No dia 1º de janeiro, como parte dos eventos de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi inaugurada no Museu Nacional da República a exposição Brasil Futuro: as Formas da Democracia. A mostra coletiva reúne obras de mais de uma centena de artistas visuais brasileiros de diferentes gerações, raças, gêneros e regiões do país, formando um conjunto que representa os desafios da nossa democracia, a utopia do nosso projeto de presente e sonho de futuro. A curadoria está nas mãos da historiadora Lilia Schwarcz, do arquiteto Rogério Carvalho, ex-curador dos acervos dos palácios do Planalto e Alvorada, e do secretário de Cultura do PT, Márcio Tavares, com a contribuição do ator Paulo Vieira.
Como informado na divulgação da coletiva, “É uma exposição para retomar nossa relação com a diversidade do povo brasileiro e com as muitas formas de lutas por direitos. Uma oportunidade de olhar o que vivemos e projetar o que ainda vamos viver a partir de um ponto de vista que reflete sobre os desencontros e tensionamentos históricos, ao mesmo tempo em que valoriza o espírito de união e o desejo de reconstrução do nosso país”.
Em declaração para a matéria sobre a mostra publicada no site da Agência Brasília, a curadora Lilia Schwarcz elucida o nome da mostra: “O termo ‘futuro’ no título da exposição tem a ver com a ideia de que democracia é sempre um projeto em aberto, a ser aperfeiçoado. Essa é, ao mesmo tempo, a beleza e a dificuldade da democracia”.
Entre os artistas participantes estão Bárbara Wagner, Daniel Lannes, Denilson Baniwa, Desali, Gustavo Caboco, Jaider Esbell, Jaime Lauriano, Lais Myrrha, Lenora de Barros, Luiz Braga, Marilá Dardot, Paulo Nazareth, Raphael Escobar, Sonia Gomes, Thiago Honório, Thiago Martins de Melo e Tiago Sant’ana. A artista Daiara Tukano produziu uma obra especialmente para a exposição.
Confira abaixo os três núcleos da mostra:
- Retomar símbolos
Todo país se imagina a partir de uma série de símbolos e emblemas – como a bandeira, o hino, as armas e os selos nacionais – que costumam aglutinar, na base da emoção, um passado comum e uma utopia no tempo presente. Por isso, eles dizem respeito à sociedade como um todo e não podem ser sequestrados por um grupo ou setor.
É na sua união, mas também na sua diversidade, que tais representações patrióticas ganham sentido e amplitude. Nesse núcleo apresentamos releituras da bandeira nacional, símbolo máximo da nacionalidade, a partir da experiência de diferentes grupos, que, coletivamente, refazem suas identidades a partir de elementos e representações comuns.
A experiência democrática carrega um ideal de extensão da cidadania cuja ênfase recai sobre o direito de participar e opinar. Essa é uma espécie de franquia da cidadania que precisa se orientar sempre pelo critério de inclusão.
- Descolonizar
Durante muito tempo a história brasileira foi contada a partir de uma única experiência europeia, masculina e colonial. Nesse núcleo, o tema da diversidade e da democracia aparecem expressos a partir da experiência de artistas provenientes de diferentes formações, raças, gerações, regiões, gênero e sexo.
A questão da política tradicional é igualmente questionada, tendo em mente diferentes momentos do passado autoritário do país. Se não restam dúvidas acerca da importância da imigração europeia e de seu papel central na formação do país, é preciso também tratar dos muitos silêncios da nossa narrativa nacional. Lembrar de não esquecer!
- Somos nós
É na diversidade que reside a riqueza do Brasil. No entanto, o país ainda luta com uma desigualdade estrutural e com uma democracia que acomoda secularmente persistente exclusão social.
Esse núcleo apresenta um retrato plural e vivo desse país, que precisa de um novo pacto pela democracia – conhecido como um regime que se pauta na capacidade de se autogovernar entre iguais. Que o poder do povo seja soberano e que a democracia reine como um modo de vida e uma forma de estar em sociedade.

O quadro ‘A queda do céu e a mãe de todas as lutas’ foi produzido pela artista Daiara Tukano especialmente para a exposição
“Brasil Futuro: as Formas da Democracia”, mostra coletiva
Até 26 de fevereiro de 2023
Museu Nacional da República
Setor Cultural Sul, Lote 2 próximo à Rodoviária do Plano Piloto, Brasília – DF
Galeria Principal
Terça-feira a domingo, das 9h às 18h30