(Rio de Janeiro, RJ)
Esta sexta-feira, dia 25 de outubro, acontecerá o finissage da primeira exposição individual da artista Vivian Caccuri na galeria A Gentil Carioca. Em “Febre Amarela”, é proposta uma nova relação ambiental com os mosquitos, animal que protagonizou as maiores epidemias do país através de doenças como a dengue, a febre amarela e a zika. Ele está de novo causando angústias, medos e crises urbanas e ambientais, uma presença quase inquestionável que é, em parte, resultado do desflorestamento. Mas, na mostra, o brasileiro venceu o medo dos mosquitos e aprendeu a lidar com eles em um mundo em que esses insetos dominam, por terem desenvolvido uma nova imunidade.
As obras “Sesmaria Soundsystem” e “Templo do Mosquito” foram criadas para o prédio número 17 da galeria, e nelas Vivian elabora ficções e reflete sobre as raízes históricas da população de mosquitos americanos. O primeiro trabalho é uma reinterpretação do material da rapadura para os meios de reprodução sonora, como explica o release da exposição, já que a artista e sua equipe criaram um sistema de som de rapadura que emite o incômodo barulho dos mosquitos. O som é acompanhado da folhagem e da queimada do canavial de açúcar, e também das flautas mestiças de “pife” que apareceram no período colonial. A questão do açúcar se dá pois as primeiras epidemias de febre amarela e doenças transmitidas por mosquitos foram justamente durante a economia açucareira colonial. Já o segundo trabalho “mostra o encontro do sexo dos mosquitos com diferentes figurações do corpo humano: o mosquito é um dos designers do que se entende por ‘humanidade’”, como enunciado pelo release. Essa obra é composta por uma tela de mosquiteiro de 230 cm por 405 cm e participou da Bienal de Kochi, na Índia.
Desenhos de paisagem estão presentes por toda a mostra, inclusive cenas de destruição, como Brumadinho e Mariana, que fazem parte da nova paisagem brasileira, tomando o lugar da natureza vibrante e densa. Um elemento importante do trabalho de Vivian, os “pagodes” (combinação da tela de tapume com um “carrilhão”, instrumento típico de grupos de pagode), aparecem pela primeira vez em amarelo, fazendo referência ao estado febril da doença que vem desde a era colonial e que está de volta neste momento de crise nacional. O material usado nessa obra, uma tela plástica que protege contra partículas e insetos, também é usado em “RAPADURA”, uma coleção criada em parceria com Victor Apolinário, criador e fundador da marca de roupas “CemFreio”. A coleção será apresentada em um desfile e comercializada em uma pop-up store (uma loja temporária) dentro da galeria.
Uma frase do release sintetiza alguns aspectos da exposição: “Febre Amarela é uma narrativa otimista no caos, onde o neo-brasileiro assimilou a polarização política, voltou à cultura do artesanato de forma tecnológica e adquiriu conhecimentos de diversas origens para sua autoproteção”.
O finissage de “Febre Amarela” acontece nesta sexta-feira, dia 25, na A Gentil Carioca, a partir das 18 horas, quando a Pop-Up Store RAPADURA – parceria entre a artista Gentil e o estilista Ame Apolinário – estará aberta para recepcionar os convidados. Às 18h30 haverá uma conversa entre Vivian Caccuri, Fausto Fawcett e o público, sobre os temas arte, vida, sonoridade e outros contemporâneos ao trabalho da artista. Na sequência, ocorrerá o lançamento do Disco Vinil A SOUL TRANSPLANT, de Vivian Caccuri e Sven Lidén. A partir de 20h, Leo Justi assume o som e a dança fica por conta de André DB [Heavy Baile], DJ Victor Dirami aka Factory Girl, com participação especial do #Aedinho.
“Febre Amarela”, por Vivian Caccuri
De 23 de setembro a 01 de novembro, 2019
Finissage dia 25 de outubro, a partir de 18h
A Gentil Carioca
Rua Gonçalves Lêdo nº11 e nº17, Centro, Rio de Janeiro
De segunda a sexta, 12h às 19h
Telefone: +55 (21) 2222-1651
Entrada gratuita