Foto de Fábio Souza

Confira como foi a abertura das exposições dos Premiados PIPA 2022 e de Aquisições Recentes

(Rio de Janeiro, RJ)

Na última quinta-feira, dia 1º de setembro, realizamos a abertura das exposições Premiados PIPA 2022 e Aquisições Recentes: Coleção Instituto PIPA, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.

Durante o evento, Luiz Camillo Osorio, curador do Instituto PIPA, recebeu um grande número de pessoas para uma visita guiada em ambas as exposições. O público atento e interessado pôde, na sala Terreirinho, saber mais sobre a ideia por trás e a história do Prêmio e do Instituto; estar a par das mudanças implementadas em edições recentes e ouvir sobre as obras expostas, que foram comissionadas e adquiridas nos últimos anos. São trabalhos de artistas contemporâneos brasileiros que fazem parte da história do Prêmio PIPA: Eduardo BerlinerLeticia RamosRomy PocztarukIlê SartuziDenilson Baniwa e Isael Maxakali. O acervo do Instituto pode ser visto no site www.institutopipa.com. Romy, que conta com 5 obras na mostra, esteve presente no dia e falou sobre a série “A última aventura, Fordlândia” e “Red Sand I”.

Na sala Terreiro, a visita guiada com Camillo sobre a exposição dos premiados teve a participação do Coletivo Coletores, da Josi e da Vitória Cribb, que compartilharam com o público sobre seus trabalhos e suas temáticas. Desde 2020, a exposição do Prêmio não tem caráter competitivo. Esta mostra é, também, uma celebração da escolha dos quatro artistas como premiados da edição.  Assim, os quatro dividem o Terreiro com obras justapostas, posicionadas de forma a evidenciar as permeabilidades possíveis e aumentando sua potência como conjunto. Sem uma expografia rígida, eles criam juntos um espaço de forma livre e fluida, sendo a exposição escrita a várias mãos.

Coletivo Coletores, formado por Flávio Camargo e Toni Baptiste, abordou questões de disputa de espaço, explicando que a dupla busca ocupar a cidade e pensar as relações que são construídas nesses lugares, tomando a cidade ao mesmo tempo como suporte e como temática para o trabalho que realizam. Como Flávio pontuou, “Ela (a cidade) acontece dentro do trabalho, assim como ela é o próprio foco do trabalho. Ela é o tema central, mas também o lugar onde acontece e pode se desenvolver”. A dupla explora a ideia de memória, especialmente os apagamentos desta, desenvolvendo obras com mídias diversas, como o videomapping, técnica com a qual o Coletivo fez uma intervenção na fachada do Paço Imperial. Entre outras obras, o registro fotográfico da ação pode ser visto na mostra, junto a uma parede com variações da frase “Estamos Vivos”, simulando grafitti. Como parte de outra ação, no abertura o Coletivo ainda estacionou na Praça XV um led truck com a projeção “Não Retornados”. 

Foto de Fábio Souza

Ao lado de seus trabalhos, Josi explicou sobre a técnica de pintura original que desenvolveu: o uso da água de feijão preto sobre papel e tecido. A artista explora as diversas colorações atingidas a partir dos diferentes pontos de cozimento do grão, e usa esse material como tinta: “‘Quarar-reverso’ é um procedimento que guia meu olho para encontrar a possibilidade do pigmento, porque o que cai na roupa e pode manchar e ser um problema, é uma coisa que vai ser bom para pintar.  Foi por aí que eu encontrei a potência das cores do feijão preto, foi no vazar de uma sujeira na panela de pressão (…) que eu comecei a construir essa paleta a partir desse olho, que é um olho de sujeira”. Com peças em cerâmica e com peneiras e quaradores como suporte, Josi trança os saberes da costura e da cozinha, que a artista explica estarem inscritos em seu corpo, passando por suas mãos, por conta de uma história familiar de relação com essas práticas.

Foto de Fábio Souza

No ambiente de suas obras, com o site-specific do filme “@ilusão”, pensado para o Paço Imperial, Vitória Cribb compartilhou os pensamentos que a levaram a desenvolver o trabalho, concebido em plena pandemia. No filme, a repetição imagética reflete sobre o estado de ânsia, estresse, cansaço e solidão que nos acomete ao interagirmos com o outro, principalmente no meio digital, por conta do algoritmo e do engajamento constante. A ideia da artista é “incorporar um ambiente contemporâneo digital sob uma arquitetura colonial marcada pela violência e exploração de grupos marginalizados”. Vitória ainda disponibilizou cópias impressas de seu texto “Espontaneidade Programa” que, como ela explica, é uma carta a seu “amigo algoritmo”: a conhece tão bem a ponto de indicar conteúdos que lhe agradam, no momento correto. A proposta é que o público fique à vontade para levar uma cópia do texto consigo.

Foto de Fábio Souza

UÝRA não pôde estar fisicamente na abertura, mas foi representada por suas obras e pelas informações divididas por Luiz Camillo Osorio. A artista trouxe um pouco da floresta Amazônica para o Paço Imperial a partir de bandeiras com fotos do dossel (cobertura das árvores da floresta) penduradas no teto da sala, nos fazendo olhar para cima. Nos tecidos, UÝRA traça figuras que aparecem no desenho feito pelos espaços entre as folhas das árvores e o céu. Ela ainda escreveu à mão, em carvão, um texto na parede do Paço, nos lembrando que “O céu é um mundo que não pode acabar”, e exibindo, também, duas imagens resultado da fotoperformance “Espíritos de tudo que vive”, 2019. A artista, como ela explica, utiliza seu corpo “como suporte para contar histórias de diferentes naturezas. Tanto a natureza ancestral, das coisas vivas em estado de liberdade, como também do que a gente tem sido ensinado a entender como natureza, essas paisagens de violências sociais e ambientais, heranças da colonização”. 

Foto de Fábio Souza

Os visitantes ainda puderam ter uma troca mais próxima com os artistas, que estiveram presentes ao longo do dia, sendo muito solícitos para conversar, responder perguntas e tirar fotos. Gostaríamos de agradecer a todos que compareceram com muita animação e interesse, e lembramos que as mostras ficam em cartaz no Paço Imperial até 30 de outubro. Se passar pelas exposições, não esqueça de compartilhar conosco o que achou ou registre um pensamento deixando um post-it!

Foto de Fábio Souza

Paço Imperial
Praça Quinze de Novembro, 48 – Centro, Rio de Janeiro
Terça a sexta, 12 às 18h; sábados e domingos, 12 às 17h
O Paço estará fechado no feriado de 7 de setembro



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