Fluxos de informações e redes sociais em d’Orey

Luiz d’Orey, indicado ao Prêmio PIPA este ano, estreará sua individual “Eu não falei?” na próxima quinta-feira, dia 7 de novembro, na Mercedes Viegas Arte Contemporânea. A mostra trata dos fluxos de informações, e utiliza de comentários opinativos feitos online como matéria-prima para a obra. Ela fica em cartaz até o dia 29 do mesmo mês.

As 20 peças expostas incluem vídeo, instalação sonora e trabalhos da série “Cascade”, nome que faz referência às diversas janelas que ficam abertas na tela do computador, como uma cascata. Grande parte das obras expostas são compostas por trabalhos criados “a partir de múltiplas camadas de papel cortadas a laser – algumas delas pintadas com spray e outras impressas – que quando sobrepostas criam uma espécie de trama onde as texturas coloridas se misturam aos comentários – criando um visual um tanto pixelado que hora remete a imagens distorcidas, hora a códigos binários… numa tentativa de captura do fluxo de conteúdo proveniente da internet”, como explicado no release da exposição.

Sobre o método que usa, d’Orey conta que seleciona comentários no Twitter e Facebook sem fazer curadoria, pois seu objetivo não é discutir o conteúdo, e sim a forma como ele é compartilhado e como as opiniões navegam nas redes sociais. Para alimentar ainda mais essa discussão, o artista cria também trabalhos com jornal, além dos em tela. As primeiras páginas são tomadas por comentários recolhidos das redes sociais, como Twitter e Facebook, sobre os assuntos em destaque no dia. Quanto a isso, d’Orey comenta: “Hoje os antigos leitores do jornal, telespectadores e ouvintes do rádio disputam, com as grandes emissoras, o mesmo espaço nas redes sociais. Todos temos acesso às ferramentas de comunicação em massa, o que faz com que tudo ganhe um tom argumentativo ou esteja sujeito à dúvida. O que me interessa é a forma como cada pessoa usa retalhos das informações disponíveis para afirmar sua própria narrativa”.

A instalação sonora é outro destaque da mostra, e é criada com fitas multicoloridas que se acumulavam no ateliê do artista, pois eram usadas como máscara para as camadas de papel pintadas com spray. Elas, assim, acabaram ganhando uma nova função: foram incorporadas a uma escultura que traz o som de múltiplas vozes opinando ao mesmo tempo, resultando em uma espécie de burburinho, como elucidado pelo release da mostra.

“Eu não falei?”, por Luiz d’Orey
De 7 a 29 de novembro

Mercedes Viegas Arte Contemporânea
Rua João Borges 86, Gávea, Rio de Janeiro, RJ
Segunda a sexta, das 11h às 19h, Sábado, sob agendamento
Tel.: (21) 2294-4305



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