(Rio de Janeiro, RJ)
De 14 de setembro a 17 de novembro, ocorre a 24ª edição do Projeto Respiração, realizado pela Casa Museu Eva Klabin. Esta edição está nas mãos do coletivo de arte do Rio de Janeiro OPAVIVARÁ!, com a intervenção chamada “Boca a Boca”, e celebra os 15 anos do projeto.
O Projeto Respiração teve sua origem em 2004 com o objetivo de criar intervenções de arte contemporânea no acervo de arte clássica da Casa Museu Eva Klabin. Ele conta com curadoria de Marcio Doctors e, como explicado na página da iniciativa, “consiste em convidar artistas contemporâneos a intervirem no circuito expositivo da casa museu, criando uma ponte entre a arte consagrada do passado e as manifestações contemporâneas”.
Nesse contexto, OPAVIVARÁ! foi convidado a participar da 24ª edição do projeto, e um dos motivos foi a prática do coletivo de questionar de maneira alegre, leve e vivaz as relações interpessoais e interespaciais no contexto das grandes metrópoles, como escreveu Doctors em seu texto curatorial. Ainda segundo ele, o material à disposição do grupo foi a casa, cuja vida havia sido retirada dela quando foi transformada em casa-museu, e isso levantou uma questão: “como se relacionar com um espaço que se pretende público e, ao mesmo tempo, é da ordem do privado, na medida em que se conservam todos os cômodos de uma residência e até os objetos pessoais de sua proprietária, mas que não podem ser utilizados como tal?”.
Doctors comenta, em seu texto, que assim como muitos artistas que participam do Respiração, o OPAVIVARÁ! sentiu a falta causada pela ausência do fluxo de vida, que foi interrompido quando a casa virou museu. Para resolver isso, o coletivo trouxe obras que já foram realizadas em outros contextos, muitas vezes públicos, para que adquirissem “uma nova potência de existir ao serem reintroduzidas em um ambiente de casa-museu”. Exemplos desses trabalhos são as reedições das “Espreguiçadeiras multi” e do “Sofárokê”: a primeira traz o sol das praias para o interior da casa, que foi pensando para ser vivenciada à noite, já que a dona, Eva Klabin, trocava o dia pela noite, e a segunda traz de volta a boemia da época em que Eva promovia festas em sua casa.
A obra considerada a mais emblemática dessa edição pelo curador é a Panis et Circenses, que, para ele, é a que melhor contribui para oxigenar a casa-museu e o Projeto Respiração. Esse trabalho consiste em um espaço criado pelo ar que é insuflado em uma bolha, e Doctors explica: “E o mais incrível é seu sentido de fina ironia porque cria um espaço onde será musealizada a vida que foi retirada da casa. Há uma inversão de valores. A mesa da Sala de Jantar, onde não acontecem mais os jantares para os quais o ambiente foi destinado, por uma questão de preservação da coleção, evitando a entrada de alimentos em área protegida do museu, com a bolha de ar receberá um salvo-conduto para que alimentos e bebidas voltem a ser consumidos no interior do museu. O ato mais primário da vida – o de alimentar-se – retorna dando vida ao museu, só que agora musealizado, em que nos tornamos objetos de apreciação da coleção que nos observa, fazendo-nos prisioneiros de nossa própria armadilha, como se tivéssemos sido capturados pela imagem do espelho”.
Projeto Respiração: “Boca a Boca”, por OPAVIVARÁ!
De 14 de setembro a 17 de novembro
Casa Museu Eva Klabin
Av. Epitácio Pessoa 2.480, Lagoa
Terça a domingo, das 14 às 18h