“Boitanga”, de Agrade Camiz. Foto retirada do site do Sesc SP

‘Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro’: últimos dias para ver a mais abrangente exposição dedicada à produção de artistas negros já realizada no país

(São Paulo, SP)

A centralidade do pensamento negro no campo das artes visuais brasileiras, em diferentes tempos e lugares. Essa é uma das principais premissas que norteiam o processo curatorial da mostra Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro, a mais abrangente exposição dedicada exclusivamente à produção de artistas negros já realizada no país, que fica em cartaz até 28 de janeiro no Sesc Belenzinhoem São Paulo. A partir de 2024, uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos.

A ideia nasceu em 2018, um projeto de pesquisa fruto do desejo institucional do Sesc em conhecer, dar visibilidade e promover a produção afro-brasileira. Para sua realização, foram convidados os curadores Hélio Menezes e Igor Simões. Em 2022, o projeto passa a ter a curadoria geral de Simões com os curadores adjuntos Marcelo Campos e Lorraine Mendes. A exposição apresenta ao público trabalhos em diversas linguagens artísticas como pintura, fotografia, escultura, instalações e videoinstalações, produzidos entre o fim do século XVIII até o século XXI por 240 artistas negros de todos os Estados do Brasil.

Para se chegar a esse expressivo e representativo número de artistas negros, presentes em todo o território nacional, foram abertas duas importantes frentes. Na primeira, foram realizadas pesquisas in loco em todas as regiões do Brasil com a participação do Sesc em cada estado, com o objetivo de trazer a público vozes negras da arte brasileira. Essas ações desdobraram-se em atividades e programas como palestras, leituras de portfolio, exposições, entre outros, com foco local. Vale ressaltar que esse processo teve uma atenção especial para que não se limitasse apenas às capitais do país, englobando também a produção artística da população negra de diversas localidades, como cidades do interior e comunidades quilombolas. A equipe curatorial pesquisou obras e documentos em ateliês, portfólios e coleções públicas e particulares, para oferecer ao público a oportunidade de conhecer um recorte da história da arte produzida pela população negra do Brasil e entender a centralidade do pensamento negro na arte brasileira.

A segunda frente foi a realização de um programa de residência artística online intitulado “Pemba: Residência Preta”, que contou com mais de 450 inscrições e selecionou 150 residentes. De maio a agosto de 2022, os integrantes foram orientados por Ariana Nuala (PE), Juliana dos Santos (SP), Rafael Bqueer (PA), Renata Sampaio (RJ) e Yhuri Cruz (RJ). A residência, que reuniu artistas, educadores e curadores/críticos, contou ainda com uma série de aulas públicas com a participação de Denise Ferreira da Silva, Kleber Amâncio, Renata Bittencourt, Renata Sampaio, Rosana Paulino e Rosane Borges, disponíveis no canal do Sesc Brasil no YouTube.

A proposta curatorial rompe com divisões como cronologia, estilo ou linguagem. Para esta exposição de arte negra, não caberá a junção formal, estilística ou estética. Dessa maneira, os espaços expositivos do Sesc Belenzinho contam com sete núcleos: Romper, Branco Tema, Negro Vida, Amefricanas, Organização Já,  Legitima Defesa e Baobá, que têm como referência pensamentos de importantes intelectuais negros da história do Brasil, como Beatriz NascimentoEmanoel Araújo, Guerreiro Ramos, Lélia Gonzales e Luiz Gama.

Entre os artistas participantes da mostra, estão os vencedores do Prêmio PIPA: Paulo Nazareth (edição de 2016); Arjan Martins (edição de 2018); Gê Viana (edição de 2020); Renata Felinto (edição de 2020); Castiel Vitorino Brasileiro (edição de 2021); Marcela Bonfim (edição de 2021) com Dani Guirra; Ventura Profana (edição de 2021); Vitória Cribb (edição de 2022); Helô Sanvoy (edição de 2023). Além deles, também está o finalista da edição de 2019, Jaime Lauriano, e o coletivo vencedor do PIPA Online 2023, Afonso Pimenta – Retratistas do Morro.

A mostra também conta com diversos participantes do Prêmio PIPA, de múltiplas edições: Agrade Camíz; Aline Motta; Ana Lira; Antonio Obá; biarritzzz; Charlene Bicalho; Dalton Paula; Diambe da Silva; Éder Oliveira; Gustavo NazarenoHariel RevignetJaime LaurianoKeila Sankofa; Kika CarvalhoLarissa de Souza; Luana Vitra; Lucia Laguna; Luiz 83; Maré de Matos; Maria Macêdo; Massuelen Cristina; Mateus Moreira; Moisés Patricio; Mônica VenturaPanmela Castro; Priscila RezendeRebeca Carapiá; Renan TelesSilvana Mendes; Sonia Gomes; Sy GomesTadáskía; Talles Lopes; Tiago Sant’Ana; Ton Bezerra; Uiler Costa-SantosYhuri Cruz; Mestre Zimar.

Entre as obras expostas, está a “Máquina de Pelucia da Panmela Castro”, obra participativa da artista Panmela Castro, comissionada pelos curadores Igor Simões, Lorraine Mendes e Marcelo Campos.

Confira aqui todos os cerca de 240 artistas que compõe a exposição.

Nos próximos dias, serão realizadas visitas mediadas acessíveis com educadores especializados. A primeira dupla de educadores, Anne Magalhães e Edinho Santos, realizarão mediações voltadas para o público surdo. A ação educativa será conduzida em Libras (Língua Brasileira de Sinais), não sendo apenas uma tradução simultânea de uma mediação falada. As mediações acontecem no dia 20 de janeiro em dois intervalos diferentes, das 10h30 às 12h, e das 15h30 às 17h. A segunda dupla de educadores, Lara Souto e Giu, realizarão mediações voltadas para o público cego ou com baixa visão. O roteiro das obras que serão mediadas foi elaborado e pensado pelas educadores para melhor acolher esse público. As mediações acontecem nos dias 18 e 25 de janeiro, das 15h30 às 17h. Veja mais detalhes aqui.

Panmela Castro ao lado de sua obra “Máquina de Pelucia de Panmela Castro”, comissionada para a mostra “Dos Brasis: Arte e Pensamento Negro”, 2023, Sesc Belenzinho

“Dos Brasis – Arte e Pensamento Negro”, coletiva
De 02 de agosto, 2023, até 28 de janeiro, 2024
A partir de 2024, uma parte da mostra circulará em espaços do Sesc por todo o Brasil pelos próximos 10 anos

Sesc Belenzinho
Rua Padre Adelino, 1.000, Belenzinho, São Paulo
Terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 9h às 18h



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