(ultima atualização em maio/2022)
Rio de Janeiro, RJ, 1982.
Vive e trabalha em Rio de Janeiro, RJ.
Indicado ao Prêmio PIPA 2018.
Rafael Adorján é artista, fotógrafo e professor da rede pública municipal de ensino da cidade do Rio de Janeiro. Mestre em Arte e Cultura Contemporânea pelo Programa de Pós-Graduação em Artes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Licenciatura em Educação Artística com Habilitação em História da Arte (Uerj). Seu campo de pesquisa artística é voltado para experimentações no terreno da imagem, com ênfase na criação de publicações como fotolivros e livros-objetos. Proposições desenvolvidas como desdobramentos de sua linguagem, em narrativas criadas a partir de jornadas que abrangem períodos de imersão em lugares específicos, mas também de possibilidades para além do campo da fotografia.
Site: rafaeladorjan.com
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes exclusivamente para o Prêmio PIPA 2018:
“Estudos para uma anarquitetutra”. Duração: 8’30”
“Correr (exercícios para esquecer)”. Duração 4’59”
“MSV432”. Duração 4’19”
Fotógrafo e artista visual nascido no Rio de Janeiro, em 1982. Formado em Educação Artística com Licenciatura em Historia da Arte e com Mestrado em Artes, ambos pela UERJ. Sua pesquisa artística é voltada para a criação de publicações independentes e livros-objetos, desenvolvidos como desdobramentos de sua linguagem no campo da imagem, em narrativas criadas a partir de jornadas que abrangem períodos de imersão em lugares específicos, mas também de experimentações possibilitadas para além da fotografia. Inaugura o ano de 2018 com a exposição individual “Desdidática”, no Oi Futuro Flamengo (RJ), com curadoria de Alberto Saraiva. Em 2017, realizou a individual “MSV432” na Galeria da Gávea (RJ), acompanhada da publicação do fotolivro homônimo sobre o projeto que desenvolveu ao longo 2016 para a galeria e sob a curadoria de Luísa Duarte. Participou de diversas exposições, como “Reply All” na Grosvernor Gallery, em Manchester (UK) em 2016; a exposição individual da série “Religare” na Amarelonegro Arte Contemporânea (RJ) acompanhado de fotolivro com todas as imagens da série pela editora Pingado-Prés, de São Paulo, em 2015; realizou a exposição da mesma série no Paço Imperial (RJ), fruto do Prêmio Honra ao Mérito Arte e Patrimônio do IPHAN/MinC em 2014; recebeu o IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, em Belém pela série “Derrelição”, em parceria com Daniela Alves em 2013; apresentou a individual “HI FI”, selecionada para o Programa anual de exposições do Centro Cultural São Paulo (CCSP) em 2011, também exibida na Amarelonegro Arte Contemporânea (RJ) em 2012. Com suas obras, participa do acervo de coleções institucionais e privadas, como a do Museu de Arte do Rio (MAR) e a Coleção Joaquim Paiva (MAM-RJ).
“Dai-me fotos”
por Roberto Conduru
Para ser fiel à série Religare é preciso adentrar nas imagens e, ao mesmo tempo, vê-las de fora. Objetividade e subjetividade se articulam no ensaio fotográfico feito por Rafael Adorján na comunidade do Santo Daime situada no vale do Matutu, na cidade de Aiuruoca, em Minas Gerais. Havia uma motivação pessoal, oriunda na convivência familiar – a atração pela doutrina decorrente do sentimento de como a vida de seu pai foi mudando à medida em que aderiu e se envolveu com aquela via religiosa. Por outro lado, o projeto se concretizou ao participar em 2014 do Prêmio Arte e Patrimônio, no qual se inseriu, no campo do patrimônio cultural como cosmologia, como reflexão sobre lugares, objetos, práticas e saberes entendidos como valores partilhados coletivamente a partir de sistemas míticos e místicos de culto.
Mais do que decidir entre aderir a ritos religiosos e empregar métodos de observação e análise das ciências sociais, na realização do projeto foi necessário transitar entre estes domínios, enfrentando seus limites, especificidades, superposições, intercâmbios. Dinâmica que está longe da incerteza. Como sugere a epígrafe, colhida no hinário transmitido por Mestre Irineu, fundador da doutrina, é preciso “Firmeza do pensamento / Para seguir no caminho”.
Caminho firme, porém nada óbvio. Foi preciso imergir no ambiente, conviver com a comunidade, acompanhar alguns dos trabalhos que constituem a rotina religiosa: concentrações, festejos e até o feitio da Ayahuasca, a bebida fundamental na doutrina. Seguindo os preceitos do Santo Daime, a disciplina visava a uma experiência intensa, profunda, mesmo que tenha acontecido por etapas e em breves períodos.
Contudo, é preciso ressaltar que, embora esteja distante do relatório etnográfico e perto do diário, a série fotográfica resultante está mais próxima de um diário de campo do que da escrita íntima. Mas que fique claro: se o campo aqui mostrou-se plurívoco, o modo de ação é artístico. Tendo como desafio produzir uma visada outra, ao mesmo tempo externa e interna. E não tanto usar a fotografia para enquadrar aquele mundo quanto fazer da experiência naquele universo um modo de se aprofundar na fotografia como fazer reflexivo. Não por acaso, na epígrafe a imagem do caminho conduz à ideia da vida, religiosa ou não, como processo de aprendizagem. Ideia corroborada nos versos seguintes: “Embora não aprenda muito / Aprenda sempre um bocadinho”.
Um indício de aprofundamento no domínio fotográfico é a contraposição de fotos, a princípio documentais, a outras aparentemente mais estetizadas, operando com diversos tipos de funcionalidade, bem como com variados níveis de autonomia das imagens em relação à série. Diferenças que se desdobraram em distintos modos de materialização em espaços expositivos e em livro. Conjuntos de imagens que, com variadas sequências, disposições e ritmos, traduzem uma experiência nada linear e homogênea, embora em muito rotineira, repetitiva.
É perceptível a intenção de apresentar integralmente a comunidade, seus espaços, elementos e práticas. No conjunto se pode ver o vale do Matutu, algumas casas, uma escola, os lugares usados para as celebrações e para o feitio da Ayahuasca, entre outras construções. E têm destaque as plantas com as quais a bebida é fabricada, bem como os símbolos do Santo Daime e alguns de seus hinários. Ainda que as imagens estejam em sua maioria desprovidas de pessoas, externam o sentimento de um lugar habitado. Não faltam indícios da presença humana: natureza transformada, coisas fabricadas e usadas. Algumas exibem impressos e objetos com imagens de entes divinos (Jesus Cristo e a Imaculada Conceição), figuras históricas da doutrina (Mestre Irineu e Padrinho Sebastião) e membros da comunidade. E há exceções, nas quais, presentes, alguns corpos aparecem parcialmente ou como vultos, nos momentos cruciais do feitio da Ayahuasca ou em festejos.
Entretanto, não se quer totalizante este conjunto. É particular o todo iluminado por Rafael Adorján na contraposição de panorâmicas visadas a detalhes de elementos e etapas cruciais na prática religiosa, mas também de espaços, coisas e momentos a princípio insignificantes, triviais, fortuitos. Com certeza, as imagens derivam de suas escolhas do que mostrar entre o que lhe foi permitido ver e registrar. Contudo, a dimensão subjetiva dessa experiência é mais complexa. Está afetada pela doutrina do Santo Daime, na qual tudo converge para o autoconhecimento, para reflexões que conduzam ao encontro consigo próprio em harmonia com o coletivo e o universo.
Nesse sentido, as imagens de Religare são suas “mirações”, como Mestre Irineu nomeou as visões propiciadas pela Ayahuasca. Miradas em conexão com o mundo, mas primordialmente voltadas à interioridade. A narrativa engendrada na edição das imagens procura tornar compreensível a doutrina, sua história e dia a dia. Mas também expressar como ele a vivenciou no Matutu e como a experiência o afetou, inclusive no domínio fotográfico. O formato horizontal das fotos, selecionado no repertório artístico de representação de paisagens, transmite o sentido de placidez, integração e harmonia que ele sentiu. No Santo Daime, a pessoa se doutrina para colher dádivas. Em Religare, Rafael Adorján nos dá a ver que na fotografia, mais do que o instante decisivo de captura visual de singulares situações, importa o processo de preparação para receber imagens como presentes do mundo.
“MSV432”
por Luisa Duarte
[Texto escrito para exposição “MSV432” na Galeria das Artes]
A tarefa do artista não era simples. Como doar perenidade, singularidade, a um processo que previa a construção de uma narrativa poética de uma casa em obras? Como fazer dessa proposta – um desejo de terceiros – algo que lhe fosse próprio? A essas perguntas Rafael Adorján respondeu com extrema sabedoria. Desde o seu “sim” para o convite, que previa a realização de um ensaio fotográfico que traduzisse as mudanças na “casinha” que iria abrigar a nova sede da Galeria da Gávea, até o momento em que este livro está sendo finalizado, Adorján soube tomar para si um trabalho que, por pouco, poderia se tornar distante, burocrático.
Desde o início era claro para todos os envolvidos que não se tratava de registrar um “antes e depois”, ou seja, a casa em estado de abandono e por fim pronta. Mas, sim, estava em jogo saber se infiltrar naquele fluxo de mudanças de uma propriedade erguida em 1881 no final da Marques de São Vicente, no bairro da Gávea, na zona sul do Rio de Janeiro, e tombada na década de 1980. Para tanto, o artista estabeleceu uma rotina de visitas quinzenais à casa ao longo de um ano, entre maio de 2016 e maio de 2017. Buscando entrar sem fazer estardalhaço, mas antes como um observador o mais silencioso possível, Adorján se aproximou daquele ambiente até então totalmente desconhecido. Lançando mão de fotografia digital e analógica, vídeo e colagens na forma de anotações em um caderno que fez as vezes de diário, o artista conseguiu o que sempre me pareceu ser o mais desafiador nesse projeto, doar um caráter singular para aquilo que lhe foi proposto por terceiros, de modo a fazer com que a experiência de registrar a “casinha” em obras se tornasse algo pertencente ao seu território de questões.
Entre a imagem que abre o livro, com as imensas pedras ainda inteiras que habitavam o subsolo do endereço no início da obra, e aquela que o encerra, com a fachada ainda em transformação, o que temos é um olhar que se dedicou a observar, valorizando o que, comumente, é fadado a nascer, viver e morrer eclipsado. Vivemos em uma época que faz o elogio incessante do resultado, da produtividade. A onipresença da palavra “foco” em nosso cotidiano revela a obsessão pelo caminho certo, reto, sem distrações. O que importa é andar para frente, evitando desvios, e se possível exibir para o mundo o resultado dessa jornada. Revelando sempre apenas a face feliz, bem-sucedida, do caminho percorrido. Veja qualquer conta de Instagram e será fácil comprovar isso. Adentrar uma casa em obras é como habitar um intervalo onde tudo ainda é desordem. Um hiato em permanente mudança. Entre o projeto e sua conclusão, o que existe é tentativa, acerto, erro. Entre pedras, cimento, tijolos, andaimes, entulho, ferramentas, vestígios das roupas dos que ali trabalham, Adorján testemunhou o esforço coletivo para alavancar o que por fim terá perenidade.
Mas, antes disso, antes da inauguração, antes da abertura, há um tempo destinado ao anonimato. É justamente esse tempo que encontramos nas imagens de Adorján. Um tempo vivido de forma cronológica, mas exibido de modo labiríntico. Pois, entre as pedras que habitavam o subsolo e a fachada que liga interior e exterior, a maneira que o artista percorre o espaço desfaz qualquer hierarquia ou tentativa de linearidade. É antes um girar em círculos em um espaço de linhas retas. Um olhar que se demora sobre aquilo que é puro trânsito e explora com atenção uma arquitetura em andamento. Em meio ao barulho da obra, sobressai a quietude do fotógrafo. Adorján habitava aquele espaço em um ritmo próprio, oposto ao da própria obra e também desse, apressado e ansioso, que nos governa diariamente. Ou seja, na aparente banalidade existente no ato de registrar uma casa em mutação, residem inúmeros pequenos gestos que subvertem vários dos imperativos de uma época que se quer ágil e eficiente. Ou que somente parece dar importância para o que surge de forma asséptica e bem-acabada. Hoje, tudo o que é trazido a publico deve estar editado, photoshopado. A vida sem ser passada a limpo, em seu momento de costura interna e silenciosa, fundamental para tudo o que de importante vem ao mundo, eis o que as imagens de MSV432 nos endereçam. E, ainda, se todos em uma obra têm um claro objetivo, finalizá-la, ou seja, chegar ao resultado e entregá-la, rumando para a próxima etapa, a Adorján interessava o exercício de parada, saber habitar o presente no lugar de logo imaginar o porvir. Se tratava, sobretudo, de não ter medo de “perder tempo”, não querer ganhar tempo, mas reaprender uma paciência do olhar.
“Quem busca encontrar o cotidiano do tempo histórico deve contemplar as rugas no rosto de um homem, ou então as cicatrizes nas quais se delineiam as marcas de um destino já vivido. Ou, ainda, deve evocar na memória a presença, lado a lado, de prédios em ruínas e construções recentes, vislumbrando assim a notável transformação de estilo que empresta uma profunda dimensão temporal a uma simples fileira de casas.”¹ A passagem de Reinhart Koselleck nos interessa pois tem a capacidade de vincular uma simples fileira de casas, entre prédios em ruínas e construções recentes, a um tempo maior. E não seria justamente isso que vemos em MSV432? Entre a casa em estado de abandono e a galeria pronta, há um intervalo que nos inspira a pensar inauditas formas de resistência, torções sutis que podem conter um insuspeitado teor político. Nesse ponto, torna-se importante sublinhar a dimensão da aposta em jogo no convite feito a Adorján. Ao comissionar um trabalho de um artista com carta branca para registrar como bem entendesse a nova sede em construção, a galeria coloca sua fichas em um processo cujo ponto final sempre foi, para todos, uma incógnita. Trata-se de um gesto simples, mas que guarda um traço de aposta valioso. O filósofo Alain Badiou, em um texto da década de 1990 sobre a situação desconfortável da filosofia no mundo contemporâneo, afirmou: “Nosso mundo não gosta da aposta, do acaso, do risco, do engajamento. É um mundo obcecado pela segurança, é um mundo onde cada um deve, o mais cedo possível, calcular e proteger o seu futuro. Um mundo onde o acaso é perigoso. Um mundo onde não devemos nos abandonar aos encontros.”² Guardada as devidas proporções, há em MSV432 uma afirmação do artista como aquele que desbrava um território no qual a dimensão da aposta é preservada.
Sabemos que a cartografia da ruína, dos escombros, se tornou um dos motivos principais da obra de inúmeros artistas contemporâneos a partir do começo do século XXI. Mesmo que o debate que desencadeia esse tipo de visualidade não esteja presente em MSV432, havia o perigo de o trabalho, mesmo sem intenção, se irmanar a esse tipo de visualidade de forma estetizada, maneirista. Mas a contenção com que Adorján capta a casa em mutação gera uma espécie de limite ético, através do qual não enxergamos nessas imagens uma tentativa de estetizar forçosamente o ruído reinante.
Se as fotos trazem uma espécie de silêncio discreto em meio à cacofonia que caracteriza uma obra na sua face real, o vídeo apresentado na exposição, também batizado de MSV432, traz uma outra temporalidade e um outro volume presentes na obra em andamento. Em sequências feitas com a câmera parada, Adorján registra o ir e vir dos operários e flagra uma dimensão mais ruidosa do processo em jogo. O fotolivro que temos em mãos não traz os frames do vídeo, pois esta publicação nunca se pretendeu um catálogo da exposição. Entretanto, me parece importante recordar o papel desse trabalho na tessitura poética realizada por Adorján como um todo.
Se formos ao dicionário, a primeira definição da palavra obra que iremos encontrar é “aquilo que resulta de um trabalho, de uma ação”. Ou seja, parte fundamental de toda obra está nos homens que erguem a mesma. Se, nas fotografias de MSV432, os mesmos aparecem sutilmente, no vídeo testemunhamos uma presença marcante dos operários e suas ações contínuas e repetitivas. Como se fosse preciso o movimento próprio dessa linguagem para captar de forma mais íntegra, logo, com menos risco de cair no perigo da estetização, o lugar desses indivíduos fundamentais na construção da futura galeria. Ao longo do vídeo nos deparamos com a obra em sua duração, em sua espessura. São imagens cruas, feitas com uma câmera fixa, que respeitam a demora, o cansaço, o esforço de cada ação ali apreendida.
Aprendemos com Walter Benjamin que todo monumento da cultura é fruto do esforço de uma multidão anônima. Realizar uma pesquisa de um ano em torno de uma obra silenciando por completo a presença dos operários seria dar as costas para parte fundamental do processo e, de alguma forma, perpetuar a equação cruel apontada pelo filósofo judeu. Não que dar atenção para os mesmos modifique algo de fato. Mas o olhar do artista desfaz a invisibilidade total a que estão sempre condenados. Nas imagens de Adorján, persiste uma crueza e uma espécie de justa distância que retrata os trabalhadores sem truques, sem falsear uma proximidade maior inexistente. No limite, não há aqui populismo ou demagogia. O equilíbrio encontrado por Adorján, por fim, revela-se cuidadoso, delicadamente cúmplice em sua discrição.
O diálogo do artista ao longo dos doze meses de visitas à Marques de São Vicente, 432, se deu, sobretudo, com o mundo inanimado ali existente, as paredes, o cimento, as ferramentas, os andaimes, os tapumes, as pedras, mas sempre sabendo que “as casas são feitas de gente que foi feita por gente e que contém em si a possibilidade de fazer gente”.³ MSV432 se constitui, assim, em um gesto que inaugura um novo espaço dedicado à arte, sublinhando a capacidade de a fotografia e a imagem em movimento serem não só depositárias de uma memória, mas produtoras de sentidos ativos que apontam para o futuro. Que os sentidos da aposta, do risco, da possibilidade de dar atenção àquilo que parece ser mero hiato entre o passado e o futuro, presentes no ensaio realizado por Rafael Adorján, possam guiar os passos desse lugar que hoje vem ao mundo. Sempre lembrando que a arte, como as casas, é feita de gente e contém a chance de fazer gente. Ou seja, bem antes de serem mercadorias, os gestos artísticos são atos poéticos endereçados ao mundo, capazes de alterar o modo que olhamos o tempo que habitamos e, nesse mesmo lance, quem sabe, transformá-lo em lugar mais próximo daquilo que imaginamos quando escutamos a palavra casa.
¹ Reinhart Koselleck. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Editora PUC- Rio, 2006. p. 13.
² Alain Badiou. Para uma nova teoria do sujeito. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994. p. 13.
³ Matilde Campilho. Jóquei. São Paulo: Editora 34. p. 116.
- Matéria sobre exposição Desdidática, Oi Futuro site, 2017 (em espanhol)
- Site Paris Photo, “MSV432”, 2017 (em francês)
- Site TURMA, sobre “RELIGARE”, 2016 (em espanhol)
- Diário do Pará, sobre mostra “Diário Contemporâneo”, 2016
- Segundo Caderno, O Globo, nota “Ao amor do público” sobre “RELIGARE”, 2016
- Guia das artes sobre Rafael Adorján, 2015
- Site ArtRio, sobre exposição “RELIGARE”, 2014
- Catálogo Arte e Patrimônio no IPHAN-Minc, 2013
- Segundo caderno, O Globo, artes visuais, série “HI-FI”, 2012
- Veja Rio, nota sobre exposição “HI-FI”, 2012
- Correio Popular de Campinas, matéria sobre a Semana da Fotografia Hercule Florance, MACC Campinas, SP, 2010.
- El Diário, Rafael Adorján e Óscar Barbery em La Paz, Bolívia, 2009 (em espanhol)
- Site Vogue RG, 2009
Formação
– Mestrado em Arte e Cultura Contemporânea, com linha de pesquisa em “Processos Artísticos Contemporâneos”, Programa de Pós-Graduação em Artes, PPGARTES, UERJ
– Licenciatura em Educação Artística (História da Arte), UERJ
Exposições individuais
2018
– “Desdidática”, curadoria de Alberto Saraiva, Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
2017
– “MSV432”, curadoria de Luisa Duarte, Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ
2015
– “Religare”, curadoria de Roberto Conduru, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
2012
– “HI-FI”, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
2011
– “HI-FI”, II Mostra do Programa de Exposições, Centro Cultural São Paulo, CCSP, São Paulo, SP
Exposições coletivas
2019
– “Quem sobe essa escada?”, curadoria de Camila Pinho e Rachel Balassiano, Casa da Escada Colorida, Rio de Janeiro, RJ
– “Lado B – O Disco de Vinil na Arte Contemporânea Brasileira”, curadoria de Chico Dub, SESC Belenzinho, São Paulo, SP
2018
– “o Erro, a Rua”, organização de Rony Maltz e Walter Costa, Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro, RJ
– “Sala de Não estar + Derrelição”, FotoRio Resiste, Espaço Saracura, Rio de Janeiro, RJ
2017
– “Explorações Fotográficas”, organização de Demian Jacob, Centro de Cultura Laura Alvim, Rio de Janeiro, RJ
– “Área”, curadoria de Omar Porto, Espaço Saracura, Rio de Janeiro, RJ
– “Disco é Cultura: o disco de vinil na arte contemporânea brasileira”, curadoria de Chico Dub, Castelinho do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
– “CLAP! 10 x 10 Contemporary Latin American Photobooks: 2000-2016”, editado por Olga Yatskevich, Russet Lederman e Matthew Carson, 10 x 10 photobooks, publicação, New York City, EUA
– “CLAP! 10×10 Contemporary Latin American Photobooks”, Hirsch Library, Museum of Fine Arts, Houston, EUA
– “Responder a tod_s”, curadoria de Raphael Fonseca e Ludimila Fonseca, Despina, Largo das Artes, Rio de Janeiro, RJ
– “Planos de Contingência”, curadoria de Fernanda Pequeno, Jéssica Barbosa, Joyce Delfim e Rejane Manhães, Galeria Cândido Portinari, UERJ, Rio de Janeiro, RJ
– “Photo-paged”, organização de Denise Gadelha, Centre de la Photo-graphie Genève, Genebra, Suíça
2016
– “DOTMOV Festival”, curadoria de Gabriela Maciel, Tech Art Lab, TAL, Fábrica Bhering, Rio de Janeiro, RJ
– “A Sentimental Selection by Feira Plana”, organização de Bia Bittencourt Guest countr: Brazil, The Tokyo Art Book Fair, Japan
– “Campo Expandido: Narrativas da Imagem”, Mostra Fotolivros, concepção de curadoria de Rogério Ghomes e Guilherme Gerais, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR
– “Reply ALL”, curadoria de Raphael Fonseca, Grosvenor Gallery, Manchester School of Art, UK
– “Ao amor do público I”, curadoria de Paulo Herkenhoff, Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro, RJ
– “Revista Solemne”, Edicción 003, colaboração, Cidade da Guatemala, Guatemala
– “Mostra de Fotolivros”, Festival Foto em Pauta, Tiradentes, MG
– “Coleção Diário Contemporâneo de Fotografia”, Museu Casa das Onze Janelas, Belém, PA
– “Reminiscências (Memória e narrativa)”, curadoria de Isabel Portella, Centro Cultural Justiça Federal, CCJF, Rio de Janeiro, RJ
– “ADIV”, Projeção de vídeos experimentais, organização de Marcos Bonisson, Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro, RJ
2015
– “Fotos contam fatos”, curadoria de Denise Gadelha e Walter Costa, Galeria Vermelho, São Paulo, SP
– “6ª Feira do Livro de Fotografia de Lisboa”, organização de “Os novos suspeitos”, Exposição de fotolivro brasileiro, Arquivo Municipal de Lisboa fotográfico, Lisboa, Portugal
– “Agora Sempre”, Fashion Business, Praça Mauá, Rio de Janeiro, RJ
– “Rio Setecentista, quando o Rio virou capital”, curadoria de Paulo Herkenhoff, Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, RJ
– “Los mejores libros de fotografia del año”, PHotoEspaña, Biblioteca Nacional de España, Madrid, Espanha
– “Códigos Primordiais”, Instalação “Samba Tango”, curadoria de Caroline Menezes, Trabalho colaborativo, Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ
2014
– “Conjunção”, Exposição PandoraPix, Galeria Monique Paton, Rio de Janeiro, RJ
– “Arte e Patrimônio 2014”, IPHAN/MinC, Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ
– “Camisa Educação”, Abre Alas, A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ
2013
– “Projecto Multiplo”, curadoria de Paula Borghi, Exposição de Arte impressa, Centro Cultural São Paulo, CCSP, São Paulo, SP
– “Transeuntes”, curadoria de Fernanda Pequeno, Espaço Casa da Ladeira, Rio de Janeiro, RJ
– “IV Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia”, curadoria de Mariano Klautau Filho, Museu Casa das Onze Janelas, Belém, PA
– “Urbanário”, Centro Cultural Sergio Porto, Rio de Janeiro, RJ
2012
– “New Brasil Bolivia Now”, curadoria de Nicholas Petrus, Galeria Marta Traba, Memorial da América Latina, São Paulo, SP
– “½ Dúzia”, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
2011
– “Corpo Incógnito: Água Viva”, curadoria de Marcelo Campos, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “Expo Vinis”, curadoria de Bob N., Plano B Lapa, Rio de Janeiro, RJ
– “Conversa de artista”, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “Arte 3″ (fotografia), curadoria de Beatriz Lemos, Luciana Caravello Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “Escuta da Imagem”, curadoria de Fernanda Pequeno, Galeria de arte IBEU, FotoRio 2011, Rio de Janeiro, RJ
– “Um olhar sobre a fotografia carioca”, Festival de Fotografia Foto em Pauta, Tiradentes, MG
– “Primeira Vista”, Amarelonegro arte contemporânea, Rio de Janeiro, RJ
– “Souvenir # Brasilien”, Universität Hildesheim, Germany
2010
– “Pop up Rio”, Galeria Motor, Espaço Crânio, Rio de Janeiro, RJ
– “Fotodiálogo”, Semana da Fotografia Hercule Florance, MACC Campinas, SP
– “Novíssimos 2010”, Recebeu Menção Honrosa na Série Urbelux, Galeria de arte IBEU, Rio de Janeiro, RJ
– “Simultâneo”, Viradão Carioca, Centro de Arte Helio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ
– “Abre-Alas”, curadoria de Beatriz Lemos, Felipe Scovino e Guga Ferraz, Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, RJ
– “Sentido Niterói”, curadoria de Beatriz Lemos, SESC Niterói, Niterói, RJ
2009
– “3 atos, 3 artistas”, curadoria de Luisa Duarte, Galeria Eduardo Fernandes, São Paulo, SP
– “Arte Pará 2009”, Museu Histórico do Estado do Pará, MHEP, Fundação Rômulo Maiorana, Belém, PA
– “VI Bienal Internacional de Arte”, SIART, Circulo de La Unión, La Paz, Bolívia
– “Projeto Amplificadores das Artes Visuais – Vida Longa ao Vila Longuinhos”, curadoria de Fernanda Pequeno, Museu Murilo La Greca, Recife, PE
– “Loja”, organização de Regina Melim, Memorial Mayer Filho e Núcleo de Estudos de Fotografia, Florianópolis e Curitiba, SC/PR
– “Suco de Caju”, curadoria de Beatriz Lemos, Solar Meninos de Luz, Rio de Janeiro, RJ
2008
– “Formato Polaróide”, Solar Meninos de Luz, Rio de Janeiro, RJ
– “Coleção – Exposição itinerante: Florianópolis – Curitiba”, organização de Regina Melim, Galeria Vermelho, São Paulo, SP
2007
– “Retratos do Brasil – Culturas de Rua, Ruas de Cultura”, curadoria de Carlos Contente, SESC Madureira, Rio de Janeiro, RJ
2006
– “From: Instituto de Artes(UERJ) / Subject: Exchange”, Foyer Gallery, Camberwell College of Arts, Londres, UK
– “Incorpo(R)ações”, Espaço Bananeiras, Rio de Janeiro, RJ
Coleções
– Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, MAM-Rio, RJ
– Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro, RJ
– Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional, IPHAN
– Coleção Joaquim Paiva de Fotografia, Museu de Arte Moderna do Rio, MAM, Rio de Janeiro, RJ
– Coleção Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, Museu Casa das Onze Janelas, Belém, PA
Prêmios
– Prêmio Honra ao Mérito, Arte e Patrimônio 2013. IPHAN/MinC/Paço Imperial, Projeto RELIGARE
– Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, Belém, 2013. Série Derrelição, com Daniela Alves
– Menção Honrosa, Salão Novíssimos, 2010. Galeria de arte IBEU, Rio de Janeiro, RJ
Publicações
2017
– Autor do livro de fotografia MSV432, Editora Madalena, São Paulo, SP
2015
– Autor do livro de fotografia RELIGARE, Editora Pingado Prés, São Paulo, SP
– Editor da Revista de arte Elástica, com Beatriz Lemos e Thais Medeiros (2011-2015)
RELIGARE
por Rafael Adorján
Confia, confia
Confia no poder, confia no saber
Confia na força
Aonde pode ser
Trecho do Hinário O Cruzeiro, do Mestre Irineu. Hino 119, Confia.
Religare significa “ligar, juntar, unir”, a re-ligação do homem com a natureza e a si mesmo, um caminho espiritual manifestado pela liturgia característica dos trabalhos do Santo Daime, onde se louva o hinário de seus Padrinhos, e na sua culminância, o feitio, que é o preparo sacramental da Ayahuasca: bebida enteógena relacionada à doutrina espiritual do Santo Daime, produzido através da união de duas plantas: o banisteriopsis caapi, conhecido popularmente como jagube ou mariri, e a psicotria viridis, popularmente denominada como rainha ou chacrona.
O Santo Daime é uma manifestação religiosa de origem cristã surgida no Acre, no início do século XX. Um de seus símbolos centrais é o Santo Cruzeiro, que é para alguns a Cruz de dois braços ou Cruz de Caravaca, e que ilustra a capa desta publicação. Existem várias interpretações para o seu significado. Foi adotada por cruzados, templários e missionários como um poderoso amuleto, símbolo de proteção. Entre os daimistas, é comum dizerem que o segundo braço significa o retorno de Jesus Cristo.
Seu fundador foi Raimundo Irineu Serra, o Mestre Irineu, portanto trata-se de uma doutrina de origem brasileira, considerada patrimônio imaterial de nossa cultura. Minha relação com a mesma iniciou-se através de meu pai, em períodos de convivência com a comunidade do Vale do Matutu, localizado na Serra do Papagaio, dentro da Área de preservação ambiental da Mantiqueira, no município de Aiuruoca, sul de Minas Gerais.
Mantive os relatos de meu pai, que é fardado nesta doutrina há cerca de 20 anos, em meu imaginário e pude perceber como a sua vida foi se transformando de acordo com a intensidade de seu envolvimento com a mesma. Porém, a experiência não pode ser transferida em sua totalidade de sensações. Foi preciso então iniciar a minha própria jornada particular intensa, trilhando caminhos e construindo relações com pessoas e lugares que mantém uma ligação mais aprofundada com o Daime no Matutu.
Religare é o fruto dos meus períodos de convivência naquela região, de coração aberto e respeitoso, após a afirmação de uma aproximação de confiança, no intuito de viver em harmonia a delicadeza de um tempo-espaço próprio.
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