Após receber o XVI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, de 2021, Adriana Vignoli realizou a série fotográfica “Boca do fogo”, que reúne sua pesquisa sobre processos de cura e saberes ancestrais da raizeira quilombola Lucely Morais Pio, a paisagem seca do Cerrado, a imanência do fogo que transforma e o renascimento. Segundo a artista, “Boca do fogo” nasce do “encontro entre plantas do cerrado e a pesquisadora das medicinas naturais do cerrado, Lucely Morais Pio”, a raizeira e especialista em curas tradicionais que vive na comunidade quilombola do Cedro, localizada em Mineiros, Goiás. Composta por seis fotografias de registro de processo, a série será doada em formato digital ao Museu Nacional da República, em Brasília.
Para a realização da obra, Vignoli viajou com a equipe formada pelos fotógrafos Diego Bresani e Jean Peixoto e a produtora Elisa Mattos até a comunidade quilombola do Cedro para criar com Lucely Pio uma espécie de escultura vegetal de cura. Para a artista, é importante mirar esses lugares das regiões do Centro Oeste de culturas e saberes centenários e trazer a experiência para processos de criações escultóricas e fotográficas. A intenção é preservar histórias sobre esses lugares tão raros em histórias e, em especial, sobre as pessoas que vivem e cuidam deles, no esforço da manutenção de conhecimentos seculares de geração em geração. Adriana conheceu o trabalho da raizeira Lucely Pio há cerca de dois anos, a partir de sua pesquisa de doutorado em Artes Visuais com a orientação do também artista visual e professor do Instituto de Artes Visuais da Universidade de Brasília Christus Nóbrega. Nos estudos, ela experimenta processos bio-escultóricos e o uso de elementos como as plantas de cura na construção desses entes.
Parte da pesquisa da artista, pode ser vista também na mostra “Mundos Concretos Líquidos e Gasosos”, na Casa Albuquerque até 13 de agosto na Casa Albuquerque Galeria de Arte, em Brasília, que foi divulgada nesse link.