O Prêmio PIPA acredita que uma das grandes funções da arte (e, portanto, dos artistas) é a de servir como um “termômetro” social, ajudando a salientar questões urgentes e a construir um debate relevante e de boa fé em torno delas. Assim, se servimos como veículo para trazer à tela questões relevantes e concretas, por mais diversas que sejam, estamos realizando nosso papel. Afinal, o primeiro passo para resolver um problema – em especial um problema tão pungente no Brasil como o racismo – é reconhecê-lo e discuti-lo.
Empreendemos nossos melhores esforços para verificar a origem e legitimidade dos votos no PIPA Online 2017 e não identificamos perfis fictícios, robôs ou indícios de grupos racistas entre os eleitores. A categoria, que acontece integralmente na internet em dois turnos, reconhece a identidade dos votos por endereço de IP e perfil no Facebook, as maneiras mais seguras que identificamos para realizar uma votação online. A verdade, contudo, é que a capacidade final de verificar a autenticidade e identidade dos membros do Facebook ou qualquer outra mídia social de forma definitiva (e seu pertencimento ou não a grupos organizados de discriminação) está muito além da nossa capacidade, dependendo não só das plataformas como também das operadoras de telecomunicação e autoridades.
Avaliar e punir eventuais manifestações extremistas e criminosas feitas em mídias ou lugares fora de nosso controle deve ser enfrentada por todos no dia a dia e em última instância pelas autoridades competentes. Foi algo deplorável o que aconteceu e medidas serão tomadas para que não aconteça no futuro. O Prêmio PIPA vem, manualmente, denunciando cada um dos comentários ofensivos que encontrou em sua página do Facebook. Ele não tem, porém, meios ou a responsabilidade de punir os eleitores de uma competição aberta online, em especial considerando-se que não encontramos provas concretas de que os votantes pertencem a grupos racistas.
Aproveitamos a oportunidade para ressaltar o compromisso do Prêmio PIPA com a criatividade, diversidade, a liberdade de expressão, o poder da comunicação e das artes em especial para identificar questões e tensões concretas e seu absoluto repúdio a toda e qualquer atitude racista e discriminatória de qualquer espécie. Vale lembrar que, em 2016, o vencedor do Prêmio PIPA e do Prêmio PIPA Voto Popular Exposição foi o artista cafuzo (descendente de negros e indígenas) Paulo Nazareth, e na categoria PIPA Online os vencedores foram os indígenas Jaider Esbell e Arissana Pataxó.
O Prêmio PIPA repudia o racismo.