No episódio desta semana do PIPA Podcast, conversamos com Chico Dub, DJ e produtor cultural que assina a direção artística e a curadoria do Novas Frequências, festival internacional de música de vanguarda conectado às novas tendências musicais e experimentais. Nos acompanham nesta conversa Frederico Coelho, pesquisador em História, Literatura, Artes Visuais e música popular, e Luiz Camillo Osorio, curador do Instituto PIPA. A troca girou em torno dos assuntos DJ curadoria e arte sonora, a partir de uma reflexão sobre as similaridades do processo do curador de arte e do DJ, e de exemplos de interseções entre arte e música. Uma das motivações para pensar este assunto foi a indicação de Ana Frango Elétrico ao PIPA 2021: Ana é mais conhecida por seu trabalho no campo da música, mas foi indicada a um prêmio de artes visuais, fazendo-nos pensar sobre esses encontros das diversas áreas artísticas.
Confira, abaixo, uma fala de Chico Dub durante o episódio:
“Em vez de (como DJ) selecionar faixas específicas para as pessoas dançarem, (como curador) eu seleciono artistas em relação a espaço e criação de experiências”.
Ouça agora o episódio aqui no site ou acesse nas plataformas de streaming, como Spotify e Apple podcast, além do nosso canal Prêmio PIPA no Youtube.
Os episódios do podcast estão sendo gravados remotamente, por meio de videoconferência. Abaixo, você pode conferir as referências que são feitas durante a conversa.
R E F E R Ê N C I A S
- Maurício Valladares
Conheça um pouco de sua carreira aqui.
- Giacometti no MAM + Neto
A exposição “Alberto Giacometti – Coleção da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris”, ficou em cartaz no MAM Rio de 18 de julho até 16 de setembro de 2012. O museu proporcionou, na época, uma conversa com o artista Ernesto Neto, que apresenta desdobramentos contemporâneos da obra de Giacometti.
Reproduzimos, abaixo, parte do texto publicado sobre a mostra em 23 de julho de 2012 no portal Bolsa de Arte:
“(…) primeira retrospectiva no continente sul-americano do escultor, pintor e desenhista Alberto Giacometti, um dos artistas mais importantes do século XX. A exposição tem curadoria de Véronique Wiesinger, diretora da Fondation Alberto et Annette Giacometti, Paris, e conta com cerca de 280 obras provenientes da Fondation, entre pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias e artes decorativas, realizadas entre os anos 1910 e 1960. Ao lado das obras da Fondation, está exposta a peça ‘Quatro mulheres sobre base’, de 1950, pertencente ao MAM Rio – único acervo público da América Latina a possuir um trabalho do artista”.
Para ler a postagem completa, clique aqui.
- Tunga + “instaurações”
Confira, abaixo, parte da biografia do artista Tunga, publicada no portal Itaú Cultural, em que o termo “instaurações”, citado durante a conversa, é explicado:
“Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão (Palmares, Pernambuco, 1952 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016). Escultor, desenhista e artista performático. Torna os objetos utilizados em suas obras elementos de performance, criando analogias entre corpo e escultura.
[…] Nos objetos e esculturas, as formas e materiais se entrelaçam, em analogia à cópula, atualizando a proposta dos surrealistas de que, nos poemas e obras, as palavras fariam amor. Segundo o crítico inglês Guy Brett (1942), por meio da imersão na matéria e no mundo físico, Tunga estabelece ‘uma surpreendente e inesperada analogia ou ponto de encontro entre energias ‘esculturais’ e as do corpo humano’.
Ao construir sua obra, Tunga opera no cruzamento entre objeto, performance e texto. Suas esculturas constroem narrativas, das quais os textos são componentes. Além disso, os objetos utilizados em performances figuram como agentes detonadores de processos. Mesmo em espaços expositivos, os objetos assumem dimensão performática, como resíduos ou dejetos de determinada ação deixados no ambiente. O artista chama esses objetos de ‘instaurações’, uma imbricação entre as categorias artísticas de ‘ação’ – pertencente ao universo da performance e do teatro – e ‘instalação’ – objetos montados em espaço expositivo –, de modo a incluí-los como parte da experiência artística”.
Para acessar o site oficial do Tunga, clique aqui.
Assista, abaixo, a um vídeo do Itaú Cultural sobre o artista:
- Cabelo: MC Fininho e Humúsica
Cabelo é poeta, músico e artista plástico. Considera seus desenhos, pinturas, esculturas, canções, performances, vídeos e instaurações como manifestações da poesia. Segundo Luiz Camillo Osorio, “essas várias linhas de força de sua poética têm como foco um acontecimento expressivo sempre marcado pela presença contundente do corpo”. A obra acontece tanto num museu quanto na rua. Atualmente segue com o projeto Luz com Trevas: uma exposição, um show e um disco, que se misturam formando uma só obra. O artista foi um dos finalistas do PIPA 2019 e, para a exposição final do Prêmio, preparou um ambiente que foi ativado com uma performance.
De 4 de junho a 16 de julho de 2011, a galeria Gentil Carioca, localizada no Centro do Rio de Janeiro, recebeu a exposição “Cabelo apresenta: Mc Fininho e DJ Barbante no Baile Funk (Gentil) Carioca”. Reproduzimos parte do depoimento de Cabelo acerca da mostra: “Na exposição da Gentil resolvi dar vida a um velho personagem, o Mc Fininho e celebrar o funk carioca. Mc Fininho é uma entidade festeira que veio injetar um pouco de humor e farra no meu trabalho. Seu parceiro Barbante é um coringa, nome fictício do DJ responsável pelas bases musicais” (para ver a postagem completa no site da galeria, clique aqui).
Em 2 de dezembro de 2012, Cabelo fez uma performance de encerramento da exposição Humúsica, que acontecia no MAM Rio, junto com o Bonde do Passinho. Luiz Camillo Osorio, que foi curador da mostra, escreveu o seguinte texto na época:
“Humúsica é uma exposição sobre tudo: desenho, performance, poesia, escultura, música. É uma exposição-instalação do Cabelo. E também do MC Minhoca e do DJ Esterco. Não há que se ater aos detalhes. Tudo é húmus (e música). Uma coisa se transforma e se fertiliza na outra. Metamorfose e ruído. Contaminações que fazem um elemento residual se tornar possibilidade plástica.
O processo de criação acontece a cada ativação da obra. Nada vem para o espaço expositivo já feito, mas se deixa instalar poética e plasticamente pelas novas relações constituídas em ato. A palavra vira carne e as letras garatujas e desenhos. As imagens não se fixam e o gesto é sangrado e sujo. Lixo e luxo. Natureza e cultura. Terra e pixel.
O ateliê do Cabelo está em Copacabana, entre o morro e a praia, entre a confusão e a lentidão. São muitas temporalidades e um só espaço. Um presente grávido de direções e de caos – como todo este universo poético que se põe em cena agora no MAM”.
Para ler a postagem completa que fizemos na ocasião do encerramento, clique aqui.
Abaixo você pode assistir à vídeo entrevista exclusiva de Cabelo para o PIPA 2019:
- Artistas citados que já participaram do Prêmio PIPA
Conheça mais sobre estes artistas citados clicando nos nomes para acessar suas páginas:
- Movimento No Wave + Arto Lindsay
Na ocasião da mostra do CCBB RJ (Centro Cultural Banco do Brasil) com 42 filmes do No Wave, em 2014, o jornal O Globo fez um texto sobre o assunto, reunindo informações e algumas entrevistas com grandes nomes do movimento. Conheça um pouco sobre o No Wave a partir de um trecho da matéria:
“Algumas regras norteavam as ações de um grupo de artistas de Nova York entre o fim dos anos 1970 e o início dos 80: a criação deveria ser intuitiva; o conteúdo deveria ser mais importante que a forma; temas marginais eram bem-vindos; a opinião do público não importava; e ninguém, ninguém mesmo, deveria se preocupar em seguir regras. O resultado, expresso no trabalho de nomes como Jim Jarmusch, Lydia Lunch, James Nares, Scott e Beth B, Bette Gordon e Vivienne Dick, influenciou a arte independente feita nos EUA nas décadas seguintes e se tornou um movimento cult, reverenciado por jovens e velhos saudosistas e imortalizado pelo nome No Wave (“sem onda”, numa provocação com a New Wave que surgia na mesma época). […] Uma das características dos filmes, das performances e das bandas do No Wave era a participação de artistas de vários campos: todos ajudavam nos projetos dos outros, não por grana, mas porque era o que parecia certo fazer”.
O jornal compartilhou, também, uma fala de Bette Gordon, importante figura do No Wave:
“Não nos víamos como um movimento, isso só foi percebido depois. Eu me mudei para Nova York em 1980. Era um tempo muito interessante. O grafite surgia nos metrôs, a música estava mudando, o punk sugeria uma nova contracultura, as pessoas entravam para as bandas mesmo sem saber tocar, os artistas moravam juntos em apartamentos abandonados. Havia um caos criativo”.
Para ler a matéria completa, clique aqui.
Arto Lindsay, também citado durante a conversa, foi indicado ao Prêmio PIPA 2011. Ele trabalha na interseção entre música e arte há mais de quatro décadas e, como membro da banda DNA, contribuiu para a fundação do movimento No Wave. Mais tarde, na banda Ambitious Lovers, Lindsay desenvolveu uma música pop intensamente subversiva, um híbrido entre os estilos americano e brasileiro. Ao longo de sua carreira, colaborou tanto com artistas visuais como sonoros, incluindo Vito Acconci, Laurie Anderson, Animal Collective, Matthew Barney, Caetano Veloso e Rirkrit Tiravanija. Durante muitos anos envolvido com o carnaval brasileiro, em 2004 ele começou a idealizar desfiles públicos performáticos.
- Christian Marclay + White Cube
A White Cube é uma das principais galerias de arte contemporânea, com espaços em Londres e em Hong Kong.
Nos últimos 35 anos, Christian Marclay tem explorado a fusão de belas artes com culturas de áudio, transformando sons e música em uma forma visível, física, por meio de performance, colagem, escultura, instalação, fotografia e vídeo. Marclay começou sua exploração em som e arte através de performances com discos em 1979, quando ele ainda era um estudante. Na última década, o artista criou trabalhos ambiciosos em diversas mídias.
A exposição a que Chico se referiu durante o episódio, de Marclay na White Cube e que contava com onomatopeias, vídeos, gravuras e performance, provavelmente foi a exposição solo do artista que aconteceu no início de 2015. A mostra foi composta por uma série de trabalhos em tela e papel que apresentavam onomatopeias tiradas de histórias em quadrinhos. Outro conjunto de onomatopeias foi colocado em movimento pela primeira vez em uma vídeo-instalação de larga escala, Surround Sounds (2014-15), que foi projetada em quatro paredes. Para fazer o trabalho, o artista reuniu um léxico dos efeitos sonoros feitos por personagens de histórias de super-heróis. Aos fins de semanas da duração da mostra, um programa de performances contou com alguns dos compositores contemporâneos mais renomados do mundo e improvisadores, e com a Vinyl Factory Press, máquina que possibilitava ao público testemunhar o processo único de prensagem de disco de vinil.
Para conhecer mais sobre a exposição (em inglês), assim como assistir a registros em vídeo desta, clique aqui.
Para ler mais sobre os trabalhos de Marclay ao longo dos anos (em inglês), visite a página do artista na galeria White Cube aqui.
- Ragnar Kjartansson
O artista, citado na conversa por Frederico Coelho, é responsável pelo trabalho “The Visitors”, de 2012, com sua banda, um grupo eclético. Oito músicos começam a tocar, cada um em um quarto separado (com o próprio artista pelado em uma banheira), gravando suas faixas separadas em sincronia em uma única sessão contínua enquanto outros tocam e cantam na varanda. As gravações resultam em uma instalação imersiva, com projeções em nove telas e duração de uma hora.
“A cada refrão, as emoções vão mais fundo, construindo essas densas camadas de sentimento passados, e um lamento coletivo”, como escreveu Rudolf Frieling.
Para saber mais (em inglês), assim como ver fotos do backstage da filmagem, clique aqui.
Abaixo, você pode assistir uma parte da experiência da instalação:
- Exposição “Canção Enigmática – Relações entre arte e som nas coleções do MAM”
A mostra, com curadoria de Chico Dub, esteve em cartaz de 1 de dezembro de 2019 a 13 de setembro de 2020. A exposição apresentou 35 obras de 23 artistas e fez parte da segunda edição do programa curador convidado.
Confira parte do texto curatorial:
“Canção enigmática procura inserir o MAM Rio na chamada ‘virada sônica’ (sonic turn), termo cunhado para designar a mudança gradual de foco do visual para o auditivo que vem ocorrendo nas práticas artísticas e nos estudos acadêmicos nos últimos anos — graças a implementos tecnológicos e também pela busca em estabelecer novos parâmetros artísticos, o som passou a ser reconhecido e exibido como uma forma de arte em si mesmo. Ainda que não seja uma mostra exclusiva de arte sonora — prática surgida na obscura zona entre música composta, instalação, performance e arte conceitual, e que tem o áudio como componente principal ou que silenciosamente reflete sobre o som —, abraça todo o acervo dessa disciplina artística no Museu, reunindo trabalhos de Chelpa Ferro, Cildo Meireles, Cinthia Marcelle, Manata Laudares, Marcius Galan, Paulo Nenflidio, Paulo Vivacqua e Siri.
Além da exposição nas salas do MAM Rio, Canção enigmática ganha um desdobramento fora do ‘cubo branco’ na forma de uma série de ações performáticas que, de alguma forma, buscam se relacionar com procedimentos da música experimental, da arte sonora e de outras linguagens, como as artes visuais, a dança e performance”.
Para ler o texto curatorial completo, clique aqui.
Abaixo, você pode assistir a uma visita guiada da mostra:
- Cecil Taylor no Whitney Museum
No início de 2016, o Whitney Museum of American Art apresentou o Open Plan, uma exposição experimental em cinco partes, usando o quinto andar do museu como uma única galeria aberta, sem obstrução por paredes internas. Abaixo, traduzimos o texto da época (antes da morte do músico, em 2018) sobre a participação de Cecil Taylor na mostra, retirado do site do museu:
“O pianista Cecil Taylor (nascido em 1929) é um dos músicos vivos mais inovadores e intransigentes dos Estados Unidos. Seu trabalho pioneiro no free jazz, que se baseia em uma miríade de estilos musicais diferentes veiculados por meio da improvisação radical, estará presente na galeria do quinto andar, onde ele se apresentará ocasionalmente, junto com performances de homenagem de amigos e colegas artistas. Esta exposição celebra a extraordinária vida e obra do artista em um ambiente retrospectivo que incluirá documentação da carreira de Taylor por meio de vídeos de arquivo, áudio, partituras, fotografias, poesia e outras coisas efêmeras, acompanhadas por uma série de apresentações ao vivo com mais de vinte colaboradores musicais de Taylor, além de dançarinos, dramaturgos, poetas, cineastas e escritores que estiveram profundamente envolvidos em sua obra. […] Ao longo das galerias, estações de escuta vão providenciar a chance de ouvir os álbuns de Taylor”.
Para acessar a página da mostra, clique aqui.