Antonio Bokel apresenta obras produzidas durante a pandemia

(Niterói, RJ)

A partir do dia 20 de março, Antonio Bokel apresenta cerca de 30 obras realizadas, em sua maioria, a partir da pandemia no Espaço Cultural Correios Niterói. Com curadoria de Ana Carolina Ralston, Paraíso Perdido” marca a relação de Bokel com a arte e a literatura. Influenciado por Augusto de Campos, Fernando Pessoa, José Saramago e Carlos Drummond de Andrade, entre tantos outros escritores, essa individual utiliza o conflito entre Deus e Satã narrado em Paraíso Perdido, épico do poeta inglês John Milton (1608-1674), como referência principal. Essa foi a leitura de Bokel durante o início da quarentena, no ano passado. “Em dez mil versos sobre a criação do mundo, o clássico relata a vingança dos anjos expulsos do Paraíso em confronto com a criação divina: o homem. Publicado em 1667, esse marco da literatura ocidental dá título à exposição”, segundo Ralston.

“Em 2020, ao longo do período de isolamento social, iniciei um projeto de estudo sobre a difícil relação entre o homem, a natureza e a tecnologia. A partir desse mergulho, criei trabalhos que dialogam com os paradoxos desta problemática. Por trás de pinturas, fotografias e esculturas contextualizadas no momento de mudanças em que a humanidade se encontra, há o desejo de apontar um novo caminho. A pandemia me trouxe aprendizados fundados na observação da natureza e do que há de transcendente em seus fenômenos. A transformação é necessária e acredito que o resgate de uma dinâmica cotidiana mais simplificada e afetiva é uma via de saída”, reflete Bokel.

Algumas das obras mais recentes do artista apresentadas são a escultura ‘Tri pé’, de 2021, construída com cimento, tripé, terra e planta; a pintura construtivista ‘Além da imaginação’ (2021); a tela ‘Grávidas’ (2021), em que a natureza cíclica da vida e a temática da fertilidade, ligada à terra, surgem em formas circulares ou mais literalmente. Nessas obras, o artista explora a pesquisa por materiais alternativos e estéticas diversas recorrentes em seus trabalhos. Bokel também apresenta obras mais antigas, resultado de um contato maior com a terra e paisagens naturais, como a série ‘Cura’, de 2016, e a instalação ‘Ciclo vida e morte’, de 2018, em bronze, cimento e semente de abacate. Para Ana Carolina Ralston, “a dualidade disruptiva da obra de Bokel ressalta a intersecção desse conturbado território que busca habitar: as metrópoles contemporâneas, a linguagem da arte de rua, a tecnologia, a mistura de traços e gestos que vai de encontro a referências naïf ligadas à essência humana e à vida simples e autossustentável. Com a natureza colocando a existência em cheque, o artista reforça a união dessas duas vertentes como único meio para nossa salvação”, analisa a curadora.

Paraíso Perdido”, individual de
Curadoria de Ana Carolina Ralston
De 20 de março a 08 de maio de 2021

Local: Espaço Cultural Correios Niterói
Av. Visconde do Rio Branco, 481 – Centro de Niterói, RJ
Horários de visitação:
Seg a sex, de 11h às 18h
Sáb (exceto feriados), de 13h às 17h

 



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