(Groningen, Holanda e Potsdam, Alemanha)
O que arte e ciência têm em comum? Para o centro de pesquisa alemão Max Planck Society, muito. Em 2017, a instituição selecionou os brasileiros Otavio Schipper e Sergio Krakowski para um programa de residência artística nos Institutos de Colóides e Interfaces e de Fisiologia Molecular das plantas. A ideia é que os dois acompanhem o dia-a-dia de pesquisadores em laboratórios na Alemanha e Holanda para, junto deles, desenvolver uma obra capaz de aproximar arte contemporânea e pesquisa científica. O resultado – que ainda incluirá um trabalho da artista alemã Agnes Meyer-Brandis, também selecionada para a residência – será exibido em uma exposição em Berlim, na Alemanha, em setembro deste ano.
Chamado de “Stimme des Lebens” (algo como “A voz da vida”, em uma tradução livre), o projeto desenvolvido por Schipper e Krakowski evoca as supostas condições materiais que deram origem à vida na Terra. A instalação ainda deve contar com uma espécie de “paisagem sonora”, baseada em pesquisas atuais desenvolvidas pelos cientistas dos Institutos Max Planck na Alemanha e da Universidade de Groningen na Holanda.
A complexidade do projeto apresenta indícios de que esta não é a primeira incursão do duo no mundo da ciência. Graduado em Física, Schipper é conhecido por criações que misturam arte e tecnologia. Já Krakowski é não somente músico de jazz e artista sonoro, como também tem um Doutorado em Matemática. Juntos, eles vêm produzindo obras que se apoiam em técnicas como inteligência artificial, teoria musical computacional, engenharia eletrônica e neurociência.
– Realmente acredito que artistas podem contribuir para o avanço científico, um campo que depende de imaginação e criatividade para se desenvolver – afirma Schipper em uma entrevista para o catálogo do congresso “Aesthetics Get Synthetic”, do qual participou em novembro do ano passado. O evento reuniu pesquisadores, artistas e curadores cujos interesses encontram-se justamente na intersecção entre ciência e cultura. – Talvez os artistas possam ajudar as pessoas a se aproximarem do conhecimento científico propondo novas experiências pessoais e maneiras de lidar com conceitos e materiais, estimulando a nossa sensibilidade e imaginação em relação ao desconhecido.