(São Paulo, SP)
Conexões parciais entre seres imortais, formas de sexualidade não-reprodutiva, inteligência artificial e processos de cura são alguns dos assuntos abordados por “O Corte Telomérico”, do indicado ao Prêmio PIPA em 2016 e 2017 Felipe Meres. Com abertura amanhã, dia 25 de maio, a primeira individual do artista na Mendes Wood DM entrelaça o desejo científico e as matérias indeterminadas que incessantemente escapam de alcance em diversos trabalhos inéditos.
O ponto de partida da exposição é a série de micrografias eletrônicas em que Meres captura o processo de cortar e regenerar planárias hermafroditas. Resultado de um experimento de um ano que demandou cuidado e observação diária dos padrões regenerativos sexuais e assexuais de planárias, essas imagens abstraem e ampliam estes animais imortais em paisagens eletrônicas elusivas. Meres trabalhou com engenheiros eletrônicos na Columbia University para produzir as imagens através de um processo microscópico que utiliza elétrons, ao invés de fótons, como fonte de informação, respondendo assim à fobia que planárias sentem à luz. As micrografias resultantes são processadas através de um software de modelagem 3D e materializadas em impressões de pigmento em substratos metálicos e orgânicos. Encontrando- se promiscuamente em uma zona de contato entre abstrações e documentos objetivos, estes trabalhos expandem a exploração de Meres sobre a performatividade de imagens científicas.
O filme do qual deriva o título da exposição se desenvolve como um encontro ritualístico e libidinosamente carregado entre a luz branca difratada, platelmintos imortais e inteligência artificial. Cenas dos experimentos de corte e regeneração de Meres servem de engrenagem para meditações sobre regeneração, junto a anseios por intimidade e cura, estabelecendo uma espécie de cântico que traça o movimento da linguagem se desfazendo. Partindo de descobertas recentes sobre a relação direta entre a capacidade regenerativa de uma célula e o comprimento de seus telômeros (tampas nas extremidades dos cromossomos que impedem o desgaste do material genético e previnem as moléculas de DNA de se fundirem umas às outras), o filme elabora um panorama dissonante das esperanças e medos que a busca pelo controle da regeneração evoca.
“O Corte Telomérico”, individual de Felipe Meres
Em cartaz de 25 de maio a 29 de julho de 2017
Abertura: Quinta-feira, 25 de maio, de 19h às 22h
Mendes Wood DM
Rua da Consolação, 3368
Funcionamento: seg – sáb, 10h às 19h
T: (11) 3081-1735
info@mendeswooddm.com