(Rio de Janeiro, RJ)
Em julho de 2013, o pedreiro Amarildo Dias de Souza, morador da Rocinha, desapareceu depois de uma visita da PM à sua casa. No ano seguinte, em fevereiro, um adolescente negro de 15 anos foi acorrentado a um poste e espancado a olhos vistos em um bairro da Zona Sul carioca. Notícias que, se um dia pareceram chocantes, já foram há muito tragadas pelo cotidiano violento e espetacular do Rio de Janeiro.
Se depender de Matheus Rocha Pitta, porém, já passou da hora de Amarildo, o adolescente, e outros serem lembrados. As notícias ocupam três estelas – colunas ou lajes de pedra onde, nas civilizações antigas, inscreviam-se as datas importantes de uma cultura – em “memória menor”, individual que ele inaugura neste sábado, 03 de março, no MAM-Rio. Situadas na parede do fundo do foyer, as peças de 1,80m de altura cada são “bem simétricas e bem silenciosas, meditativas, e contêm uma violência muito forte dentro delas”, nas palavras do artista.
– Parece que o tempo teima em não passar ou, então, a se repetir em imagens e histórias de abuso de autoridade e violência policial e social, que resistem como fragmentos difíceis de apagar – escrevem os curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes no texto introdução à mostra. – Aqui o que temos é uma segunda chance, não só para as imagens, mas, talvez mais importante, também para o público.
Uma das “estelas” exibidas no foyer do MAM-Rio
“memória menor”, individual de Matheus Rocha Pitta
Curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes
Em cartaz de 03 de março a 22 de abril de 2018
Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio)
Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo
Funcionamento: ter – sex, 12h às 18h; sáb, dom & feriados, 11h às 18h
T: (21) 3883-5600
www.mamrio.org.br