(ultima atualização em agosto/2023)
Divinópolis, MG, 1980
Vive e trabalha em Moeda, MG
Indicado ao Prêmio PIPA 2023
Sou artista, jardineiro e educador. No centro dos meus interesses encontram-se as artes visuais, a música, a performance e a ecologia. Trabalho a partir de materiais com que brinquei na infância. Revisito histórias de minhas avós e tios no ambiente rural. Por exemplo, usávamos o fruto seco de jequitibá para fazer o chupador de laranja; hoje, esse fruto aparece em minhas obras. Não só a matéria-prima concreta, então, mas também muitas memórias e afetos foram recheando essa vivência, em que todas as coisas conversam entre si. Em meus processos criativos, me aproprio de matérias-primas disponibilizadas espontaneamente pela natureza e as redimensiono, de modo a revelar as vozes que se encontram latentes em suas estruturas. As intervenções nesses materiais buscam ressaltar seu aspecto orgânico e são concebidas como um processo colaborativo que realizo em parceria com a natureza. Os caminhos da arte sempre se cruzaram na minha vida e com o tempo fui percebendo o ator como um cantor, o cantor como um jardineiro, o jardineiro como um artista visual… Esse todo foi me construindo. Esse todo me estimula, me norteia e me faz existir. Não sei especificar ao certo quando passei a ser um artista que labuta com diversas linguagens. É coisa que me vem dos meus ancestrais. É algo orgânico. Um pouco de tudo, muito junto e misturado.
Site: instagram.com/alexandrebianchini.arte/
Vídeo produzido pela Do Rio Filmes exclusivamente para o Prêmio PIPA 2023:
“ALEXANDRE BIANCHINI (Outro Quilombo – Mario Gil / Paulo César Pinheiro)”, 2016. Duração: 4’37”
“Dandô – Alexandre Bianchini e Ricardo Rodrigues – Serra Grande (Ricardo Rodrigues)”, 2016. Duração: 3’19”
Formação
2013
– Canto, Bacharelado, Bituca: Universidade de Música Popular
Exposições coletivas
2022-2023
– “Ainda que tardia: Brasil futuros”, Curadoria de Fernanda Brito, Guilherme Trielli Ribeiro, Luiz Gustavo Carvalho, Verona Segantini, Museu Casa Padre Toledo, Tiradentes, Minas Gerais, MG
2019
– “Pindowa”, Artesãs e artesãos do projeto Pindowa, das comunidades da estrada do arroz (Amazônia) no Maranhão, Curadoria de Renato Imbroisi, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, SP
Performances
2015-2023
– “Terra, Baú e Verso”, com o violonista e cantautor Ricardo Rodrigues
2015-2017
– “Projeto Dandô”, Circuito de Música Dércio Marques, com Ricardo Rodrigues
2014-2015
– “Caminho de Pedras”, com Matheus Fillipi
2013-2015
– “Na trilha do menino”, temporada com a Cia Borandá (palhaçaria)
2010-2012
– “Êta boi!”, temporada com o grupo Expressão (teatro de rua)
2007-2010
– “Inimaginável mas Real”, com os Alkmystas
Palestras e oficinas
2022
– “O sentir, o sonoro, a natureza”, oficina realizada pela UFMG em parceria com o Festival Artes Vertentes, Museu Casa Padre Toledo, Tiradentes, MG (24 a 26 de novembro)
2019
– “Sons da natureza”, 36ª Paralela Design, Oca, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP (17 de agosto)
Prêmios
2016
– “Comenda Consciência Negra 2016”, Câmara Municipal de Divinópolis, MG
2012
– Prêmio De Olho no Palco, Performance com a banda Vila Capistrana, Bituca: Universidade de Música Popular
“Retrato do artista quando muitos”, 2021. Duração: 53’11”
“Músico recicla e reproduz em instrumentos os sons da natureza”, 2014. Duração: 2’55”
As esculturas desta série resultam de pesquisas sobre imaginação e memória. Nelas aproximo objetos naturais e objetos que perderam o seu uso social. De um lado, sobras, trastes, detritos, rejeitos, refugos; de outro lado, materiais recolhidos na natureza (sementes, frutos secos, madeiras, pedras, pigmentos, fibras, tinturas). A partir desses materiais e por meio do sonho e do devaneio dou visualidade a alegorias que misturam histórias de vida e memória coletiva.
- “DEVANEIOS DA INTIMIDADE MATERIAL”, 2022
Esta série decorre de uma pesquisa que envolve desenhos no chão feitos com matérias-primas do chão. Após coletar, beneficiar e organizar materiais encontrados na zona de transição entre o Cerrado e a Mata-Atlântica, defino um pedaço de chão como suporte e o preparo, por exemplo, peneirando terra e dispersando sementes sobre as quais instalo placas de vidro. As marcas no chão que resultam da ação do tempo são sempre bem-vindas e constituem um elemento de composição. O desenho, portanto, acontece já na escolha e na preparação do suporte e termina apenas quando a composição fica equilibrada. Tenho o costume de fotografar esses desenhos efêmeros e produzir ensaios visuais a partir deles.
As obras desta série foram e são criadas a partir de histórias de família, destacando minhas raízes afro-brasileiras. Os objetos que alinhavo nessas esculturas fazem parte de uma coleção de objetos cotidianos que herdei de parentes e amigos. Tomo esses objetos como matéria-prima e busco conduzi-los ao campo artístico, construindo imagens que esperam desconstruir e ressignificar silenciamentos impostos pela nossa sociedade racista.
A pesquisa com as esculturas sonoras foi estimulada pela participação no projeto “Terra, Baú e Verso” (2016), dedicado à performance de canções compostas por Ricardo Rodrigues. Interpreto as canções como músico (cantor, luthier e percussionista) e artista visual (escultor e cenógrafo). As esculturas sonoras tornam possível inscrever nas canções, no ato da performance, desenhos sonoros e visuais. O modo como manipulo e exponho essas esculturas em espaços de performance resulta em canto, atuação, cenografia. Transpor fronteiras entre linguagens e transgredir suas normas são os princípios que orientam a construção dessas obras híbridas.
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