(São Paulo, SP)
Clamor (2019) dá nome ao conjunto de treze retratos em vídeo de militantes femininas do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) em São Paulo, filiado à Frente de Luta por Moradia (FLM), ao som de percussão de Beth Beli, trabalho de Virginia de Medeiros – vencedora do PIPA 2015 – na exposição ‘Jamais me olharás de lá de onde te vejo’. A coletiva, que também apresenta obras de Regina Parra e Éder Oliveira – vencedor do PIPA Voto Popular 2017 – faz parte da oitava edição do programa Arte Atual do Instituto Tomie Ohtake.
A instalação, que retrata 14 mulheres moradoras de ocupações do MSTC é uma proposta aberta e experimental, “como um espaço de debate e reflexão acerca dos acontecimentos e tópicos mais urgentes do MSTC – Movimento Sem Teto do Centro em São Paulo”. Para potencializar o caráter de discussão, durante o mês de setembro, Clamor acolherá uma série de três ativações: no dia 13 de setembro, sexta-feira, das 19h30 às 21h30, em que Peter Pál Pelbart, Paolo Colosso, Kellen Silva, Joana Pereira da Conceição promovem conversas; no dia 18 de setembro, quarta-feira, das 19h30 às 21h30, quando Dra. Luciana Bedeschi, Paula Santoro,Amanda Regina Santos Cayres e Maria Das Neves; e, por último, no dia 25 de setembro, quarta-feira, das 19h30 às 21h30, em que alguns coletivos se unem pra debater questões sociais.
A oitava edição do programa Arte Atual aborda o tema do “retrato como gênero pictórico e como forma de reconhecer e atribuir uma identidade ao retratado”. O título da exposição – “Jamais me olharás lá de onde te vejo” – remete a uma frase do psicanalista francês Jacques Lacan empregada no livro 11 de “O Seminário”, denominado “Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise”. Segundo a equipe curatorial, o próprio ato de retratar também permeia as questões da mostra, partindo de diferentes abordagens e linguagens.
“É possível, por intermédio dos trabalhos, discutir parâmetros de como os artistas constroem os limites entre o “eu” e o “outro”, e delimitam relações de afinidade e de distinção. Mais do que isso, os trabalhos presentes explicitam como os artistas convidados se valem da figura humana como uma de suas ferramentas para abordar a violência que imputamos ou a que são imputados nossos corpos, os limites e rastros do tempo e a noção do corpo como um lugar de resistência”, escrevem Diego Mauro, Luana Fortes, Priscyla Gomes e Theo Monteiro, do Núcleo de Pesquisa e Curadoria.
‘Jamais me olharás de lá de onde te vejo’, coletiva com Virginia de Medeiros, Regina Parra e Éder Oliveira
Em cartaz até 29 de setembro, 2019
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88), São Paulo
Terça a domingo, 11h-20h
Entrada gratuita