(Rio de Janeiro, RJ)
Uma loja pop-up. É nisso que a Galeria Cavalo se transforma nesta quinta-feira, 1o de dezembro, a partir das 18h. Àqueles que já se preocupam com a possível gentrificação do bairro, não temam: a loja faz parte de uma estratégia à serviço da nova exposição da galeria, “The Unique Institutional Critique Pop-Up Boutique”. Apresentando obras-objetos (bolsas, camisas, bonés, livros) criados pelos artistas Adriano Motta, Marcelo Cipis e Marta Neves – os três já indicados ao Prêmio PIPA –, além de Alvaro Seixas e Jonas Lund, a ideia da mostra é questionar as estruturas que definem o meio e o mercado da arte, perguntando: O que é originalidade? Qual é o valor da escassez na arte? Até onde um artista pode se distanciar das instituições do sistema para criar e controlar o valor de suas obras?
Felipe Pena, um dos sócios da Cavalo, conta que a proposta de criar uma loja temporária dentro da galeria surgiu em uma tentativa de tirar a neutralidade característica desse tipo de ambiente. “É uma ideia que encontra pares em lojas como a Pop-Shop de Keith Harring, assim como trabalhos como o “Musée d’Art Moderne, Département des Aigles, Section des Figures” de Marcel Broodthaers”, conta, referindo-se a uma instalação do artista belga que, exibida pela primeira vez em sua própria casa, em 1968, denunciava como os objetos podiam ou não se inscrever na lógica do mercado e instituição artísticos apenas pela maneira como eram expostos – uma polêmica que, de certa maneira, lembra o caso recente dos óculos deixados no chão do novo SF MoMA. Também o nome da exposição, “longo, confuso, ironicamente em inglês e rimado”, de acordo com Pena, reflete uma crítica institucional: “É quase o mais anti-publicitário que conseguimos imaginar.”
Entre as obras expostas, suportes corriqueiros de obras de arte, como vídeo-instalação e pintura, convivem com objetos de consumo tais quais quadrinhos, cartões-postais ou bolsas, caso da série “Sem título (de nobreza)” (2015), de Marta Neves, que desconstrói logotipos de instituições de arte. “The Unique Institutional Critique Pop-Up Boutique” conta ainda com uma exposição dentro da exposição, a “Open Call Club”, do sueco Jonas Lund, que conta com trabalhos de 44 artistas selecionados através de uma chamada online. Lund, porém, não teve nada a ver com o processo de curadoria: a seleção das obras foi inteiramente feita através de um algoritmo que, invertendo as tendências costumeiras das galerias cariocas, favoreceu, por exemplo, artistas do sexo feminino ou não definido em detrimento dos artistas masculinos.
A exposição também é um marco de aniversário da Cavalo: em janeiro, eles completam um ano de existência. Pena, que comanda o espaço ao lado de Ana Elisa Cohen, é otimista quanto ao futuro da galeria. “É uma trajetória que está começando, mas cheia de planos e projetos inusitados para os próximos anos.”
Veja, abaixo, algumas das obras-produtos que participam de “The Unique Institutional Critique Pop-Up Boutique”:
“The Unique Institutional Critique Pop-Up Boutique”, com Adriano Motta, Alvaro Seixas, Jonas Lund, Marcelo Cipis e Marta Neves
Em cartaz de 1o de dezembro de 2016 à 21 de janeiro de 2017
Abertura: quinta-feira, 1o de dezembro, de 18h às 22h
Galeria Cavalo
Rua Sorocaba, 51
T: (21) 2267-7654
Funcionamento: ter–sex, 12h às 20h; sáb 13h às 17h
info@galeriacavalo.com