Marcelo Amorim, "Trote"

Arte e literatura se encontram para pensar questões relativas às masculinidades e homoafetividades

(São Paulo, SP)

O paraíso dos marrecos, que abre no dia 21 de maio na Residência Fonte, em São Paulo, apresenta obras de onze artistas brasileiros contemporâneos que investigam, em diferentes mídias e linguagens, questões relativas às masculinidades e homoafetividades contemporâneas. Fazem parte da coletiva Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey.

O título da exposição foi extraído de uma crônica de João do Rio publicada em 5 junho de 1903 na Gazeta de Notícias. Nela, o escritor enaltece a recém-inaugurada iluminação do Passeio Público da cidade do Rio de Janeiro. O autor é lembrado por ter reconhecido importantes tensões e paradoxos da modernidade brasileira. Através de seus escritos, João do Rio, homossexual, testemunhou a implementação heterogênea e desigual de um projeto de modernização no Brasil, e seus efeitos na criação de zonas de luz e de sombra no espaço urbano, caracterizadas, respectivamente, pelas contenções impostas pelo projeto civilizador e pela livre circulação do desejo e dos corpos que não cabiam em tal projeto.

A escolha de João do Rio como interlocutor extemporâneo dos artistas reunidos na coletiva justifica-se não apenas por suas incansáveis descrições dos paradoxos inerentes à importação de um projeto branco e patriarcal de modernidade, mas também por se tratar de uma figura que inscreve a masculinidade sobre um campo plural, atravessado por complexidades que se radicalizam contemporaneamente. “Os aplicativos de ‘pegação’, a pornografia a um clique, a crítica contrassexual da masculinidade falocentrada, a consciência da violenta pedagogia da masculinidade na infância e o reconhecimento de marcadores sociais como raça e classe como imprescindíveis para situar masculinidades e homoafetividades são apenas alguns dos fenômenos que aparecem nesta crônica fragmentada de nossa época”, diz o release da exposição que reúne pinturas, desenhos, vídeos, fotografias e instalações.

O paraíso dos marrecos, com Adriel Visoto, Bruno Novaes, Élcio Miazaki, Fefa Lins, Gabriel Pessoto, Marcelo Amorim, Marcio Junqueira, Matheus Chiaratti, rafael amorim, Rafael RG e Tales Frey
Curadoria: Icaro Ferraz Vidal Jr.
Abertura: 21 de maio de 2022, sábado, das 14h às 20h
Visitação até 18 de junho, sob agendamento

Fonte
Rua Mourato Coelho, 751, Vila Madalena, São Paulo – SP

 



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