(Rio de Janeiro, RJ)
Finalista ao Prêmio PIPA 2016, Luiza Baldan passou quase nove meses navegando pela Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Duas vezes por semana, a artista subia a bordo de um barco responsável por monitorar o lixo sobre a água. Foi da Urca até a Ilha do Governador, do Aterro até Niterói, visitando, entre outros destinos, as ilhas de Jurubaíba, Paquetá e Pombeba. “Foi um privilégio estar na Baía de Guanabara, fora do roteiro habitual das barcas”, ela diz.
O resultado de suas constantes idas e vindas pode ser conferido em “Estofo”, que ela inaugura às 19h desta quinta-feira, 16 de março, na Anita Schwartz Galeria de Arte. Com título oriundo de um jargão náutico – “estofo” corresponde ao período em que não há corrente de maré –, a individual reúne uma videoinstalação, um texto da artista e uma carta náutica, além de fotogravuras e suas matrizes. Obras que, de acordo com a artista, correspondem a “uma profunda imersão, um mergulho” na Baía de Guanabara, ainda que “sem nunca ter enfiado o corpo inteiro n’água”.
A exposição é uma espécie de desdobramento de “Derivadores”, que Baldan realizou em parceria com Jonas Arrabal em 2016. Publicado pela Automatica Edições, o projeto consistia na instalação de câmeras pinhole em derivadores, boias oceânicas rastreáveis espalhadas pela Baía. Um local que, para Luiza, tem grande importância: porta de entrada dos descobridores portugueses no Rio de Janeiro, a baía oceânica está presente “na vida de todos, embora talvez sem que tenham noção desta grandeza”.
“Estofo” não é o primeiro projeto de caráter imersivo do qual a artista participa. Desde 2014, com o projeto “Perabé” (que a artista apresentou na Exposição dos Finalistas ao Prêmio PIPA do ano passado), ela tem se dedicado a projetos de longa duração, que possibilitam certa imersão em seus objetos de estudo – em geral, questões relacionadas à história, geografia, arquitetura e urbanismo. A aparente dureza dos assuntos contrasta com o tom poético das obras da artista. Sobre o assunto, ela conta, em uma entrevista a Luiz Camillo Osorio para o Prêmio PIPA: “A poesia é o que me permite trabalhar com bases sólidas e demasiadamente reais. […] A poesia é a evasão, é o que me permite fabular, é o que escapa e o que transforma.”
Assista à video-entrevista da finalista ao Prêmio PIPA 2016 Luiza Baldan:
“Estofo”, individual de Luiza Baldan
Em cartaz de 16 de março a 18 de abril de 2017
Abertura: Quinta-feira, 16 de março, às 19h
Anita Schwartz Galeria de Arte
Rua José Roberto Macedo Soares, 30 – Gávea
T: (21) 2274-3873/ 2540-6446
Funcionamento: seg – sex, 10h às 20h; sáb, 12h às 18h
galeria@anitaschwartz.com.br