(Madri, Espanha)
Maxwell Alexandre apresenta Novo Poder: passabilidade, sua primeira exposição individual na Espanha, no centro cultural La Casa Encendida, em Madri. A mostra, com curadoria de Matthieu Lelièvre, em colaboração com o Instituto Inclusartiz, A Gentil Caricoca e o artista, fica em cartaz até dia 16 de abril.
Confira alguns trechos do texto sobre a exposição para saber mais sobre as ideias por trás das obras:
“Na série ‘Novo Poder’, o artista explora a ideia da comunidade preta dentro dos templos consagrados de contemplação da arte contemporânea: galerias, museus e fundações. Para isso, ele dá ênfase a 3 signos básicos: as cores preta, branca e parda. A cor preta atua como o corpo preto manifestado pela figuração de personagens; a cor branca representa o cubo branco espelhando o espaço expositivo assim como o conhecimento acadêmico; e a cor parda representa a obra de arte e também faz autorreferência ao próprio papel que é o suporte principal da série. Outros signos fazem um papel secundário, assim como o dourado, que muitas vezes aponta para a dignidade e eleva tudo ao campo do sagrado, do espiritual. Um outro signo que vem ganhando progressivamente importância dentro de Novo Poder é a Moda, que nesse contexto funciona em uma direção similar enquanto ferramenta de elevação da autoestima. Por consequência, o elemento da Moda se apresenta como uma espécie de desafio à ideia colonial de que sensibilidade e beleza são elementos que não pertencem a pessoas melanizadas.
Para compreender a totalidade da mensagem que Maxwell transmite nesta série, antes se faz necessário investigar a intenção de sua criatividade em ‘Pardo é Papel’, uma série que fala sobre um futuro especulativo de glória, vitória, farra, fartura, marra, vaidade e auto-estima para as comunidades negras. E se em ‘Pardo é Papel’ a projeção da ascensão se dá através da ostentação de bens de consumo como carros, jóias e roupas de grife, em ‘Novo Poder’ o artista busca a abundância intelectual e simbólica, o acesso à quintessência da produção material ocidental, a Arte.
[…] A falta de interesse das periferias e favelas pela arte contemporânea, afirma Maxwell Alexandre, é um programa construído. Esse é um segmento de elite e também de distinção social mesmo entre os ricos. Para aqueles que têm iates, helicópteros, mansões e piscinas como bens corriqueiros, a arte torna-se uma referência para dizer quem é mais sofisticado. Dessa maneira, quem tem um quadro valioso na parede de casa e pode compreender o artista de seu tempo, se destaca. Do mesmo modo acontece no meio da Moda, a sensação de entrar numa loja Louis Vuitton é parecida com a sensação de entrar no Louvre, ao ocupar esses espaços o sentimento de exclusão grita dentro do corpo negro, já para o corpo branco o sentimento geralmente é de pertencimento.
[…] É neste sentido que a série Novo Poder propõe a transmutação da realidade, gerando imagens de pessoas melanizadas dentro das exposições de arte, caminhando com elegância, como “catwalks” pelas exposições. Essa familiaridade, tratada pela primeira vez na exposição de La Casa Encendida, é fruto de um processo de assimilação e incorporação, ou mesmo entendimento e vivência, dos códigos de ambos os campos, que conferem a esses indivíduos confiança e auto estima. Essas florescem em um porte ou postura de tranquilidade e confiança; uma passabilidade, emanada de dentro pra fora. Quer dizer, uma caminhada que não é somente uma passagem efêmera pelo espaço, mas uma conquista de quem aprendeu a pertencer e usufruir destes lugares e do gozo estético com segurança e tranquilidade.”
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“Novo poder: passabilidade”, individual de Maxwell Alexandre
De 3 de fevereiro até 16 de abril, 2023
La Casa Encendida
Rda. de Valencia, 2, 28012 Madri, Espanha
Terça a sábado, 10h até 21h; domingo, 10h até 16h