Conheça os artistas selecionados ao apoio emergencial “PIPA em casa”

Por conta da pandemia do novo coronavírus, que nos pede para seguirmos em isolamento social, muitos artistas, além dos perigos à saúde, enfrentam uma crise do ponto de vista criativo e financeiro. Muitos produzem trabalhos pensando no espaço público como suporte. Outros, que preparavam exposições para 2020, buscam um espaço virtual para exibir seus trabalhos. 

Por conta de todos os atravessamentos que o isolamento provoca aos artistas, o Instituto PIPA decidiu criar o PIPA em casa, que além de destinar 10 cotas de apoio emergencial de 5 mil reais para 10 artistas, é também uma mostra virtual que reúne trabalhos recentes de artistas brasileiros. Foram convidados para o “PIPA em casa” todos os 480 artistas que já participaram de pelo menos uma edição do Prêmio PIPA, desde 2010. O resultado do incentivo foi muito positivo, 127 artistas apresentaram trabalhos de alta qualidade, considerando o contexto desafiador à produção artística. Alguns artistas enviaram obras só para a mostra PIPA em Casa sem pleitearem o apoio emergencial.

O “PIPA em casa” é uma mostra virtual com obras produzidas em sua maioria durante o isolamento social, mas trabalhos realizados anteriormente também foram aceitos. Entre eles, fotografias, vídeos, esculturas e performances são exibidos na mostra. 

Hoje, anunciamos os dez artistas selecionados pelo Conselho do Prêmio PIPA que receberão, cada um, R$5 mil. Uma mostra virtual com todas as obras enviadas pelos artistas pode ser vista no site.

Leia o edital completo do “PIPA em casa” clicando aqui. Veja a exposição completa aqui, que permanecerá no site por tempo indeterminado. 

Abaixo, a lista dos artistas selecionados em ordem alfabética, com os trabalhos apresentados ao “PIPA em casa”.

– Agrade Camíz

– Armando Queiroz

– Castiel Vitorinno Brasileiro

– Denilson Baniwa

– Grupo EmpreZa

– Isaias Salles (Ibã Huni Kuin)

– Jaider Esbell

– max wíllà moraes

– Moisés Patrício 

– Renan Cepeda

Veja os trabalhos:

Agrade Camiz
Artista indicada ao Prêmio PIPA 2020

“Sinta-se em casa mas lembre-se que não está”, 2020
Látex, acrílica, pastel oleoso, pastel seco e spray sobre lona de algodão, 200x210cm.



Armando Queiroz
Artista indicado ao Prêmio PIPA em 2010, 2012,2014, 2015 e 2019

“Lago do esquecimento

Pingo a pingo, o esquecimento. O apartamento abandonado, uma torneira que que vaza, um tanque que transborda. O esquecimento. As plantas que morrem afogadas em sentimentos ausentes. O retorno à casa, o lugar de morar e não partir. O limo, o musgo, a hora. Crostas de vida, risos soltos, lágrimas. A cozinha, o cotidiano submerso. A Amazônia tão distante contida num copo d’água de pote mineiro. A chuva rebatida, frestas de telhas mastigadas pelo tempo. Milhas percorridas. O pingo, ondas a espiralar o passado. O hoje? Uma quarentena para não esquecer.”

“Lago do esquecimento”, 2020.
Fotografia



Castiel Vitorino Brasileiro
Artista indicada ao Prêmio PIPA 2019

“Acredito no amor como uma ventania que espanta o medo”
Fotografia, São Paulo, 2020

“Enfiei um cristal Quartzo Rosa no cu e na piroca., porque agora sei como é possível redirecionar minha energia sexual para a Cura Travesti: é através do amor pela verdade, e é pela coragem que acessamos a ventania que mora em Anahatta; aquela que espanta o medo de mim quando percebo que já não sou mais a mesma.”

Obra feita durante a 4o semana de quarentena no Brasil.


 


Denilson Baniwa
Artista indicado ao Prêmio PIPA 2019
Vencedor do PIPA Online 2019

Em tempos de pandemias, isolamento forçado, quarentenas as populações indígenas contam sobre outros momentos na História onde as doenças foram causas do extermínio ou da quase extinção de povos que viviam neste território. Embora tenha sido tempos que não gostamos de lembrar, são importantes para pensarmos em como podemos continuar vivos mesmo em situações extremas como a que passamos. A memória daqueles que se foram continua viva em nós.

“Mártires Indígenas”, Abril 2020, em quarentena.
Tintas acrílica e vinílica; algodão e penas de pássaros recolhidas nas aldeias, 60x80cm.



Grupo EmpreZa
Coletivo indicado ao Prêmio PIPA em 2013 e 2018

O Grupo EmpreZa propõe para a exposição ‘PIPA em casa’, a realização de um Serão Tele-performático.

Realizado pelo Grupo EmpreZa, o Serão performático consiste em um conjunto de performances que podem ser apresentadas simultaneamente e/ou sequencialmente, em um mesmo espaço-tempo, partilhando ou não um mesmo eixo poético. É um trabalho políptico.

Já o Serão Tele-performático é um Serão performático que acontece no âmbito mental, astral, espiritual… ou como quiser chamar o “outro plano”, onde os participantes procuram se reunir, em forma extra-física para compor situações performáticas.

Neste sentido, o público foi convidado, de olhos fechados, a se concentrar em um lugar silencioso, em estado quase meditativo, e buscar telepaticamente o local para a realização do evento. O “Serão Tele-performático” teve aproximadamente uma hora de duração. Na ocasião, um conjunto de performances inéditas e do repertório do Grupo EmpreZa foram apresentadas simultaneamente e/ou em sequência.O público pôde se imaginar vivenciando alguma dessas situações, ou apenas assistí-las.

Ao término do “Serão”, todos os presentes (performers ou público vistante) foram convidados a redigir uma descrição (em texto) sobre a experiência, narrando as ações que ocorreram no “Serão”, caso tenha acompanhado, e a enviar para o e-mail do grupo.

Quando o Grupo EmpreZa receber todas as transcrições, cruzarão os textos para apontar os possíveis encontros entre os participantes.
Esses textos serão apresentados na exposição virtual “Pipa em casa”. Convite a seguir:

esclarecimento-serao-teleperformatico



Isaías Sales ( Ibã Hunikuin)
Artista indicado ao Prêmio PIPA 2016

“yuxibu”, 2020
Acrílica sobre tela, 200x400cm



Jaider Esbell
Artista indicado ao Prêmio PIPA 2016
Vencedor do PIPA Online 2016

Contrapandemia – Fazeres em quarentena Contextualizando a obra
Durante a quarentena, sigo trabalhando em vários projetos simultâneos e interligados. Cumpro o período no meu atelier, em Boa Vista-RR. Dessa forma, optei por me inscrever com o filme de três minutos e mostrar algumas obras e ações que considero relevantes para uma exposição virtual no site do Instituto PIPA. Sou um artivista multimídia, autônomo e autóctone. O objetivo também é mostrar em uma única obra (filme) as minhas atuações nos campos do áudio visual como diretor, roteirista, produtor e ator. Busco chamar a atenção para minha atuação como performer, trabalho que tenho desenvolvido por meio de lives no meu perfil no Facebook, nesse período.O trabalho que venho desenvolvendo com meu próprio corpo enquanto plataforma/suporte/transporte pode ser observado com o alcance do equilíbrio de caminhar sobre o muro fazendo movimentos, atos, invocações….. ( trecho do texto enviado pelo artista, clique no link abaixo para ler o texto completo)

Contrapandemia

“Contrapandemia – Fazeres em quarentena Contextualizando a obra”, Abril de 2020
Direção Geral / Direção Artística / Argumento: Jaider Esbell
Direção de Fotografia: Cláudio Lavôr
Curadoria / Produção: Jaider Esbell er Marcelo Camacho
Assistente de Produção: Parmênio Citó
Imagens: Cláudio Lavôr e Marcelo Camacho
Direção de Som / Paisagem Sonora: Cláudio Lavôr
Captação de Som: Marcelo Camacho
Fotografia Still / Thumbnail: Giulia Gabriela
Montagem / Finalização de Som e Vídeo: Cláudio Lavôr (Biosphere Records Audiovisual)
Web Designer: Márcio Lavôr
Locação: Galeria Jaider Esbell
Boa Vista – Roraima – Brasil

 

max wíllà morais
Artista indicada ao Prêmio PIPA 2020

“Essa série está em desenvolvimento desde final de fevereiro de 2020 até agora. Tenho realizado fotografias 35mm do contato do grupo to show/to hide Zumbidas, Rastejantes, Rabos, Trepadeiras e Gruda-gruda com minha família, grupos extensivos e lugares. To show/to hide são coisas entre roupa, vestimenta, ornamento, ser invisível e visível, aparecimento e desaparição. As três fotos que envio são registros digitais, tirados para documentar a quarentena, quando as to show/to hide encontraram minha casa e minha mãe Elenice Guarani.”

1. “to show to hide Rabos e Gruda-gruda em casa”, da família To show/To hide, 2020
2. “to show to hide Rabos em casa”, da família To show/To hide, 2020
3. “to show to hide Rabos com minha mãe Elenice Guarani”, 2020



Moisés Patrício
Artista indicado ao Prêmio PIPA 2016

“Sou preto, periférico e essa experiência com o Covid -19 tem sido devastador em todos os sentidos, perdi o atelier, aulas e residências artísticas importantes, essa ajuda será fundamental para sobreviver e seguir pesquisando.
Apresento para vocês uma série de fotografias realizadas desde 2014 para as redes sociais, “Aceita?” que traz cerca de 1800 imagens em que a minha palma da mão esquerda se estende para oferecer objetos encontrados nas ruas de São Paulo, palavras e gestos relacionados às situações que experimenta diariamente na cidade. A escolha pelo retrato da mão e do gesto de oferenda (fundamental no candomblé) serve de crítica à herança racista e escravocrata, que reduz o papel da população negra ao de mão de obra (gari, empregada doméstica, segurança, jardineiros). De forte carga simbólica e social, na medida em que recupero e devolvo à circulação aquilo que foi considerado descartável pela sociedade, as fotoperformances refletem sobre o caráter excludente de espaços urbanos e circuitos de arte. Durante a quarentena ofereço objetos, palavras e desenhos encontrados na minha casa localizada na periferia de São Paulo.”

Da série “Aceita?”, 2014-2020
Fotografia, materiais diversos, 18 x 18 cm



Renan Cepeda
Artista indicado ao Prêmio PIPA 2012

“O novo normal: o velho essencial.
Renan Cepeda
O cancelamento de vários eventos e cursos que eu ministraria – além de abertura de exposição individual no Centro Cultural do Ministério de Relações Exteriores do Peru, em Lima – me privaram de grande fonte de renda, coisa de dezenas de milhares de reais, que garantiriam o nosso sustento básico e austero até o fim deste ano. Somos casal com dois filhos. Me converti em um ponto de interrogação.
Nas grandes crises da História os mais preparados para sobreviver são:
1- os que têm contato e acesso direto à terra e ao conhecimento para se adequar às mudanças; 2- os capazes de produzir o próprio alimento, em agricultura de auto-subsistência;
3- os que podem construir seu próprio abrigo.
Numa era de hiper especialização profissional, paradoxalmente são as habilidades ligadas à autonomia que assegurariam a sobrevivência da espécie sob um apocalipse planetário. As mesmas que sempre foram a base do desenvolvimento da civilização: a agricultura, a observação dos ciclos da natureza, isto é, a capacidade de produzir conhecimento ligado a atividades de satisfação de necessidades básicas.
Assim, neste momento nos refugiando da epidemia numa casinha de origem camponesa, somos beneficiados com o acesso a água sem contaminantes, ar sem impurezas, alimento sem custo monetário.” ( trecho do texto enviado pelo artista, clique no link abaixo para ler o texto completo)
ONovoNormal-R.Cepeda

Aqui apresento meu trabalho para o prêmio PIPA EM CASA, com três fotografias que fazem parte de um conjunto maior que venho produzindo nestes dias de quarentena. A saber:
– Retrato de Hermes Freimann Verly, agricultor, 2020, fotografia
– Nossa Casa em Vargem Alta, 2020, fotografia
– Alimentos doados a nós pelos colonos, 2020, fotografia





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