(Brasília, DF)
O Museu Nacional da República, em parceria com o Museu das Mulheres, apresenta ao público a intervenção artística “Aguapé”, de Gisel Carriconde Azevedo e Isabela Couto, com curadoria de Sissa Aneleh, como parte da 21ª Semana Nacional dos Museus. Instalada nos três espelhos d’água do Museu, a obra viva foi feita com 14 caminhões da planta aquática deslocada do Lago Paranoá para compor, junto à paisagem predominantemente cinza da arquitetura moderna de Oscar Niemeyer, jardins flutuantes.
Confira uma consideração do filósofo Hilan Bensusan acerca da obra: “Quando se fala de arte por toda parte fala-se de abundância de raridades. Como pode a praga verde ser rara? Há já uma maneira de rarificar alguma coisa por meio dos embrenhamentos de artifícios, artimanhas e artefatos da arte. Um pé d’água é único quando cai naquela hora, naquele endereço e, ainda assim, é um pé d’água como tantos outros – exceto que é aquele ali. Assim no meio de uma floresta de aguapés perseguidos por crescerem e multiplicarem como coisas raras não fazem, cada aguapé está situado no sentido de que é aquele ali e não aquele outro – e ainda assim é um aguapé como tantos outros. Os aguapés no museu, flutuando no espelho d’água rara porque foi colocada no lugar marcado, viram raros como as imagens nas paredes da exposição também ficam raras porque são postas no lugar da raridade.”
Para a 21ª Semana Nacional dos Museus, um momento de destaque, as artistas se propuseram a cultivar por dois meses plantas facilmente encontradas no Lago Paranoá e conhecidas por serem as espécies vegetais mais invasivas do mundo. O nome água-pé já revela de antemão a facilidade de deslocamento da planta. Natural da Amazônia, o aguapé vive em harmonia com espécies nativas, porém espalha-se facilmente em paisagens degradadas pela ação predatória humana. Por outro lado, podem funcionar como reguladores de sistemas, removendo poluentes e toxinas pesadas das águas que habitam.
Durante os dois meses, Isabela e Gisel convidam o público a acompanhar o crescimento exponencial das plantas aquáticas nos espelhos d’água do Museu. Um dos propósitos da intervenção é chamar a atenção para a capacidade de espécies vegetais funcionarem como termômetro das atividades humanas. Praga verde, um dos apelidos da aguapé, por exemplo, descreve muito mais as consequências decorrentes da ação humana no globo do que caracteriza a própria planta.
Com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Caesb, Multcor, Departamento de Ecologia da UnB, Laboratório de Limnologia da UnB, a obra fica disponível para visitação diária até o dia 16 de julho.
Intervenção “Aguapé”, por Gisel Carriconde Azevedo e Isabela Couto
Curadoria: Sissa Aneleh
De 21 de maio a 16 de julho, 2023
Museu Nacional da República
Setor Cultural Sul, lote 2, próximo à rodoviária do Plano Piloto, área externa – Brasília, DF
Contato: (61) 3325-6410
Visitação diária