam partituras corporais e instalações pautadas pelas escolhas dos elementos e objetos presentes na arena do jogo. Assim as batalhas, areia X aspirador de pó, tijolo X marreta, papel X água e algodão X fogo geram um campo de experiência prático-teórico sobre a violência, o poder e as polaridades presentes na sociedade patriarcal.
“Espaço de Conflito”, 2016-2018
Sinopse:
Espaço de Conflito tem como objetivo refletir sobre o gesto de respirar e suas relações poéticas como ato político. A ação busca criar relações entre o sujeito e os espaços interno e externo.
A partir da expressão ‘espaço de conflito’ impressa em cada balão tanto a artista quanto o público são lembrados de que o conflito existe a todo instante e em todos os lugares. Os balões coloridos soltos no chão agenciam uma relação de torção na vivência artística, pois ao mesmo tempo que promovem um convite à brincadeira e a espontaneidade impõe um caos pela intervenção sonora que geram quando estouram. Levando em consideração os atuais acontecimentos políticos e sociais do Brasil, o trabalho propõe uma experiência de simultaneidade entre o processo de introspecção e silêncio com o de revolta e enfrentamento.
A proposta consiste no convite à ação de encher balões os quais possuem impresso a expressão ‘espaço de conflito”. Os balões ficam disponíveis sobre display com a seguinte frase: Inspire e solte o ar comprimido de seu peito. Encha o balão. Amarre-o e solte-o no espaço. Você é convidada(o) a encher o máximo de balões que conseguir.
Performance realizada em: Exposição individual POLARES, Galeria Aura, São Paulo/SP (2018); Exposição “FALA – uma exposição Reação”, Fundação Ecarta, Porto Alegre/RS (2017); Exposição “Expressões do Múltiplo”, Pinacoteca Barão de Santo Ângelo Instituto de Artes UFRGS, Porto Alegre/RS (2017); Exposição “Vira lattes”, Galeria de Arte e Pesquisa, UFES, Vitória/ES (2016); Circuito de Performance, Galeria Península, Porto Alegre/RS (2016).
“O que você tem a dizer?”, 2017-2018
Sinopse:
A proposta foi elaborada com o objetivo de suscitar uma reflexão a respeito dos abusos sofridos por mulheres na fase da infância e/ou adolescência. A performance parte dos diversos relatos de assédio que tomaram conta das redes sociais no ano de 2015.
A artista escreve com pirógrafo (palavra de origem grega que significa escrita + fogo) sobre uma estrutura de papel enquanto faz a leitura em voz alta das histórias e memórias vinculadas a experiência de abuso. Em determinados momentos a artista aumenta a potência do pirógrafo provocando a queima rápida das finas folhas da estrutura. Durante toda a ação a expressão “O que você tem a dizer?” é repetida.
Performance em processo, tendo ocorrido no Programa “Mulhere-se”, Sesc Itaquera, São Paulo/SP (2018);
“Projeto Instauração”, Sesc Belezinho, São Paulo/SP (2017).
“Geocarnívora”, 2011-2017
Sinopse:
A performance Geocarnívora propõe de forma irônica a degustação de um Brasil explorado e violentado. A partir de um mapa do Brasil em carne a artista cozinha “bolinhos de carne” enquanto relata diferentes impactos territoriais, ambientais e sociais vinculados aos processos de exploração do território brasileiro como: desastres ambientas criminosos, agronegócio, desmatamento, etc. Performance em processo realizada no Convergência – Mostra de Performance Arte do Sesc, Palmas/TO (2017) e no Projeto DUETO, Casa M – 8ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre/RS (2011)
“Apanhador de Vento”, 2016
Sinopse:
O vídeo “Apanhador de Vento” produzido pelas artistas Carla Borba e Rubiane Maia é o resultado de uma experiência vivida durante residência artística promovida pela Galeria Península (Porto Alegre-RS). As artistas se propuseram a viajar durante oito dias pelo interior do estado do Rio Grande do Sul em um trajeto que iniciou em Rio Grande, passando pelas cidades de São José do Norte, Tavares, Mostardas até chegar a Porto Alegre. Uma extensão de terra-areia-estrada situada entre o mar e a Lagoa dos Patos. Um lugar plano, no qual predomina a vegetação rasteira e a formação de dunas. Uma região onde o vento toma forma e a horizontalidade se funde com o verticalidade. Uma paisagem de horizonte infinito soprada pelo vento ‘minuano’, de origem polar, vindo de sudeste e com grande intensidade.
A ação foi produzida dentro do Parque Nacional da Lagoa do Peixe e envolveu a manipulação de uma tela guarda corpo de 80 metros de comprimento. O vídeo apresenta as ações desenvolvidas pelas artistas individualmente e em dupla com o objetivo de “capturar” o vento. Com uma postura séria e metódica as artistas adotaram um vestuário de trabalho na cor laranja e colete sinalizador, transformando o ato poético de apanhar o vento em procedimento técnico e por vezes, lúdico. Através das imagens percebe-se o enorme esforço físico despendido pelas artistas-trabalhadoras em contato com a intensidade do vento que impõe sua força, supremacia e seu protagonismo frente à tentativa, por vezes insana de contato e conexão com a natureza.
“Corte”, 2010
Sinopse:
Série de colagens produzidas a partir de imagens de antigos trabalhos. A partir do recorte de duas a três fotografias, uma imagem é produzida. Das tardes passadas com a tesoura na mão, surgiram alguns recortes orgânicos e outros geométricos, resultantes de gestos compulsivos com tesouras e guilhotina. Cortes que se fazem rápidos e secos. Desejo de rememorar e esquecer. Quando a imagem fotográfica se dissipa em pedaços, cria a relação entre o unir passado e futuro. Perda e encontro vivenciados ao mesmo tempo.