(Brasília, DF)
Membro do Comitê de Indicação do Prêmio PIPA 2017, Ana Avelar assina a curadoria de duas individuais que estreiam na Casa da Cultura da América Latina (CAL/UnB) esta semana. Ambas “Camadas: narratividades visuais da violência”, do Coletivo Lâmina, e “Geografia da imagem”, de Diego Castro, abordam a sensação de guerra que parece ter se instaurado no espaço urbano do país nos últimos tempos. A curadora observa, porém, que a proposta das duas mostras vai além disso:
– As mostras trazem comentários sobre a situação política do país, mas não apenas isso. No trabalho do Coletivo Lâmina, que vem de São Paulo, há de fato um grande interesse por articular espacialmente as fotografias produzidas durante várias das manifestações que vêm ocorrendo desde 2013, nas ruas de todas as capitais do país, transformando isso numa grande instalação imersiva. Diego Castro tem também um viés interessado pela situação política no país e se configura, da mesma maneira, como instalação, entretanto são apresentados trabalhos nos quais a cor tem uma potência muito mais relevante.
Formado por João Mascaro e Gabriela de Laurentiis, o Coletivo Lâmina examina em “Camadas” as manifestações políticas que vêm acontecendo no Brasil desde as Jornadas de Junho. Alternando imagens de agressões policiais explícitas e implícitas em diversos meios (entre impressões caseiras e fine art, projetores, ampliadores e lanternas mágicas), a exposição constrói um panorama da atmosfera destas manifestações ao mesmo tempo em que dialoga com a história da fotografia.
Já Diego Castro parte de imagens de violência reproduzidas na mídia para construir “Geografia da imagem”. O artista interfere nas fotos originais de modo a transformá-las em uma espécie de sombra ou silhueta de si mesmas. Depois, ele as transforma em esculturas, objetos, pinturas e instalações.
Ainda uma terceira individual é inaugurada no mesmo dia que “Camadas” e “Geografia da Imagem” – as três foram selecionadas na Convocatória 2017. “Do modo de existência dos objetos” passa ao largo dos temas violentos de suas vizinhas, porém. Nela, o artista Frederico Pessoa transforma objetos cotidianos em obras de arte através de tecnologias simples. Sua ideia é questionar o lugar destas tecnologias no mundo contemporâneo, criando peças que obrigam o visitante a parar para olhar – e escutar. Veja algumas das obras exibidas nas três individuais:
“Camadas: narratividades visuais da violência”, individual do Coletivo Lâmina; “Geografia da Imagem”, individual de Diego Castro
Curadoria de Ana Avelar
+ “Do modo de existência dos objetos”, individual de Frederico Pessoa
Em cartaz de 08 de fevereiro a 25 de março
Abertura: Quarta-feira, 07 de fevereiro, às 19h
Casa da Cultura da América Latina (CAL/UnB)
SCS Quadra 4, Edifício Anápolis
Funcionamento: seg – sáb, 12h às 20h
T: (61) 3107-7963/7966
cal@unb.br