(Rio de Janeiro, RJ)
A memória do ensino brasileiro é recriada por Rafael Adorján em “Desdidática”, individual que ele inaugura no Oi Futuro Flamengo nesta segunda-feira, 26 de março. Usando como base slides usados nas salas de aula do país entre as décadas de 1930 e 1960 e arquivados no antigo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), ele promove uma reflexão sobre os objetivos do projeto político-pedagógico do governo durante a Ditadura.
Criado pela Embrafilme no ano do golpe militar, 1964, e ampliado durante a vigência da ditadura, o INCE buscava produzir conteúdo audiovisual que contribuísse para o advento de uma “educação brasileira”. Ao intervir nos diapositivos originais do Instituto com sobreposições, colagens, entre outros, Adorján propõe assim uma “memória não vivenciada” de determinados elementos e episódios da história nacional, usados pela Ditadura na época para forjar uma narrativa que servisse aos seus interesses nacionalistas.
É desta “memória não vivenciada”, aliás, que vem o título da exposição. Combinando o prefixo ‘des’ à palavra ‘didática’ – estratégia inspirada na poesia do mato grossense Manoel de Barros –, Adorján subverte as lições ensinadas pelos slides. Adaptados, os novos objetos perdem portanto a ‘utilidade’ educativa dos originais.
– Ao promover a revisão de uma tecnologia de época que marcou a formação de tantos brasileiros nas escolas públicas, o trabalho de Adorján cria novos significados e narrativas em uma pesquisa que ressignifica as imagens que fizeram parte do imaginário de mais de uma geração, em um momento de adensamento e ampliação das cidades – completa o gestor de Cultura do Oi Futuro, Roberto Guimarães.
“Desdidática”, individual de Rafael Adorján
Curadoria de Alberto Saraiva
Em cartaz de 26 de março a 27 de maio de 2018
Oi Futuro Flamengo
Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
Funcionamento: ter – dom, 11h às 17h
T:(21) 3235-5815