(Jundiaí, SP)
Vencedora do edital de Premiação por Histórico em Artes Visuais do PROAC LAB-SP, a artista fluminense Leandra Espírito Santo (1983, Rio de Janeiro) apresenta o projeto inédito Disponível. A partir de um letreiro de proporções monumentais onde se lê a palavra “disponível”, a artista levanta questões sobre os limites e possibilidades do espaço público, propondo uma reflexão sobre os significados contemporâneos de disponibilidade.
Com seu encerramento prorrogado (incialmente marcado para 15 de outubro), a obra estará instalada até 15 de novembro em um dos pontos históricos da cidade de Jundiaí-SP, onde se encontra a antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro do Estado, conhecida como Complexo Fepasa. O projeto pretende contribuir com a circulação de arte contemporânea para além da capital paulistana.
Remetendo a diferentes elementos da paisagem urbana, como os letreiros turísticos, e os outdoors publicitários, nessa obra a artista desloca a palavra “disponível” do contexto em que a vemos nas cidades, mobilizando os diversos sentidos que ela pode ganhar ao ser associada a outras formas estéticas.
Nessa multiplicidade de significados da palavra, para a artista a obra carrega ainda uma nova carga semântica devido ao uso do “disponível” nas redes sociais:
“Podemos observar que essa palavra tem alta circulação nas redes, por estar na base da programação de muitos dos aplicativos, por exemplo: o ‘disponível’ indica um status no Whatsapp, indica o momento de relação na biografia do Instagram, indica a disponibilidade no batepapo do Facebook. Enfim, ‘disponível’, no contexto das redes sociais, significa a disponibilidade das pessoas para as relações sociais”.
Ao criar essa ligação entre espaço público e o universo das redes, a artista traça um paralelo entre à crescente disponibilidade coletiva ao virtual, enquanto os espaços públicos se veem cada vez mais cerceados, murados e privatizados. “Disponível” acaba por se inserir num leque de reflexões sobre o espaço público, que vem sendo atualizado pelas discussões sobre nossos monumentos. Afinal, a quem está disponível o espaço público? É, então, nesse paradigma cotidiano que reside a intervenção de Leandra Espírito Santo.
Confira abaixo um trecho do texto crítico sobre o projeto por Germano Dushá, publicado na Revista Select:
“Entre o surrealismo e a sugestão, nos põe diante de uma série de questões: que espaço é este; qual é a sua natureza; para que serve? Este gramado estará liberado para que o usemos? Com que fins e sob quais protocolos? Ou será que seu uso ficará apenas suspenso por hora, conservando sua potência virtualmente – como uma semente que já traz em si a árvore e os frutos por vir – mantendo-o continuamente disponível, ainda que não à disposição. Concentra em si, assim, a matriz primeira de tudo que pode ainda vir a existir ali, tudo que ali ainda poderá tomar palco”.
Para ler o texto completo, clique aqui.
Interação com o público – Cartão Postal e Instagram
Um totem informativo acompanhará a obra trazendo os dados do projeto, um QR-Code vinculado ao perfil do Instagram @disponivel_holyghost, e recomendações previstas pela OMS diante da pandemia de COVID-19. O público que se fotografar com a obra poderá enviar suas fotos para serem postadas nesse perfil do projeto, que também contará com imagens de backstage do processo criativo, vídeos e conteúdos exclusivos.
Além da interação online, outra atividade prevista no projeto é a produção e distribuição gratuita de um Cartão Postal da obra no complexo histórico.
Ficha técnica
“Disponível”, de Leandra Espírito
Instalação pública
Letreiro com a palavra “disponível” pintado de branco, no tamanho total: 10 metros (larg) X 168 cm (alt) x 40 cm (prof)
Local: Complexo Fepasa
Duração: 15 de setembro a 15 de novembro de 2021
Endereço: Av. União dos Ferroviários, 1760 – Pte. de Campinas, Jundiaí – SP, 13201-160
Horário de Funcionamento: seg.-sáb. – 8h às 17h.