Biophillick

– “A arte do Biophillick”

Chapada dos Veadeiros 2023
Texto escrito pelo Dr. em Arquitetura, Márcio Vianna. Aposentado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

“O rico trabalho artístico de BIOPHILLICK – rico tanto no sentido da qualidade como da variedade manifesta nos seus multitalentos – e a emoção que sua produção provoca no observador, provém certamente de sua própria história interior, e exterior, do ponto de vista cultural e de formação:

• Em primeiro lugar, pelo fato de ser mexicano, herdeiro portanto de raízes múltiplas e profundas, traduzidas nas culturas, cores, sabores, expressões mexicanas de indiscutível valor absoluto e relativo no contexto mundial pois, afinal, se o mundo tem um CORAZÓN, ele sem dúvida e sem modéstia, bate mais forte na América Latina, e tem no México uma artéria das mais importantes, vitais; e isto se reafirma e fortalece quando o artista opta por viver no Brasil, nesta primeira meia-dúzia de anos desde seu desembarque nestes nossos chãos; e mais ainda, pela opção de viver entre Brasília e a Chapada dos Veadeiros, cidade do presente e do futuro, e descerrados horizontes no Cerrado ancestral.

• Em segundo lugar, mas não menos importante, aliás, mais importante ainda, sua riqueza interior decorrente desta mesma ancestralidade atávica.

• Em terceiro lugar, como que coroando este processo vital, Biophillick é também arquiteto de formação profissional, graduado no Curso de Arquitetura da Universidade Nacional Autônoma do México/UNAM… profissão e curso que sabemos, tem formação múltipla e abrangente, que envolve toda uma gama aberta de Ciências Humanas, Sociais, todo o cabedal das Artes, Design, etc, (não só da Arquitetura) ao longo da história humana, desde a arte rupestre até a contemporaneidade: elementos formadores e expressivos que encontramos, sim, e com grande força xamânica, na obra do artista.

E é assim que a produção artística de Biophillick se manifesta através do desenho, da pintura, escultura, design, música, vídeo, etc, suas exposições são sempre ricas neste sentido da variedade plástica e morfológica, matérias-primas preferencialmente telúricas como os pigmentos naturais, o algodão, a palha, entre outros, rica também e sobretudo no que diz respeito ao resultado, sempre sensível e instigante, do conjunto de sua obra em suas exposições.

Muito expressivo quanto a todas essas observações, sua mais recente exposição, NAHUALES, (nesta data ocupando belo espaço do “Memorial dos Povos Indígenas” em Brasília) provoca fortemente com o conceito de ‘animais interiores’ – NAHUALES – recordando-nos nossa ancestralidade, primata ou não necessariamente, quiçá felina ou alada ou reptiliana entre outras, com o visitante assumindo-escolhendo-identificando-se por exemplo com alguma das belíssimas e instigantes MÁSCARAS (outra tradição mexicana), mas também nas pinturas, desenhos, composições/instalações, e inclusive nas belíssimas obras em conjunto com outro artista da mesma linha e identificação, SZIAH SAUH, na exposição conjunta atual.

Sua proposta artística e expressiva é totalmente coerente com seus conceitos-Mantras de BIO-FUTURO e ELEKTRO-XAMANISMO, na medida que harmoniza tradições-passadas com tendências-presentes e perspectivas-futuras, sugeridas, abertas, lançadas e já vigentes. Seu PROJETO artístico e de vida, sempre coerentes entre si, transformam-se em PROJÉTIL: etimologicamente LANÇAR-ADIANTE, futurismo que se traduz (também etimologicamente) por contemporaneidades sucessivas, permanentes na linha do tempo, aliando de modo harmônico a ancestralidade e o porvir. No Agora. E no Sempre.”