(São Paulo, SP)
Com curadoria de Tiago Sant’Ana, a Galeria Leme apresenta “O último buritizeiro”, individual de Felipe Rezende. O artista expõe sua produção mais recente e inédita, composta de pinturas à óleo sobre lona de caminhão e desenhos em nanquim e grafite. Com abertura dia 2 de fevereiro, às 19 horas, a exposição segue em exibição até 11 de março. Em seu conjunto de trabalhos, Rezende combina observações de seu cotidiano com elementos da cultura pop, como personagens de animes e quadrinhos, em prol da constituição de uma narrativa visual. Nas obras presentes na mostra, o artista amplia seus assuntos de interesse e passa a incorporar os debates sobre as questões ambientais e os fluxos migratórios para São Paulo.
Na obra que dá título à exposição, o artista retrata no centro da composição Dona Ozelina e um buriti ao fundo. Ao redor dessa figura é possível notar uma colheitadeira, um balde e uma bacia cheios de frutos da planta, demonstrando duas formas distintas de colheita e plantio e um aviação agrícola expelindo agrotóxico. No topo esquerdo da composição um Koffing – personagem venenoso do anime Pokémon – veste um chapéu de cowboy.

Felipe Rezende, O último buritizeiro, 2022. Óleo sobre lona de caminhão, 145 x 113 cm. Foto: Filipe Berndt
Segundo o artista, Ozelina é moradora do quilombo Cacimbinha, no oeste baiano. A região vive um intenso conflito entre dois projetos antagônicos, de um lado os camponeses, geraizeiros e comunidades tradicionais, que vivem dos recursos hídricos da região, do cultivo do buriti e do conhecimento da biodiversidade do Cerrado e de outro o modelo do agronegócio, que hoje ocupa 150 mil hectares com plantio de soja, milho e algodão, de acordo com relatório da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM).
Com material, Rezende escolhe usar a lona de caminhão para suas pinturas, contribuindo como uma metáfora do trânsito de pessoas, de elementos, de imagens de um lugar para o outro. “Essas lonas viajam, deslizam nas estradas e carregam consigo uma sorte de desgastes do tempo, de marcas que ficam inscritas em suas fibras. Elas são uma estratégia, que o Felipe utiliza para tratar desses fluxos de migração, de finitude, de passagem do tempo”, acrescenta Sant’Ana.
- Créditos: Filipe Berndt.
- Créditos: Filipe Berndt.
- Créditos: Filipe Berndt.
- Créditos: Filipe Berndt.
- Créditos: Filipe Berndt.
O último buritizeiro, com Felipe Rezende
curadoria de Tiago Sant’Ana
Galeria Leme
De 2 de fevereiro a 10 de março de 2023