“Arte e Epidemias”, novo episódio do podcast – ouça e veja as referências aqui!

O sexto episódio do Podcast do PIPA, “Arte e Epidemias”, já está disponível!

Como a arte pode simbolizar momentos de epidemia?

No sexto episódio do Artifício – o podcast do PIPA, conversamos, juntamente com o curador do Instituto PIPA, Luiz Camillo Osorio, com a artista Alice Miceli, vencedora do PIPA 2014. Alice Miceli, fotógrafa das séries Chernobyl e Campos Minados, retrata em suas imagens o “perigo do invisível na paisagem”. Este ano, em mais uma iniciativa de fotografar esse não visto, Alice iniciou uma residência na Suíça em que pesquisa  a origem de doenças epidêmicas e os padrões de contaminação dos vírus na paisagem natural. Neste momento de pandemia, conversamos com Alice sobre a representação espacial das doenças e como a artista pensa em traduzir esta pesquisa em imagens.

A residência, em Geneva, foi feita no Institute of Global Health, com o professor Antoine Flahaut, diretor do Instituto. A Organização Mundial da Saúde é parceira do Instituto.

Mais uma vez, gravamos o podcast remotamente, por meio de videoconferência.

Abaixo, você pode conferir breves explicações de referências que são feitas durante a conversa.

Ouça agora o sexto episódio do podcast clicando aqui ou acesse nas plataformas de streaming, como Spotify e Apple podcast, além do nosso canal Prêmio PIPA no Youtube.

  • Série “Projeto Chernobyl”

Em 2010, Alice Miceli  apresentava pela primeira vez o “Projeto Chernobyl” na 29ª Bienal de São Paulo. A série fotográfica documenta o impacto da explosão da usina de Chernobyl, na antiga URSS, através de uma técnica inesperada: ao invés de luz, a artista decidiu usar os raios gama ainda remanescentes do acidente nuclear para sensibilizar o filme fotográfico. Para realizar o projeto, a artista visitou a Zona de Exclusão de Chernobyl, hoje localizada em território ucraniano. Nas fotografias, registros dos caminhos percorridos e dos vestígios esquecidos no local. “Vidas inteiras deixadas para trás, em instantes”, resume Alice.

  • Série “Campos Minados”

A artista investiga lugares tomados por um perigoso invisível e busca encontrar visibilidade para isso que, apesar de não ser visto, é uma ameaça concreta. Em “Projeto Chernobyl”, a ameaça da radiação pairava sobre todas as coisas, já em “Campo Minados”, está abaixo do solo. A viagem a Angola, comissionada pelo Instituto PIPA, foi o último destino de Alice para a série “Campos Minados”, composta também por fotos tiradas em campos minados no Camboja, na Colômbia e na Bósnia.

Numa vista desatenta, as imagens podem parecer todas iguais, mas, se olhadas com cuidado, revelam uma tensão iminente. Os deslocamentos sutis de enquadramento desenham o trajeto do corpo no espaço, onde “em cada centímetro desse terreno pode haver o último instante de alguém”, nas palavras da artista. Aqui, Alice explora territórios que passaram por conflitos sangrentos e que seguem matando mesmo depois de declarada a paz.

“Esta série me parece ser sobre isso – sobre a memória velada da guerra, sobre a obstinação com o território instransponível, sobre o temor de se movimentar que fica como resíduo (concreto e inconsciente) de uma guerra acabada, mas que não termina nunca”. É assim que o Luiz Camillo Osorio, que assinou a curadoria da exposição da série, realizada em 2019 na Villa Aymoré, descreve a individual de Alice Miceli.

Você pode ler mais sobre a exposição da série e também o texto curatorial de Camillo aqui.

  • George Orwell

O autor britânico, citado na conversa, é mais conhecido por seu livro “1984”, escrito em 1949, que se passa em uma sociedade distópica futurística em que um líder, o “Grande Irmão”, controla tudo e todos por meio de seus sistemas de vigilância. Os cidadãos dessa distopia são vigiados a todo momento, e o livro, um dos mais influentes do século XX, discute os horrores do poder totalitário, como, por exemplo, a manipulação de fatos históricos e o controle extremo.

  • Texto de Byung Chul-Han

Byung é um filósofo e teórico cultural nascido na Coréia do Sul. Durante o episódio do podcast, é citado um texto dele, recentemente publicado, em que ele discute o modo como os países asiáticos estão lidando com o Coronavírus e toda a estrutura de controle envolvida nisso. Você pode lê-lo aqui.

  • Atget

Eugène Atget (1856-1927) é considerado um dos mais importantes fotógrafos da história. Nascido na França e desinteressado pela fotografia convencional, ele inovou ao desviar o olhar da figura humana, assim focando seus registros nas ruas vazias de Paris e em objetos. Atget inaugurou a chamada fotografia urbana.

  • Referências visuais da Alice

Além das referências feitas durante a conversa, Alice compartilhou três imagens que fazem parte de seus materiais de pesquisa para a série fotográfica sobre epidemias:

Abaixo, a legenda de cada uma, da esquerda para a direita:

– Roupa protetora de médicos e outros que visitavam as casas durante a Peste (1720)
Ilustração de Der Pestarzt Dr. François Chicoyneau, gravura colorida em cobre, 10 ¼ × 7 in.
Germanisches Nationalmuseum, Nurembergue

– Vista aérea de Yambuku, o local do primeiro surto de Ebola, 1976, República Democrática do Congo.
Essa fotografia aérea foi feita enquanto sobrevoando Yambuku, Zaire, onde em 1976 apareceram os primeiros sinais clínicos do vírus Ebola em um paciente tratado em um hospital missionário dirigido por freiras flamengas. Em semanas, a pequena vila foi devastada pela mortal doença hemorrágica.
Public Health Image Library, CDC.

– Detalhe de um mapa de 1910 da África Central mostrando a região onde pensa-se que a HIV-1 foi transmitida de chimpanzés (círculo superior) e a localização de Léopoldville (círculo inferior).
Stanford University/University of Cape Town Libraries.



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