Sallisa Rosa, série "Identidade é ficção", 2019

“América”: colonialidade, memória e ancestralidade na individual de Sallisa Rosa no MAM Rio

Com inauguração marcada para 13 de novembro de 2021, a individual América da artista goiana Sallisa Rosa é a segunda do programa Supernova, uma série de exposições individuais que promove um recorte da produção artística contemporânea no Brasil. Sallisa apresenta um projeto concebido especialmente para o MAM, a partir da pesquisa que desenvolve sobre as relações entre colonialidade, memória e ancestralidade. A mostra tem curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente.

A proposição artística parte de sua trajetória pessoal:

“Sou neta de América. A minha avó, mãe de minha mãe, nasceu em 12 de outubro, dia que o italiano Cristóvão Colombo, enviado pela Coroa Espanhola, invadiu este continente e, por isso, chamaram-lhe América. Feita herdeira das histórias tristes e violentas, América é imensa, forte e farta. Vovó América é grande tal qual, imensa, continental”.

A artista, que participou do programa de residências do MAM Rio em 2020, conta que vem trabalhando a terra como um recurso ancestral:

“Minha prática tem a ver com imagem, fotografia e vídeo, mas também com instalações e obras participativas. Tenho uma pesquisa sobre caminhos e tenho ido muito no sentido de trabalhar com a terra. Refletindo sobre arte e território, penso na materialidade deste elemento que guarda a memória de tudo que já passou e está registrado no solo: pessoas, bichos, plantas e rochas. Acho que a arte também passa por essa demanda de reinvenção e luta por território”.

Na obra de Sallisa, a cultura do barro começa no próprio corpo, a partir do manuseio: “Enquanto eu modelo o barro é o barro que me modela por dentro, num movimento de cultivo das raízes internas. Quando se arrancam as raízes o que fica no lugar é um buraco”, afirma Sallisa. “A terra é um pó mágico que protege as recordações em monumentos. É onde se firma o pé pra erguer o corpo. Se a minha herança é um fardo, eu vivo o destino pelo instinto e, para honrá-la, eu celebro a memória com o corpo”.

A artista conta que a palavra “arte” não encontra tradução em quase nenhuma língua indígena. Talvez porque os povos tradicionais não a separem da vida e, por isso, a arte abrange um universo de práticas que não necessariamente resultam em objetos, mas em ritualizar a vida. Sallisa sublinha a participação da artista baiana Rose Afefé (Varzedo, 1988), a quem convidou para o processo de criação e montagem de América: “Muitas pessoas me foram importantes nesse projeto. Para a instalação, trabalhei em parceria com ela, que foi fundamental na prática com adobe e bioconstrução”.

Para ler o texto completo sobre a mostra, clique aqui.

Sallisa Rosa em montagem no MAM Rio, foto por Fabio Souza

Programa Supernova: Sallisa Rosa | América
De 13 de novembro de 2021 a 13 de março de 2022

MAM Rio
Av. Infante Dom Henrique, 85, Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro, RJ
Tel: (21) 3883-5600
Instagram: @mam.rio
Quintas e sextas, das 13h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Ingressos: contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito



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