Dia da mulher: conheça as cinco vencedoras do PIPA

Celebrado hoje, dia 08 de março, o Dia Internacional da Mulher traz visibilidade para diversas lutas feministas, desde questões trabalhistas – com a causa operária, que originou o dia 08 como marco feminino – até o pedido pela igualdade de gêneros. No campo das artes plásticas, a participação feminina foi majoritariamente invisibilizada até o período Modernista, quando algumas mulheres começaram a ocupar espaço em galerias. No Brasil, importantes nomes surgiram no século XX, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Tomie Otake e Lygia Pape.

Contudo, apesar de algumas mudanças significativas, o cenário ainda é desigual. Desde a década de 1980, as Guerrilla Girls ficaram conhecidas internacionalmente por levantar a bandeira “Do I have to be naked to be at the Met Museum?”, em que denunciavam que menos de 5% dos artistas expostos no museu americano eram mulheres, enquanto 85% das obras de nudez exibidas eram corpos femininos. Ao mesmo tempo, em 1985, uma seleção de galerias nos EUA indicava que nessas instituições apenas 10% dos artistas apresentados – em individuais ou mostras com duas pessoas – eram mulheres. Em 2014, esse número subiu – apenas – para 20%. Em 2017, o coletivo feminista apresentou uma individual no Brasil pela primeira vez e exibiu no Masp, em São Paulo, mais de cem pôsteres que denunciavam a baixa presença de mulheres e negros em acervos de museus, galerias e coleções particulares.

Para fortalecer este dia e dar visibilidade ao trabalho artístico feminino, listamos as cinco vencedoras do Prêmio PIPA nos últimos dez anos, que enriquecem a arte contemporânea brasileira:

Renata Lucas (vencedora do PIPA 2010) nasceu em Ribeirão Preto, SP, e se formou em Artes Plásticas na Universidade Estadual de Campinas, dedicando-se à escultura. Ao longo de anos, o trabalho da artista consiste em modificar – ou criar – estruturas urbanas, no Brasil e no exterior. Com essas interferências, ela propõe discutir as estruturas institucionais e questionar a sociabilidade aparente dos espaços. Renata já participou da dOCUMENTA(13), Kassel, Alemanha, em 2012, Bienal de Sydney, em 2008; Bienal de Veneza, 2009; Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, 2009, 12th Istanbul Biennial, Istambul, Turquia, em 2011, Art Basel Miami Beach, em Miami, EUA, em 2011.

Tatiana Blass (vencedora do PIPA 2011) nasceu em São Paulo, SP, e se formou em Artes Plásticas pela Universidade Estadual Paulista. A artista desenvolve obras em diversos suportes, como pinturas, vídeos, esculturas e instalações e mistura diferentes campos da arte, como teatro, música, literatura e circo. Com o trabalho, ela apresenta obras nas quais há a criação de dificuldade de comunicação “por meio de cortes, dissimulações de figuras, sufocamento do som e dissolução da matéria” – como os manequins feitos de cera e expostos à luz, ou o piano que é entupido por cera quente e tem o som interrompido nesse processo.

Tatiana já foi finalista do prêmio Nam June Paik Award, na Alemanha; participou do “Grants & Commissions”, da Cisneros Fontanals Art Foundation, em Miami, e, em 2013, foi comissionada pelo Museum of Contemporary Art Denver, nos EUA, para desenvolver “Electrical Room”, uma videoinstalação inédita, entre outros trabalhos relevantes que realizou no Brasil e no exterior.

Alice Miceli (vencedora do Prêmio PIPA 2014) nasceu no Rio de Janeiro, RJ, e se formou em Cinema pela École Supérieure d’Etudes Cinématographiques, em Paris, na França. A artista desenvolve uma série de trabalhos em que registra, através da fotografia e de vídeos, traumas físicos ou culturais que marcaram determinadas paisagens naturais ou urbanas. Miceli registrou, por exemplo, o efeito das minas terrestres no Cambodia, Angola e Colômbia, além do impacto atômico ainda visível em Chernobil.

Seu trabalho é exibido em festivais e instituições em diversos países, incluindo Japan Media Arts Festival, no Japão; Festival TRANSTIO_MX, na Cidade do México, México; Transmediale Festival, em Berlim e Documenta XII, em Kassel, Alemanha; e a artista já participou de residências em MacDowell Colony (EUA), Bogliasco (Itália), Bemis (EUA), Djerassi (EUA) e Dora Maar House (França).

Virginia de Medeiros (vencedora do PIPA 2015) nasceu em Feira de Santana, BA, e é Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia. “Deslocamento, participação e fabulação” são alguns dos efeitos que Virginia pretende alcançar em seu trabalho. A artista utiliza a forma documental para criar materiais subjetivos do campo de vídeo-instalação e audiovisual, misturando linguagem da arte e da mídia.

Seus trabalhos foram expostas em numerosas Mostras, entre elas, 2016 Benhind the Sun-Prêmio Marcantônio Vilaça, HOME, Manchester, Reino Unido; La réplica Infiel, Centro de Arte 2 de Mayo, Madrid, Espanha;  Set to go, Contemporary Art Centre de Vilnius (CAC), Vilnius, Lituânia; Linguagem do Corpo carioca [a vertigem do Rio], MAR Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil. 2015 How to (…) Things That Don’t Exist – 31st São Paulo Biennial, Serralves Museum of Contemporary Art, Porto, Portugal, entre outros países.

Bárbara Wagner (vencedora do Prêmio PIPA 2017) nasceu em Brasília, DF, e é pós-graduada em Artes Visuais na Dutch Art Institute, em Arnhem, Holanda. Bárbara explora em suas fotografias a representação do ‘corpo popular’ na cultura pop. Algumas séries que marcam sua trajetória artística são “Faz que vai”, “Mestres de cerimônia” e “O que é bonito é pra se ver”, uma série de fotografias publicada.

Dentre os projetos da artista, ela participou do 33o. Panorama de Arte Brasileira (São Paulo, Brasil), da 36a. EVA International (Limerick, Irlanda), da 32a. Bienal de São Paulo (São Paulo, Brasil) e do 5o. Skulptur Projekte (Münster, Alemanha), desenvolveu, em 2006, o ensaio fotográfico “Brasília Teimosa”, publicado em livro em 2007,  integrou a coleção Pirelli/Masp de Fotografia, e foi selecionada pelo programa Rumos Visuais, do Instituto Itaú Cultural e, em 2010, seu trabalho entrou para a coleção de fotografia do MAM-SP e foi exibido em coletivas nas galerias Luisa Strina e A Gentil Carioca (Brasil), Instituto Wyspa (Polônia), FotoTrier (Alemanha), Fesman (Senegal) e Bulegoa (Espanha).



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